“Innsæi – O Poder da Intuição” (ou Innsaei), é um documentário que discorre sobre o questionamento da islandesa, Hrund Gunnsteinsdottir, ex-funcionária da Organização das Nações Unidas – ONU, sobre o porquê de as pessoas, atualmente, encontrarem-se tão desconectadas de suas emoções e sentimentos e tão desconectadas de si mesmas.
Como consequência de sua própria “não preocupação” com os sentimentos e emoções, ela ignorou os “chamados” do seu corpo e acabou somatizando uma série de doenças e dores que lhe causaram um aborto espontâneo. Tudo isso trouxe reflexões importantes e fez nascer em Hrund o desejo de entender porque as pessoas se tornam estranhas em suas próprias vidas, onde vivem, verdadeiramente, com suas razões e não com suas emoções.
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Innsaei, Self Coaching e Intuição
Durante o documentário são entrevistados professores, pensadores e espiritualistas renomados, que contribuem com suas visões, conhecimentos e experiências para a construção de respostas para a reflexão trazida por Gunnsteinsdottir. Todos os especialistas trazem informações que tem total confluência com os métodos e ciências ensinadas nas formações do Instituto Brasileiro de Coaching e com a filosofia do Self Coaching.
Na prática, isso traz uma consciência maior de nós mesmos por meio do autoconhecimento, o que gera a possibilidade de conhecer melhor suas emoções e sentimentos e aprender a lidar com eles de forma mais assertiva e inteligente. A intuição passa a ser parte disso, mas é uma forma metafórica de dizer que precisamos nos sentir mais; ouvir-nos mais e olhar mais para nós mesmos: nossas emoções e sentimentos.
O professor de Escola de Economia de Harvard, Bill George, afirma durante o documentário que quando estamos sob pressão, passamos a agir com a razão e não mais entendemos os nossos sentimentos. Muito prudente diante da sociedade atual; imediatista e perdida em números, lógicas, processos, computadores e livros, em que não mais busca as respostas na intuição ou no “fluir” do cérebro.
Self Coaching – Self 1 e Self 2
Ao compararmos com os selfs do Self Coaching, podemos dizer que hoje em dia a busca por respostas está muito automatizada e engessada, baseada na informação processual, num banco de dados, cético e racional, ou baseado no Self 1, do ser humano, no hemisfério esquerdo, onde categorizamos e processamos a informação do passado e projetamos a informação no futuro.
Portanto, nunca estamos presentes, nunca estamos conectados no “aqui e agora”, que é função do hemisfério direito do cérebro, do Self 2, lado que sente, se emociona; a parte criativa e imaginativa.
O Experimento da Artista Marina Abramovic
A escassez de sentimentos e emoções no dia a dia do ser humano causa o distanciamento interpessoal, o que ocasiona a privação de empatia e compaixão entre nós. A “não conexão” entre as pessoas motivou a artista Marina Abramovic a ficar 736 horas sentadas no Museu de Arte Moderna, de Nova Iorque, literalmente, servindo às pessoas que quisessem sentar à sua frente, pois ela permaneceu em silêncio total todo o tempo.
A artista disse, “minha função era estar ali presente 100% para eles. Relaxar a mente e o corpo através da respiração e poder, realmente, estabelecer a comunicação não verbal”, ”pude presenciar pessoas com dores tremendas, projetadas em mim e pude sentir todas essas dores e eu era apenas um espelho”, “não era para explicar a emoção, mas sim só senti-la diretamente”.
Esta tais ideias remetem aos estudos sobre o campo relacional criado no setting de Coaching do Self Coaching, no qual a conexão e a entrega do coach são tão intensas e genuínas que é possível também sentir gerar um campo de empatia quanto às dores do nosso coachee.
No início da conexão de uma sessão de Coaching o estado de atenção focado entre ambos causa um transe conversacional, no entanto, na experiência da artista sérvia não havia conversa, logo o estado de flow, ou sincronia neural como é dito no documentário sobre a intuição, é atingido facilmente e a redoma energética criada permite sentir tudo o que o outro sente.
Com a reflexão de que temos que pensar em como nos conectamos, não só com o próximo, criando o flow, a sincronia neural, mas também com o mundo que nos rodeia, os pensamentos do ancião da comunidade Dagara e também autor, Malidoma Somé, refletem sobre como o barulho do mundo exterior está emudecendo o som do mundo interior.
Além disso, cita que o maior causador da desconexão das pessoas com suas intuições é o barulho que está a nossa volta, onde chamamos a distração de entretenimento, como no caso de crianças, os videogames. Aliado a este pensamento, a autora, Hrund, expõe um estudo feito na Escola Addison, em Londres.
Mindup e Mindfullness
O Mindup, assim chamado o estudo, são técnicas de Mindfullness e meditação para crianças do ensino fundamental. Nele há combinação de práticas de concentração plena, no Self Coaching conhecida por flow, com a neurociência, criando habilidades de inteligência emocional que as auxiliam a lidar com o mundo, aliando a superinteligência à Emotologia. Trazer o hábito de conhecer a si mesmo através da presença, através do flow, faz com que a criança sinta a si mesma, sinta seus sentimentos.
Ela se torna capaz de controlar-se e assim, ter uma vida equilibrada e em paz. Essa capacidade de saber o que sente, de saber o que o outro sente, são habilidades intuitivas que devemos ensinar não só aos adultos, mas também às crianças, como mostrado no documentário, pois elas são o futuro e as próximas a construir e controlar o todo.
Trabalhando seu Lado Intuitivo
Deste modo, a única maneira de você deixar seu lado intuitivo e criativo aflorar, deixar a área do cérebro responsável pelo viver sentindo, pelo viver o “aqui e agora” aparecer, deixar a região do seu cérebro que vive as emoções, deixar seu Self 2 fluir é a prática, é treinar todos os dias, é fazer dessa ação um hábito.
Falando em viver o sentimento, se me permitirem, falarei da “Mente Imaginativa” de Bob Deutsch, no qual existem cinco capacidades para se viver com o Self 2 aflorado diante da complexidade de se viver na atualidade e existe total congruência com o documentário usado comentado. São elas: viver o sentimento, desenvolver o estado de ser curioso, estar aberto, ou seja, ter permissão para ir além, conectar ideias através de metáforas e entender o paradoxo entre os argumentos, teorias e explicações.
Por fim, deixo a frase da autora do documentário que resume maravilhosamente, o conceito de Self 1 e Self 2, do Self Coaching em suas próprias palavras, ”imagine que somos feitos por dois ritmos, um que inspira e outro que expira, um que reflete e outro que reage, um que sente e o outro que calcula”, além dos significados da palavra “intuição, na língua da autora, Innsaei, em islandês, pode significar “The Sea Within” (“O Mar Interior”), que é a natureza em si, sem fronteiras no nosso mundo interior, que vai além das palavras, está sempre em movimento e é transiente.
Sendo assim, o mundo da visão, sentimentos e imaginação. Além disso, traduz-se como “To See Within” (“Ver o interior”), onde se refere a conhecer a si mesmo o suficiente para se colocar no lugar do outro, ter empatia, e tirar o melhor de você, ter compaixão e também, “To See From The Inside out” (“Ver de dentro para fora”), onde é ter um forte “ritmo interior”, que possibilite a “navegação” à sua maneira num mundo em constante mudança. É ter um propósito de vida eliminando, assim, a aleatoriedade do mundo.