Segundo Hugh Sherman, PhD e atual reitor da Faculdade de Administração da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, a Liderança Estratégica está mudando nas empresas. Por isso, neste poderoso artigo, compartilho com você alguns insights sobre este assunto, que ganha cada vez mais destaque no universo corporativo.
Entre muitos temas abordados por Sherman, em sua sessão, dentro do Seminário de Liderança e Coaching, realizado de 30 de agosto a 05 de setembro, de 2015, na cidade de Athens – Ohio (onde tive o prazer de estar presente) está o Case da Seiko/ Swatch.
A empresa de relógios, do Japão, foi além quando percebeu que seus clientes queriam usar de relógios mais inovadores, fizeram suas mudanças e superaram os famosos relógios suíços, cuja marca era a mais tradicional da época. Por isso, com o crescimento das empresas japonesas, na década de 60; em 1970, a Swatch, marca suíça, criadora dos relógios, do modelo quartzo, estava quase falida.
A decadência da empresa, pertencente ao “The Swatch Group”, veio depois que os japoneses tomaram a ponta do mercado. E isso aconteceu porque os suíços ficaram estagnados e duvidaram que as empresas da “terra do sol nascente” pudessem superá-los. Ledo engano!
A Reviravolta da Swatch
Entretanto, para evitar que a Swatch fosse completamente à bancarrota, o governo suíço, em conjunto com alguns bancos locais, decidiram investir pesado para recuperar a história e reputação de seu relógio mais famoso. Com isso, em 1980, a empresa reagiu e atingiu o ponto alto de sua popularidade, nos Estados Unidos, ao abrir várias “Swatch Stores”, lojas cujo objetivo principal era vender os relógios da marca.
Para reverter à situação, imposta pela Seiko, o diferencial da Swatch foi mudar e criar relógios com forte apelo estético e que chamavam a atenção dos clientes pela forma de destacar o produto. Coloridos e divertidos, os modelos utilizam em suas estampas diversos símbolos, muitos deles ressaltando ícones culturais conhecidos.
Os modelos caíram tanto no gosto dos consumidores, que na década de 1980, a moda era usar, simultaneamente, não um, mas dois relógios Swatch, e também uma munhequeira. Assim, além de mudar sua estratégia, buscar entender o que seu cliente realmente queria e evoluir o conceito de seu negócio, a Swatch também começou um movimento de parcerias com grandes artistas da época.
Isso conferiu, novamente, prestígio à marca, que expandiu sua atuação e deixou de ser uma referência de moda, exclusiva para os jovens, ganhando assim, maior diversificação de público. Atualmente, o Swatch permanece líder, ou seja, a maior companhia do mundo no segmento relojoeiro.
A expansão do negócio foi consolidada pela compra de marcas de luxo, a exemplo de: Breguet, Omega, Tissot, Calvin Klein e Mido, e hoje seus relógios se tornaram tanto objetos de moda como também de desejo. Os modelos seguem, hoje, diferentes conceitos, são assinados por vários artistas conhecidos, que criam produtos especiais, diferenciados com linhas e coleções fixas e sazonais (lançadas apenas em períodos específicos).
Quando a Estratégia Faz a Diferença
Ao ler o case da Swatch, podemos perceber que o diferencial da companhia foi adaptar-se e mudar suas estratégias. E essa deve ser a perspectiva de uma equipe top de gestão. Existem características comuns de liderança, indiferente da empresa. O nível mais avançado na hierarquia determina o estilo de gestão de processos da organização que serão adotados. Vou apresentar esta perspectiva.
A elite de uma organização faz o que chamamos de: Estratégia e, isso inclui que tipo de profissionais você quer contratar e os sistemas de incentivos que vai utilizar. Por isso, tudo o que fizer tem que ser congruente com as estratégias que deseja adotar e com a forma que deseja posicionar sua empresa no mercado.
Esse artigo convida você a agregar e ampliar uma perspectiva diferente de estratégia corporativa. Gosto de usar a General Eletric, como exemplo. O motivo de ser interessante é porque esta companhia é uma potência mundial e está avaliada em mais de 800 bilhões de dólares.
