Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, a depressão é considerada como o mal do século, isso porque estima-se que, pelo mundo, haja cerca de 350 milhões de pessoas, englobando todas as idades, que sofrem desse transtorno.

A depressão (CID 10 – F33), transtorno depressivo recorrente, é uma doença psiquiátrica que gera, para o indivíduo, um significante abalo em termos emocionais, caracterizado por uma tristeza constante, além da perda pelo interesse em desenvolver atividades cotidianas, falta de apetite e pode, até mesmo, levar o indivíduo a cometer suicídio.

Esse quadro, mais do que enfatiza, com grande clareza, a real necessidade de um acompanhamento especializado direcionado tanto para o diagnóstico, quanto para o tratamento que visa o restabelecimento mental do paciente.

O QUE A DEPRESSÃO NÃO É?

  • Não é sentir-se triste por alguns dias
  • Não é frescura
  • Não é falta de religiosidade
  • Não é falta do que fazer
  • Definitivamente, não é uma escolha

O QUE É PRECISO SABER SOBRE A DEPRESSÃO:

  • A depressão pode afetar qualquer pessoa, sendo homens ou mulheres, jovens, crianças ou idosos.
  • Seus sintomas podem gerar consequências não somente mentais, como físicas.
  • Ela é uma doença crônica e recorrente.
  • Em casos mais sérios, a depressão pode levar ao suicídio.
  • A depressão pode ou não ser desencadeada por fatores de grande impacto.
  • Seu diagnóstico e grau de severidade é diagnosticado pelo psiquiatra ou psicólogo.
  • O tratamento é fundamental para melhora do paciente.
  • A depressão é mais comum entre as mulheres do que nos homens.
  • Os familiares e amigos são fundamentais para o reconhecimento dos sintomas além de fornecerem apoio.

NÚMEROS DA DEPRESSÃO NO BRASIL E NO MUNDO

Segundo dados da OMS os números, relacionados a depressão, aumentaram drasticamente nos últimos 18 anos, tendo inclusive o Brasil como maior percentual de pessoas com a doença na América Latina.

350 Milhões

Número aproximado de pessoas afetadas pelo transtorno no mundo.

18%

Crescimento dos casos em relação a 18 anos atrás.

4,4%

Percentual de pessoas com depressão em todo mundo.

11,5 milhões

Número de pessoas atingidas no Brasil, cerca de 5,8% dos brasileiros.

1 trilhão

Estimativa de perda econômica anual, em virtude dos problemas gerados pela depressão.

800 mil

Número de pessoas, aproximadamente, mortas em função do suicídio.

20 a 40 anos

Idade mais frequentemente atingida pela doença.

70%

Casos de ansiedade crônica que acabam desenvolvendo depressão.

5,1%

Mulheres afetadas em todo o mundo.

3,6%

Homens afetados em todo o mundo.

PRINCIPAIS CAUSAS DA DEPRESSÃO

Genética: Acredita-se que o histórico familiar contribui para o desenvolvimento da doença;
Dor e perda: O luto, pode tornar-se um gatilho capaz de catalisar o sentimento de tristeza e dar origem a depressão;
Solidão: A falta de relacionamentos interpessoais, sobretudo relacionados a amigos e família pode contribuir para origem dos sintomas;
Traumas: Abusos físicos e emocionais são propícios para o desenvolvimento de sintomas futuros;
Problemas financeiros: Acúmulo excessivo de estresse, aliados a fatores como desemprego ou problemas no emprego;
Problemas conjugais: Término de relacionamentos ou relacionamentos conturbados;
Depressão pós-parto: Problema que afeta algumas mulheres devido às transformações hormonais, físicas e novo direcionamento de vida;
Alimentação e atividades físicas: Uma alimentação pobre em vitaminas, alto consumo de açúcar associada a falta de exercícios físicos contribuem para o aparecimento dos sintomas;
Substâncias químicas: Uso de drogas e, até mesmo, exacerbado de certos medicamentos podem contribuir para origem dos sintomas.

PRINCIPAIS SINTOMAS

Os sintomas, associados à depressão, podem manifestar-se de diferentes maneiras e com diferentes intensidades, onde não só a idade e o sexo exercem influência, mas também o âmbito cultural em que o indivíduo está inserido.

Diferente do que podemos presumir, os efeitos causados pela depressão atingem não somente aspectos psicológicos e emocionais, gera também diversos problemas de caráter fisiológico.

Devemos estar atentos a frequência pela qual são apresentados esses sintomas, a intensidade e, acima de tudo, procurar um profissional capacitado para realizar o diagnóstico. Segue alguns dos principais sintomas presentes na depressão.

