Como você já percebeu, quando falamos da prática ericksoniana preferimos usar o termo “linguagem ericksoniana” em detrimento de “hipnose”. Isso porque se corre o risco de criar uma expectativa nas pessoas em geral, mas especialmente nos coachees, de que essa sessão parecerá com as hipnoses- show, e a quebra dessa expectativa pode prejudicar o processo.
Usamos linguagem ericksoniana também para dizer que a hipnose é uma prática terapêutica, logo, coaches que não são terapeutas não poderiam trabalhar com essa ferramenta. Assim, os coaches usam a linguagem ericksoniana no limite de sua capacitação para os fins que o processo de Coaching já deve ter mapeado nas primeiras sessões.
A Perspectiva Holística e Terapêutica da Abordagem Ericksoniana
Veremos, então, um dos feitos mais notáveis das teorizações ericksonianas, que foi emprestar uma nova roupagem às abordagens terapêuticas então existentes. Mais do quer criar técnicas inovadoras, nunca antes pensadas e que emprestaram um sentido inteiramente novo à prática da hipnose, o que Milton Erickson também conseguiu com êxito foi dotar o processo de tratamento dos seus pacientes de etapas inteiramente novas, assentadas em uma perspectiva holística e não meramente de tratamento padrão.
Não satisfeito, entretanto, Erickson prosseguiu seu trabalho de adequação das estruturas de abordagem terapêutica, moldando um instrumental que fizesse sentido àquela prática. Por esse motivo, ele viu a necessidade de trabalhar em várias técnicas e complementos que dessem corpo e forma para o seu modus operandi específico.
Já sabemos que a hipnose se propõe como um verdadeiro diálogo com o inconsciente, o que equivale a dizer que os instrumentos através dos quais conscientemente nós lemos a realidade à nossa volta (símbolos, sons, linguagem, fala etc.), podem não fazer sentido (ou fazer outro sentido) quando se entra no terreno do inconsciente. A linguagem que é inteligível na nossa porção mais racional não necessariamente fará sentido quando ao nosso redor for o irracional a dar as cartas.
No Coaching, se pudéssemos resumir a prática do Coaching Ericksoniano, diria que aprendê-lo é dominar a linguagem que sugestiona nosso inconsciente. Para isso, podemos usar metáforas diversas e nossa habilidade de criá-las.
A autoaplicação é um diferencial e tanto em se tratando de qualquer prática terapêutica. Ela atende a um princípio do Coaching segundo o qual não pode haver quem faça mais por nós do que nós mesmos. Quando correlacionamos esse preceito com os fundamentos do processo de Coaching faz ainda mais sentido nossa intenção de fazer com que o coachee retome as rédeas da própria vida, assumindo uma postura mais assertiva sobre si mesmo e protagonizando com brilhantismo a própria história.
Da mesma forma que a auto-hipnose não apenas abre novas portas, como dá nas mãos do indivíduo a chave para a própria transformação, no Coaching ousamos assumir o propósito de não apenas promover a transformação buscada, mas de dotar o coachee dos instrumentos necessários à alteração de seu estado.
Coaching Ericksoniano
No Coaching Ericksoniano tem um peso especial à máxima que diz que não devemos apenas dar o peixe, mas, sim, ensinar a pescar. A indução que pode ser dirigida a si mesmo nada mais é do que uma extensão da auto-hipnose, que já é contemplada pela teoria ericksoniana.
Como uma prática terapêutica que não se propõe restritiva, os ensinamentos da linguagem ericksoniana convidam o coachee não só a assimilar as práticas que o conduziram à cura ou ao estado pretendido, mas também lhe conferem possibilidades de aplicar esse tratamento sem a presença de quem o iniciou nessas práticas, seja ele o terapeuta ou coach.
O coachee é sempre o maior interessado e beneficiário da pescaria. Que ele seja, portanto, não o receptor do peixe, mas de fato quem o pesca é quase uma consequência lógica dessa prática terapêutica e humanizadora. No fundo, ninguém hipnotiza ninguém, toda hipnose é uma auto-hipnose, alguém apenas induz o transe por meio da linguagem correta.
Em se tratando de hipnose ericksoniana, a importância da linguagem em suas múltiplas variações é indiscutível. A linguagem funciona como a verdadeira linha de frente do processo, haja vista que é a partir dela que o coachee vai sendo preparado para a sessão, recebe as instruções que balizam o processo e interage com o coach. Sem ela, torna-se inviável falar diretamente com uma área específica do cérebro e ativar as mudanças que se julgam necessárias.
Diferentemente das hipnoterapias tradicionais, em que o paciente é convidado a abrir os olhos – em um convite bastante capcioso e que tem por finalidade demonstrar apenas que o paciente é incapaz de abri-los, estando à mercê do terapeuta –, o modelo ericksoniano quer que o paciente/coachee esteja, na maior parte do tempo, consciente do processo pelo qual ele passa.
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