O trabalho com as doze dimensões da consciência tem sido adotado pelo Coaching nos últimos anos com excelentes resultados. Trata-se de uma ferramenta chamada Roda da Consciência, desenvolvida por Fábio Novo, em que doze dimensões da consciência são trabalhadas de uma forma adaptada ao universo e à mecânica do Coaching.
Elas buscam um diagnóstico preciso sobre o quanto de consciência temos sobre todas doze áreas da nossa vida, a saber: Consciência Pessoal, Corporal, Emocional, Mental, Energética, Potencial, Expressiva, Evolutiva, Relacional, Profissional, Social, Espiritual.
As doze dimensões da consciência são aceitas em vários grupos religiosos e estudadas por cientistas preocupados com a relação entre o comportamento e a consciência. Essas dimensões versam sobre as etapas evolutivas do ser humano, portanto estão perfeitamente congruentes com a Pirâmide dos Níveis Neurológicos.
A ferramenta é utilizada como qualquer outra roda, com uma avaliação que vai de 0 a 10 em cada dimensão da consciência. Essa atribuição de valores é feita a partir de uma reflexão cuidadosa e sincera de cada um. Depois se compara as dimensões da consciência percebendo o equilíbrio e desequilíbrio de cada área – tratarei melhor dessa ferramenta em outro artigo.
Essa faixa de valores atribuídos é dividida, então, em três níveis de consciência: até 5 “eu digital”; 6 a 8 “eu analógico”; 9 e 10 “eu quântico”. Cada uma dessas faixas corresponde a uma forma de estarmos no mundo, pois elas estão ligadas à evolução de nossa consciência.
Os “Eus” do Processo Evolutivo
Eu Digital: Entende-se que nesse campo da consciência estão representados os instintos, emoções, sensações, desejos, impulsos, necessidades. Aqui é o espaço que representa o corpo, o ego e o “eu digital”, uma dimensão em que a informação e o Ter se manifestam de forma condicionada e com pouca consciência. Está associada à infância. Temos que ter muita atenção com os setores da nossa consciência e vida quando nos guiamos pelo verbo ter. Esse nível de consciência está ligado aos níveis evolutivos: Ambiente e Comportamento.
Aqui, encontram-se as áreas das qual você tem pouca ou nenhuma consciência. Esses campos se mostram imaturos, subutilizados, pouco trabalhados e necessitam de mais investimento da sua parte. É possível também que os campos representados aqui estejam ligados aos seus medos, bloqueios e desafios. Em contrapartida é o trabalho com essas áreas que vai gerar mais oportunidades de crescimento e desenvolvimento humano.
Eu Analógico: Nesta faixa da consciência estão as áreas que se relacionam com sua capacidade criativa, sua imaginação e pensamento, também às suas formas de realizar, trocar, cooperar, compartilhar com o próximo e também com o mundo. Estamos na dimensão da mente! Isso é o que representa o eu analógico, em que impera o verbo Fazer, a prática, o conhecimento adquirido pela experiência. Está associada à juventude.
Há um nível de consciência razoável para os setores que se apresentam nessa área quantitativa. É possível inferir que estas áreas estão bem encaminhadas e que há um gasto de energia satisfatório no trabalho com elas. Embora essa camada de desenvolvimento seja intermediária. Basta um pouco mais de esforço para que se alcance a próxima faixa.
Tais setores consomem e doam energia simultaneamente, por este motivo, podem tanto acelerar como frear o giro da sua roda. Essas são as áreas que revelam suas habilidades, seus talentos natos, e os assuntos que você se aperfeiçoou. Esse nível de consciência está relacionado aos níveis Habilidades, Crenças e Valores da Pirâmide.
Eu Quântico: O nível quântico permite que sua Consciência transcenda, doando energia aos demais aspectos, especialmente aqueles que ainda se encontram na primeira faixa. Os aspectos da sua vida que se encontram aqui mostram as áreas em que você tem total consciência e domínio. Como o verbo aqui é o Ser, esses campos estão intimamente ligados à sua constituição subjetiva, individual, intuitiva, e sua relação com temas universais e sua relação com o outro e o mundo. É importante saber que há dimensões da sua vida e da sua consciência que alcançaram o “eu quântico”, e estão desenvolvidos na essência.
O ser quântico está ligado aos níveis de Identidade, Afiliação e Legado, pois o ser quântico é a passagem de um nível mais existencial para um nível essencial, mais vinculado à transcendência, ao espiritual, energético, etéreo.
Há séculos as vertentes filosóficas existencialistas e essencialistas permeiam os estudos de todas as áreas do conhecimento. Filiar-se a uma é, automaticamente, negar a outra. Ambos querem deter a patente do princípio do processo, o que vem primeiro, a essência ou a existência?
O Existencialismo
Pensando com os existencialistas, a exemplo de Sartre, a existência precede a essência, tanto em relação ao indivíduo quanto à realidade e o conhecimento. Dito de outra forma, afirma-se que o homem primeiro existe no mundo e depois se realiza nele, se definindo por suas ações e o resultado delas, suas práticas e os valores que cultiva.
O sujeito como parte desse mundo está fadado a se fazer homem, por meio das suas decisões. As ideias ou as essências não são anteriores às coisas, pois essas não estão contidas na inteligência da criação ou numa possível inteligência inata do homem.
O Essencialismo
Do outro lado temos os essencialistas, como Aristóteles, Descartes e Kant. Esses buscavam determinar uma substância que correspondesse à essência do real. Esta essência é o que permanece sempre igual a si mesma, que constitui um núcleo ideal necessário e universal da realidade factual, buscando compreender o que é o ente, enquanto que a existência busca compreender como é o ente. O pensamento essencialista se caracteriza como uma busca de Deus, ou de uma divindade que pode ou não ser personalizada, tendo assim uma estrutura que pensa o ser como sendo um deus.
Embora pareça arriscado e precário sem uma sustentação teórica – o que não pretendo fazer nesse momento – não compreendo essas duas formas de pensamento como obrigatoriamente opostas e excludentes. Acreditar que o homem primeiro apareça nesse mundo e depois se constitui nele não elimina a verdade da essência divina e busca de Deus, nem mesmo a crença de que temos uma partícula única que nos homogeneíza ao mesmo tempo em que nos individualiza.
Quando descemos do plano de luz, que deixamos de ser luz, nos separamos do mundo e da nossa mãe, mantemos nossa essência divina, mesmo que durante nossa vida não consigamos, novamente, acessá-la e usufruir dela, para nosso bem e dos demais. Em todo caso, só somos quem somos porque nosso amadurecimento e formação nesse mundo são ininterruptos e perpétuos, enquanto estivermos galgando os níveis do processo evolutivo.
E você, como enxerga tudo isso? Comente e compartilhe!