O conceito de flow é muito especial para a Psicologia Positiva e, por conseguinte, para o Coaching Positivo. Mais que um conceito, o flow pode ser praticado se você identificar as práticas que te levam à ele. E, se inconscientemente temos prazer máximo estando em flow, uma vez conscientes de sua existência, temos mais possibilidade de aproveitar ao máximo esse estado ótimo.
Todo ser humano tem um potencial infinito a ser desvendado e desenvolvido. Cada um de nós carrega capacidades, habilidades, experiências, conhecimentos e determinados tipos de inteligências que nos diferenciam, que nos proporcionam realizar variadas atividades e alcançar múltiplas conquistas.
Nessa convergência entre ciências, a que chamamos aqui de Coaching Positivo agrega-se, entre os diversos métodos e ferramentas que possibilitam a realização de sessões ainda mais poderosas e efetivas, o flow.
Csikszentmihalyi e a Origem do Flow
Mihaly Csikszentmihalyi (1998) é o primeiro e grande pesquisador do flow. Seu trabalho inicial consistiu na observação de artistas durante a execução de suas obras. Embora esse não fosse o foco inicial de sua pesquisa, no período de observação ele percebeu que “os artistas ficavam completamente envolvidos, concentrados e absortos enquanto estavam pintando ou esculpindo. Eles pareciam estar em transe; se esqueciam da fome, da fadiga, do tempo e das obrigações sociais” (Kamei, 2014, p. 41).
A interpretação de Csikszentmihalyi sobre o fenômeno não estava em consonância com as correntes da Psicologia que estavam em voga na época, mas encontrou respaldo na psicologia humanista que aparecia no cenário científico, especificamente em Maslow, que distinguia dois tipos de comportamento criativo: orientado para o produto e para o processo.
Para Csikszentmihalyi a sensação de prazer e a motivação no trabalho dos artistas não estavam no resultado final, na obra de arte pronta – uma vez que estando a obra pronta toda a motivação se dissipava – mas no processo artístico em si.
Essas primeiras interpretações levaram o pesquisador a denominar esse fenômeno de “experiência autotélica” que dizia respeito à “atividade autossuficiente, realizada sem a expectativa de algum benefício futuro, mas simplesmente porque realizá-la é a própria recompensa” (Csikszentmihalyi, 1992 apud Kamei, 2014, p. 45).
Pouco tempo depois, com novos artigos do pesquisador, o conceito de “experiência autotélica” foi se transformando na teoria do flow, que passou a ganhar corpo conforme despertava o interesse dos acadêmicos e conforme o conceito foi se difundindo por outros campos do saber, como a Sociologia, a Educação, a Antropologia Cultural (especificamente nos estudos de ritos religiosos e nas Artes).
Flow é, então, essa experiência ótima, em que atuamos em um nível de concentração tão profundo que a perspectiva de tempo se altera, a ordem das preocupações cotidianas é alterada, e só aquele momento passa a fazer sentido. A sensação desse estado de absorção é tão prazerosa, que esses momentos passam a ser gravados na nossa memória, como referência de como “a vida deveria ser”.
Elder Kamei, o mais importante pesquisador do estado de flow, no Brasil, e que lançou o livro “Flow e Psicologia Positiva” pela Editora IBC, afirma que a experiência do flow é “um fim em si mesma”, ou seja, não necessita de recompensas externas. Isso porque é uma experiência subjetiva em que apenas o indivíduo que a vivencia importa. “Cessam-se todas as ruminações mentais, principalmente as negativas, e o indivíduo temporariamente esquece todos os seus problemas e preocupações do dia a dia, como trabalho, estudo e contas a pagar” (Kamei, 2014, p. 177).