De 1980 para cá apenas dois líderes comandaram a empresa e, estes dois gestores implantaram diferentes estratégias. Quero usar este ambiente de mudança para tirarmos lições desta experiência e refletirmos sobre as melhores práticas de liderança estratégica para hoje em dia.
Poderíamos usar empresas de sucesso e, que não são tão gigantescas, a exemplo da Embraer, ou mesmo outras que não deram certo, como, por exemplo, os conglomerados do empresário Eike Batista, dono do Grupo EBX. O CEO cometeu uma série de erros estratégicos, não assumiu suas falhas, terceirizou os problemas de suas empresas, o que culminou numa das piores derrocadas corporativas dos últimos tempos.
A Importância de Tomar Decisões Estratégicas
A Empresa Brasileira de Aeronáutica – Embraer é uma das maiores fabricantes, do mundo, de aviões: comerciais, executivos, agrícolas e militares. A organização possui uma receita estimada em mais de 12 bilhões de reais e ocupa a quarta posição no setor, um lugar abaixo de sua principal concorrente, a canadense Bombardier.
Entretanto, estar em quarto lugar não é nenhum demérito. A colocação faz parte de uma importante estratégia da Embraer, que optou por focar seus esforços em sua consolidação no mercado de aviões executivos e de defesa. Com isso a empresa preferiu reduzir os investimentos no mercado de aeronaves comerciais (onde a concorrência internacional é infinitamente maior).
Com essa mudança de estratégia, em 2012, a empresa foi a que mais cresceu em seu segmento no Brasil, alcançando uma progressão de 17,6% em relação ao ano anterior. Com isso, seu valor de mercado, em março de 2015, chegou à casa dos 19 bilhões de reais. Com certeza, esse é um bom exemplo de mudança de estratégia e foco.
Para aprofundarmos ainda mais a compreensão da estratégia também podemos citar os exemplos da Starbucks e do Walmart. A Starbucks trabalha a experiência que o cliente tem dentro do seu espaço. Você vai lá não só para beber café, mas sim para ter um ambiente, para ter uma experiência… Sabores e cheiros fazem parte de toda estratégia que eles utilizam para tocar os clientes.
Recentemente, há seis meses, aproximadamente, a Starbucks implantou em 20 lojas, dos Estados Unidos, uma nova estratégia e começou a vender cervejas e vinhos. O convite agora é para que os clientes usem seu espaço, para depois do trabalho e antes de ir para casa, degustar essas bebidas.
Quando o assunto é Walmart podemos dizer que seu diferencial desta multinacional americana é ter como estratégia: vender mais barato (“Walmart é pagar menos. É viver melhor”). Para isso, eles buscaram reduzir os preços de seus produtos, no mundo inteiro, em 1% ou 2%.
Por isso, os demais varejistas sabem o quanto é difícil competir com o Walmart, que se tornou líder mundial ao desenvolver uma estratégia onde prioriza o menor preço. Com isso, o Walmart se tornou uma empresa incrível e um gigante no que faz.
Porém, nem tudo são flores, os americanos também são conhecidos por oferecer salários sem nenhum benefício médico para os seus funcionários. Mesmo com esse lado ruim, eles conseguiram baixar o preço no mundo inteiro. VENDER MAIS BARATO, essa é a grande estratégia!
Estes exemplos nos trazem grandes reflexões sobre qual deve ser a estratégia de nossa empresa. Onde vamos competir? No que vamos apostar? Com quais setores que estamos concorrendo? Como podemos nos destacar?…
Existem Dois Níveis da Estratégia:
- Escolher onde vou competir;
- Decidir como vou competir.
Tudo é uma questão de decisão. Quando você fala é isso que vamos fazer, quando faz uma escolha, logicamente, você está excluindo outras opções. E, ao fazer estas escolhas, temos que tomar decisões, alocar recursos financeiros, planejar, contratar os melhores profissionais e colocar tudo dentro de uma estratégia.
