Na primeira semana de janeiro, o mundo todo ficou atônito com a notícia do massacre no jornal francês, “Charlie Hebdo”. 12 pessoas foram mortas, sem nenhuma chance de defesa. E resta uma só pergunta: por quê?
Seriam as charges da publicação, marcada pela irreverência, sem filtro, merecedora deste tipo de censura tão atroz e radical? Será que os limites do respeito e do bom senso foram mesmo ultrapassados? E será que as mortes e agressões, a ambos os lados, não poderiam ter sido evitadas?
Muitas são as questões a serem respondidas. Porém, para mim, por mais racionais que possam ser estas respostas; não existe nada que possa justificar tudo que aconteceu antes, durante e o que virá depois do fatídico dia no Charlie. Atribuir o fato aos terroristas, aos muçulmanos,
às charges, aos cartunistas e jornalistas não responderá a lacuna ou diminuirá a dor da perda daqueles que se foram ou mesmo diminuirá o ódio dos que ainda se sentem feridos.
A Importância do Respeito Às Diferenças
Acredito, verdadeiramente, que por traz de todas as teses e hipóteses levantadas, existe um elemento fundamental, que esteve e tem estado constantemente ausente, e que poderia ter salvado e mudado a história de todos os envolvidos – O Respeito Às Diferenças!
Acreditamos naquilo que faz mais sentido para nós, não é mesmo? No caso do jornal Charlie, o atentando evidenciou para todos, dois mundos divididos por aqueles que acreditam, em mesmo grau, que um lápis e uma metralhadora são suas armas de expressão. Por isso, estas pessoas às escolheram para darem os seus recados ao mundo. Entretanto, nem todos aceitam!
Acredito que pessoas que comungam dos mesmos preceitos, vivem em harmonia. Assim como também acredito que pessoas que pensam de modo diferente, quando se respeitam e respeitam a liberdade de opinião do outro; também podem viver em paz.
O que podemos perceber, com o atentado, é que não houve; de nenhum dos lados em questão, uma abertura para entender e respeitar, sem julgamentos, o jeito de ser do outro. De uma parte e de outra existem muitas crenças e formas distintas de compreender, viver a vida e, especialmente, uma total falta de abertura, de ambos, para buscar entender e respeitar a identidade religiosa/social/ política e cultural do outro.
Não existe cultura, sociedade ou religião perfeita. É isso que devemos ter em mente. Por isso, todos; independente de: credo, posição econômica, localização geográfica, merecem ser respeitados e, não julgados e condenados, sumariamente, por ser quem são e como são.
Mulçumanos, judeus, católicos ou ateus… Independente de qualquer nomenclatura ou da forma de manifestar a fé, de falar ou de se vestir, é importante sabermos que nenhum é melhor ou pior. Estas são apenas formas distintas, amparadas por um desejo, uma intenção em comum: a de expressar, livremente, o direito de ser quem se é; na essência.
Quem ainda não aprendeu a honrar e respeitar a história do outro, também não pode entender o que representa respeitar e honrar a si mesmo. Somos todos seres humanos, com sentimentos, emoções, sensações, crenças, pontos fortes, de melhoria, sonhos, desejos, expectativas.
Nenhum outro ser humano, em morte ou em vida, pode tirar de outro ser humano, a vida, a possibilidade de existir, de sentir, de descobrir, de se expressar, de ousar ir além e buscar fazer um mundo melhor, diferente.
Pense nisso e reflita ainda melhor antes de ofender e magoar uma pessoa, simplesmente, por não ser capaz de respeitar suas diferenças. Coloque-se no lugar do outro e tente compreendê-lo.
Se você conseguir respeitar o seu modo de ser, com certeza, aprenderá a respeitar a si mesmo e já estará construindo um caminho mais fraterno, com mais amor, perdão e respeito à diversidade.