O modo de vida dos samurais foi banido do Japão na era moderna. Não havia mais lugar para os guerreiros na sociedade que desabrochava em meados do século XIX. Mas muita coisa ainda resta desse fabuloso modo de vida, mesmo porque pouco mais de cem anos é um tempo ínfimo para filosofias tão enraizadas.
Conheço muitas pessoas apaixonadas por filosofia japonesa – o que me deixa feliz por não ser o único. Tenho uma espada de samurai na minha sala, no Instituto Brasileiro de Coaching, pois reconheço, verdadeiramente, o valor das palavras do Bushidô.
Este, por sua vez, é o código de ética que embasava a conduta dos samurais. A tradução literal para Bushidô é “caminho do guerreiro”. Era por meio desse código de conduta que eles conduziam seu treino, seu convívio, suas vidas.
Não se trata de um texto escrito, de um manual, pergaminho ou algo assim. Essas normas morais eram passadas pelos ensinamentos orais que o guerreiro recebia durante toda a vida. São preceitos para serem observados no dia a dia, logo tem que ser vivenciados. Esse código não escrito fornecia parâmetros para que os guerreiros vivessem e morressem com honra.
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A Essência do Bushidô
Na essência do Bushidô estão conceitos budistas, xintoístas, o patriotismo japonês (e a reverência aos seus antepassados) e a Ética do Confucionismo. Todos os citados, com exceção do patriotismo, são doutrinas religiosas e filosóficas, a combinação delas formou o código de honra do guerreiro samurai.
Praticar o Bushidô, vivê-lo e propagá-lo é mais importante que apenas ler sobre ele e conhecê-lo de forma distante e pouco engajada. Esses princípios, quando conhecidos e vividos, têm o poder de transformar a vivência humana.
Quero pontuar que li várias fontes e que elas divergem em algumas palavras. Esses problemas de tradução são corriqueiros, mas não impedem a compreensão do sentido, que é o mais importante. Como estou dando aqui a minha versão para todas essas leis eptais, ou seja, pensamentos divididos na mística dos sete, explorei uma adaptação minha da forma traduzida que mais me tocou.
Gi – Honra e Justiça
Um verdadeiro samurai sempre ouve seus instintos e é juiz de sua própria honra. Acredita na justiça interna, aquela que emana de dentro dele mesmo e que ele aprendeu com seus mestres e seu povo.
A justiça é uma forma de compreender o equilíbrio do universo e das forças que emanam dele. O guerreiro tem a habilidade necessária para distinguir entre o pulso de ferro e correção necessária e na medida correta.
Yu – Valor Heroico
O valor heroico está, sobretudo, na coragem para agir, eleva-se o valor heroico pelo risco e o perigo. No entanto, essa coragem não é cega e tola, mas inteligente e forte.
O guerreiro sabe o valor que existe em se arriscar pelo outro, pela comunidade, pelo bem coletivo, pois só assim consegue se diferenciar dos demais. O senso de coletividade é que faz de alguns atos dos guerreiros dignos de honradez e homenagens. Quem nunca fizer algo extraordinário jamais será lembrado.
Jin – Compaixão
Esse princípio do guerreiro está em perfeita congruência com o anterior. Os guerreiros deixam florescer o amor incondicional dentro de si, e esse amor se converte na compaixão sincera. Se um homem perde uma batalha, ele deve ser respeitado pelo seu esforço e pela sua honradez, assim a compaixão do guerreiro valoriza as vidas de todos.
A compaixão também se mostra na ajuda que oferecemos aos nossos companheiros, acima de qualquer vaidade e falta de empatia. A compaixão gera gratidão que fortalece as habilidades intrínsecas de cada um.
Rei – Cortesia
Um samurai, guerreiro, é cortês inclusive com seus inimigos. O guerreiro não tem necessidade de se mostrar forte com atitudes grosseiras e rudes, ele não está conectado ao arquétipo do guerreiro bárbaro. A crueldade desumaniza o samurai, enquanto que ele tende a ser o mais humano possível frente ao seu povo.
A cortesia na maneira como o samurai trata as pessoas é motivo de respeito do povo para com ele. Ele entende que sua força interior também está no cultivo de virtudes que dizem respeito à sensibilidade e humanidade.
Meyo – Honra
É imprescindível honrar sua palavra com todos, pois um verdadeiro guerreiro não engana nem volta atrás no que diz. Ele não pode ocultar-se de si mesmo, por isso procura conhecer-se e conectar-se com sua essência.
Os valores de um guerreiro compõem o centro de sua missão de vida. Esses valores dizem respeito tanto ao próprio guerreiro e sua existência quanto também a cultura à qual ele pertence e na moral com a qual ele foi criado e que geraram suas crenças.
Makoto – Sinceridade Absoluta
Para o samurai, guerreiro, falar e fazer são a mesma ação. Logo, a mentira é uma quebra dos princípios executores do universo. Se comprometer, dar a sua palavra, é a garantia máxima de cumprimento de sua palavra.
Faltar com a verdade, mentindo ou omitindo é um ato desonroso. Ele por si só quebra muitas outras virtudes do guerreiro, por isso é uma prática abominável. A sinceridade absoluta pode ser um princípio a levarmos para a nossa vida, para que nossas palavras criem realidades benéficas e edificantes.
Chugo – Dever e Lealdade
Nada é mais forte no samurai que o senso de responsabilidade, ele é ciente dos seus deveres e age para cumpri-los. Ele se sente responsável pelas tarefas que lhe cabe e pelas consequências das suas ações ou da falta de suas ações.
Um samurai também é imensamente leal àqueles que estão sob seu cuidado, ou por aqueles que lutam ao seu lado. É totalmente improvável que um guerreiro quebre a lealdade em benefício próprio, ou por medo, esse princípio, do dever e da lealdade rege todos os demais.
Maravilhoso, não é mesmo? Aproveite e use Os Sete Princípios e Virtudes do Bushidô para evoluir e potencializar seus resultados!