regressão

Image Point Fr/Shutterstock A regressão nos ajuda a entender melhor nossas emoções e experiências passadas e, se preciso for, a também ressignificá-las

Depois da própria hipnose, o termo mais próximo do universo ericksoniano e que mais chama atenção, até mesmo de quem não tem a menor familiaridade com o assunto, é o da regressão. O termo é corrente na Psicologia, nas psicoterapias em geral, e causa quase tanto frisson quanto a ideia de hipnose.

Também como no exemplo da hipnose show, de palco, o termo gera uma confusão por ser comumente associado à possibilidade de vidas passadas. Há pessoas sérias executando essa atividade, mas é algo que prefiro deixar de lado, a fim de não entrar em choque com as possíveis crenças de qualquer coachee. Milton Erickson, inclusive, deu à questão um tratamento terapêutico e não mítico-religioso.

Objetivos da Regressão

O intuito fundamental desse exercício é regredir no tempo, a fim de reviver experiências pregressas, recuperar pontes com o passado, traçando elos com o presente e até mesmo ressignificando pontos problemáticos da nossa história pessoal. A própria distância temporal entre o fato vivenciado e o momento presente em que a lembrança é invocada atua a favor do coachee.

A possibilidade de um envolvimento distanciado, isto é, com a revivificação da lembrança e não com o fato em si, gera até um grau de segurança psicológica maior para quem experimenta a regressão. Isso não necessariamente impede, mas inibe sobre­maneira que a lembrança desencadeie um processo negativo e doloroso ao se abordar passagens traumáticas.

Quer vivenciar uma oportunidade extraordinária na sua vida?
Acesse o meu curso “Introdução ao Coaching”,
é um presente!

Regressão Segundo com Milton Erickson

O entendimento de Erickson nessa matéria era o de que a regressão não tinha apenas o propósito de relembrar para simples­mente recordar. Segundo ele, boa parte das memórias associadas a alguma dificuldade com o passado, um trauma ou problema para o qual o paciente requeria cura, estava atrelada a um aprendizado incompleto. Como se o paciente ainda não tivesse extraído o devido conteúdo daquela vivência, esta tenderia, portanto, a martelar de maneira lancinante no inconsciente do indivíduo.

Quando a regressão é bem-sucedida, o aprendizado inter­rompido ou não concluído é retomado e a partir daí o paciente apreende o que é necessário ou vantajoso para si, ressignificando os traumas do passado e os problemas que o limitavam de pe­quenas ou grandes maneiras.

Por Dentro da Regressão

Veja que a regressão é uma forma de acessar nossas memó­rias, nossas sensações e experiências. Ela nada tem a ver com as “regressões de vidas passadas” que costumeiramente vemos nos programas de tv. É sempre importante fazermos a diferenciação entre os conceitos do senso comum e os conceitos da teoria, ou correremos o risco de sermos mal interpretados.

  • Depois de o coachee ter se silenciado por alguns instantes, faça a semeadura de algumas sugestões pré-transe, metáforas que tenham a ver com mergulhar, aprofundar, viajar voltando para trás.
  • Certifique-se de que a frequência cerebral baixou. Use metáforas relacionadas à infância, família, nascimento.
  • Deixe-o narrar o que acontece. Saliente uma experiência em particular e se fixe nela. Estimule os sentidos do coachee. Faça-o não lembrar, mas sentir novamente as mesmas sensações, os cheiros, as texturas.

Ele terá regredido.

Quando falamos em regressão queremos que a pessoa não apenas lembre-se, mas que ela sinta como se estivesse lá, naquele momento. Muitos dizem “eu senti que estava lá, foi mágico!” É uma reconexão com o momento que, dessa vez, será ressignificado. Se uma pessoa nunca conseguiu ter um bom relacionamento com a mãe porque em algum momento da sua vida a mãe não soube dar aquele conselho esperado, aquele abraço materno, ela pode voltar a esse momento e perdoá-la ou sentir que ela não fez o que se esperava, mas fez o melhor que podia.

Na regressão, temos a oportunidade de reviver esse momento por meio de uma dissociação. Nossa mente inconsciente revive e aprende e nossa mente consciente observa. Isso porque, se você realmente quer mudar essa memória, você tem de estar naquele momento com aquelas pessoas, mas de uma forma segura.

Logo após, você reformata essa memória. Agora ela é feliz, boa, saudável, e quando retornar ao armazenamento, devidamente ressig­nificadas, as consequências negativas que aquela memória produzia na sua vida ficarão cada vez mais enfraquecidas. E o impacto positivo dessa regressão, dessa ressignificação, começará a aparecer.

A cura, para Erickson, é apenas a troca de uma má ideia por outra ideia. Uma reprogramação positiva, uma ressignificação. Por isso, podemos curar e nos autocurar por meio do Coaching Ericksoniano.