SINTOMAS PSICOLÓGICOS

  • Humor depressivo ou irritabilidade severa
  • Sentimentos de incapacidade
  • Pessimismo, culpa exacerbada e baixa autoestima.
  • Falta de sentido na vida, desmotivação e sentimento constante de fracasso
  • Dificuldade em tomar decisões
  • Ansiedade e preocupação persistentes
  • Inabilidade de obter prazer e felicidade através de atividades que antes propiciavam isso
  • Pensamentos ligados a autoflagelação ou até mesmo de suicídio
  • Chorar frequentemente
  • Dificuldade em concentrar-se e exercer atividades cognitivas cotidianas
  • Sentir ódio de si mesmo

SINTOMAS FÍSICOS

  • Diminuição da libido, além da redução do desempenho e prazer gerado pela atividade sexual
  • Reflexo e movimentação reduzidos
  • Alterações nos hábitos alimentares, levando ao ganho ou perda drástica de peso
  • Prisão de ventre, flatulência excessiva além de outros problemas estomacais
  • Insônia
  • Fadiga e falta de energia, até mesmo para realizar atividades simples do cotidiano
  • Inquietação
  • Dores musculares nas costas, braços e pernas e também dores de cabeça
  • Alteração no ciclo menstrual
  • Maior propensão em desenvolver quadros inflamatórios.

IMPACTOS SOCIAIS

  • Baixo rendimento no trabalho
  • Dificuldade em manter relações interpessoais, até mesmo com amigos
  • Desinteresse em atividades que propiciavam felicidade e prazer
  • Problemas familiares e conjugais.

Lembrando que a intensidade, bem como a quantidade de sintomas e a forma como eles se manifestam, podem apresentar-se de diferentes maneiras, variando de pessoa para pessoa.

Mas independente disso, o indivíduo deve considerar a busca por especialistas, pois trata-se de um sério transtorno capaz de gerar graves consequências, culminando até mesmo em sua morte.

TIPOS DE DEPRESSÃO

Realmente, trata-se de um grande número de sintomas, que podem manifestar-se em conjunto e com diferentes graus de intensidade. Devido a extensão do modo em que o transtorno se apresenta, foram criados tipos para contribuir com sua classificação e até mesmo com o tratamento, os mais comuns são:

Clássico tipo de depressão onde a pessoa, normalmente, apresenta os sinais mais comuns relacionados à doença como; tristeza profunda, perda ou ganho de peso, irritabilidade, dificuldade para dormir, falta de energia. Pode ou não ocorrer pensamentos relacionados a suicídio.

A pessoa com transtorno bipolar, normalmente, apresenta uma fase inicial, denominada maníaca-depressiva. Nessa fase inicial o indivíduo vivencia sintomas do extremo oposto a depressão, onde possui humor e alegria exacerbados, autoestima surrealista, grandiosidade, além de outras que inflam de modo exagerado seu estado de espírito, gerando, muitas vezes, um comportamento auto-destrutivo seguido por um período de depressão.

Também chamado de distimia, ocorre de forma menos abrangente do que a clássica, porém tem um período de duração de ao menos 2 anos. As pessoas conseguem desenvolver suas atividades cotidianas, mas com menos energia, apresentam baixa autoestima e possivelmente problemas relacionados à alimentação.

Ocorre na medida em que os dias tornam-se mais curtos, no outono e inverno, onde a exposição ao sol é menor. As mudanças, que impactam o humor, provocam alterações no ritmo natural do corpo devido ao funcionamento do neurotransmissor serotonina e do hormônio melatonina.

Pessoas que sofrem com sintomas de elevado grau em se tratando da intensidade, podem apresentar comportamentos psicóticos como alucinações e delírios.

Como o próprio nome já diz, associa-se a inalação, ingestão, ou injeção de medicamentos ou substâncias, onde, a partir de seu uso, desenvolvem os sintomas da depressão que persistem além dos efeitos gerados ou do período de abstinência.

Pode ocorrer durante o período de gestação ou em até 12 meses após o parto. A mulher pode apresentar sintomas da depressão clássica em maior ou menor intensidade podendo gerar grandes problemas não somente a ela mas também ao bebê. Estima-se que ocorre em uma a cada sete mulheres.

Também específico do sexo feminino, é uma forma intensa e grave da TPM.

A importância em separar e classificar os tipos, que a depressão ocorre, incide na justificativa de que a separação é fundamental para instaurar um tratamento adequado, visto que ele se difere de acordo com o tipo de transtorno apresentado.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

DIAGNÓSTICO

Na primeira suspeita de um quadro depressivo, a pessoa deve buscar, na figura do psicólogo ou psiquiatra, o diagnóstico que será fundamental para o início do tratamento. Para tal são realizados alguns exames médicos e psicológicos, a fim de descartar possibilidades provenientes de outras patologias.