Se as pessoas querem focar em marketing, precisamos investir mais dinheiro nesta área. No caso dos relógios suíços Swatch, os líderes da alta gestão eram especialistas em marketing. O consumidor é influenciado pelo marketing. A empresa faliu (1970) porque não viu o que os consumidores queriam, mas partir daí, com novos gestores que entendiam como influenciar o cliente, aprendeu a mudar de estratégia.
A operação que é importante, o presidente tem que tomar a decisão com base em informações sólidas. Você pode explicar o que está fazendo, mas muitos não vão aceitar novos caminhos que a empresa vai tomar. Mesmo que faça tudo o que puder, para convencer que essas pessoas são importantes, se elas não têm identificação com a empresa, não vão ficar.
No Walmart, a estratégia é diferente. Quando você entra numa loja de atendimento vip, por exemplo, deseja ser chamado por seu nome, receber um contato para informar sobre um produto e ter um atendimento personalizado. O Wallmart quer o preço baixo e eles definem o atendimento ao cliente como conveniência.
A mensagem é: “Venha para a nossa loja que nós temos uma infinidade de produtos para você”. Oferecemos estacionamento e estamos abertos até a meia – noite. Eles não definem dar um bom salário para um vendedor. Contratam vendedores com salários menores e sem benéficos.
Querem vender a preços baixos. Uma loja para clientes vip tem outra estratégia e procura oferecer um excelente atendimento ao cliente. No Wallmart não, porque não tem identificação com a estratégia deles o atendimento personalizado, o NEGÓCIO É VENDER BARATO.
Quando falamos de negócio, temos baixo custo ou como a Apple oferecer produtos mais caros, porém diferenciados e inovadores. Na estratégia corporativa devemos saber em quais tipos de produtos vamos investir. Falando da Procter Gamble… Eles têm foco no mercado de alimentos, produtos de higiene e limpeza e, assim como a General Eletric, são bastante diversificados em seus produtos e serviços.
Outra empresa de origem americana, a Berlitz Idiomas, começou tendo como foco oferecer aulas apenas o ambiente de sala de aula. Você se matriculava na escola para aprender uma nova língua, entretanto, à demanda e às vendas começaram a cair.
Para reverter esta situação, contrataram um representante corporativo para o Brasil. Esse gestor, ao fazer marketing ativo, percebeu que, 8 em cada 10, pessoas diziam que não estavam interessadas.
O motivo? Quando você se matricula, tem que ir à escola para participar das aulas. As pessoas queriam viajar e não tinham dois anos para aprender uma nova língua e as empresas não queriam mais fazer este tipo de negócio. Foi então que ele começou a projetar cursos online. Começou oferecendo aulas, em grupos, dentro das empresas.
Ao perceber esta mudança no mercado, o líder buscou criar estratégias novas, se adaptou e também mudou o modelo tradicional da escola, que agora está mais condizente com as necessidades dos clientes.
Fica então a grande pergunta – Qual a diferença entre um gerente de liderança e um presidente? O que você identificaria com a diferença do estilo de liderar? Segundo Shurman, (reitor da Escola de Negócios da Universidade de Ohio), quando a gente trabalha para alguém, que não consegue tomar decisões, isso não é positivo.
Precisamos tomar decisões. O presidente tem que tomar a decisão, ele vai juntar as informações e alguém tem que tomar a decisão, é uma função solitária. Se a decisão for errada, o presidente tem que aceitar que foi sua responsabilidade.
O presidente é o dono da visão, da estratégia. Ele toma as decisões mais importantes. O presidente deve ser claro e compartilhar sua visão, ser exemplo…
Lembrando que por mais que nós falemos e vivamos no mundo da tecnologia, tudo ainda está pautado em relacionamentos, integridade, justiça, transparência, afeto, confiança. Tudo é ainda muito, muito pessoal. Pense nisso e busque melhorar, progressivamente, suas estratégias no que tange a gestão de processos, produtos e pessoas!
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