É essencial que haja, por parte do indivíduo, uma aceitação acerca de seus problemas, bem como sua vontade de reabilitação mental. Só assim as medidas tomadas para o tratamento serão verdadeiramente eficazes.

Os exames normalmente são:

Exames físicos: Esses exames, iniciais, não vão fazer com que o médico descubra se o paciente possui ou não o transtorno, mas serão fundamentais no sentido de descartar outras possibilidades óbvias, de origem física que são comumente associadas aos sintomas de depressão.
Exame Laboratorial: São responsáveis por identificar possíveis causas da depressão, como a presença de problemas com a tireóide, além de ser possível observar baixos níveis de uma molécula chamada acetil_L_carnitina, conhecida como ALC, onde estudos recentes mostram sua grande influência nos casos em que incidem o transtorno.
Exame psicológico: É onde o profissional, capacitado em saúde mental, irá realizar uma avaliação acerca dos sintomas apresentados e através da correlação entre os demais exames estará apto a concluir o diagnóstico do caso.
Diagnosticado o transtorno é iniciado o tratamento, tomando as medidas cabíveis em função da gravidade em que se manifestam os sintomas e o tipo de transtorno apresentado.

TRATAMENTO

É de suma importância, em casos de depressão, buscar um especialista em saúde mental para diagnosticar e tratar o transtorno. Tendo em vista a ótica do tratamento, existem duas peças fundamentais para reabilitação do paciente. São elas representadas pelo psicólogo e o psiquiatra, onde a aplicabilidade de suas funções se tornam complementares no processo de melhora do paciente.

PSICÓLOGO

  • Geralmente é a figura em que o paciente tem o primeiro contato.
  • Aplica a psicoterapia¹, responsável por identificar e tratar as causas da depressão.
  • Tem a função de encaminhar ao psiquiatra em casos onde avalie a necessidade da inclusão de medicamentos no tratamento.
  • Trata os sintomas através de uma ótica voltada para os fatores comportamentais e emocionais.
  • Pode diagnosticar a presença do transtorno.

PSIQUIATRA

  • É o principal responsável pelo diagnóstico da depressão.
  • Pode aplicar processos terapêuticos, porém de menor abrangência.
  • Atua, dominantemente, sob a ótica biológica.
  • Pode prescrever remédios que vão auxiliar no tratamento do transtorno.
  • É indicado sua procura, sobretudo em casos mais graves da doença.

Psicoterapia

Termo aplicado para terapias de caráter psicológico. São utilizadas técnicas e procedimentos, realizados por psicólogos, para lidar com problemas de origem emocional, cognitiva e comportamental.

 

É válido ressaltar que os tratamentos podem ser realizados em conjunto, havendo harmonia entre eles o tratamento tende a tornar-se mais eficaz.

Devemos ainda salientar que o apoio de amigos e familiares é muito importante no processo de recuperação.

Aliados aos procedimentos médicos e terapêuticos, adotar novos estilos de vida, mais saudáveis, exercem uma grande contribuição no desenvolvimento do tratamento, sendo eles:

  • Prática de exercícios
  • Alimentar-se de forma saudável
  • Dormir melhor
  • Estar em conjunto com pessoas que lhe fazem bem
  • Gerir de forma organizada suas atividades cotidianas
  • Realizar atividades ao ar livre, lembrando a importância do sol no que diz respeito à produção de melatonina e serotonina.
  • Evitar o uso de álcool e substâncias químicas que podem intensificar os sintomas.

Quando é realizado, de forma adequada, o tratamento, torna-se possível, na maioria dos casos, uma melhora significativa para o quadro do paciente. Estima-se que em 80% dos casos, onde o tratamento é instaurado, a pessoa desenvolve uma melhoria considerável.

É válido também informar que, no âmbito da saúde mental ainda existem certos preconceitos, em virtude de correlações errôneas, que atrapalham não somente no tratamento mas também no diagnóstico do transtorno.

SEJA O FOCO

Você também é responsável por si mesmo. Não existem grandes perspectivas, no que diz respeito a reabilitação de pessoas com depressão, em casos onde a pessoa não aceite ou queria tratar a doença.

Depressão é algo sério, capaz de gerar graves disfunções de caráter físico e psicológico. Não se abstendo disso ela pode levar a morte.

Portanto, por mais que haja contribuição e apoio de amigos, familiares, sociedade e estado, a pessoa deve não somente reconhecer seu problema, mas se prontificar a querer combater esse mal. São mais 320 milhões de pessoas que lutam diariamente contra a depressão. Lembre-se, você não está sozinho.

Créditos ao canal World Health Organization (WHO)