Quando decidi escrever sobre Coaching e Espiritualidade refleti sobre como as pessoas poderiam compreender essa ligação. Há muita gente que diz realmente que o Coaching tem algo de religioso, de místico, mas esses comentários geralmente vêm carregados de preconceito e desconhecimento. Ignoram, portanto, a importância da espiritualidade na vida das pessoas e acreditam que atribuir uma dimensão espiritual a algo é empobrecê-lo. Ledo engano.
Há uma vertente do trabalho com Coaching que prima pelo seu aspecto técnico; supervaloriza suas ferramentas e o distanciamento entre quem conduz e quem é conduzido no processo de Coaching. Respeito profundamente quem opta por essa forma de trabalhar. É uma forma válida e com certeza alcança alguns resultados, mas definitivamente não é a forma de Coaching que adotamos no Instituto Brasileiro de Coaching – IBC.
Dizer que há uma dimensão espiritual no Coaching é afirmar que há algo muito maior que nos liga uns aos outros e todos ao Universo. Você pode dar a esse algo sobrenatural o nome que fizer mais sentido para você. Eu sou cristão e chamo de Deus. Mas você não precisa ter a mesma espiritualidade que eu, você pode chamar de outro nome, pois isso não faz diferença. Você pode até mesmo optar por não dar nenhum nome, afinal de contas nem tudo que sentimos precisa ser nomeado.
Quando estamos trabalhando com aquilo que chamo de desenvolvimento humano não podemos simplesmente virar as costas para o fato de que as pessoas acreditam nessa força maior, que não alcançamos com as mãos, mas que sentimos quando olhamos nos olhos das pessoas e abraçamos de uma forma que não só o corpo se toca, mas também uma essência inexplicável, mas poderosa, toma conta de nós.
Você já experienciou um abraço em que você era capaz de sentir mais que apenas o corpo da pessoa?
Você já experienciou um “olho no olho” em que você tenha enxergado dentro do outro ser humano como se estivesse conectado com ele?
Você já experienciou um encontro entre duas ou mais pessoas que parecia o “céu na terra”, pois todo o tempo, o espaço e as coisas lá foram perdiam o sentido diante da força da energia que invadia aquele lugar?
Essas coisas que estou pontuando são para você entender não podem ser explicadas, elas só podem ser sentidas. Essas são experiências muito poderosas que só podemos viver quando entendemos que o outro ser humano que está na minha frente partilha comigo da mesma essência divina.
Não importa se o que a outra pessoa quer é melhor de vida, ser promovido na empresa, superar um trauma ou ser um pai e marido melhor. A demanda que alguém traz para ser trabalhada no Coaching não importa. O que importa é a pessoa que veio até você. Se as pessoas não forem mais importantes que suas demandas, não há Coaching com alma.
Há sim uma dimensão transcendental no Coaching que fazemos e ensinamos. Há uma espiritualidade que vai além da religiosidade, uma conexão para além dos corpos que se tocam. Provocamos nas pessoas a sensação que elas são ilimitadas, pois mesmo quando não estiverem aqui, seu legado, se for suficientemente forte, manterá sua memória, seus pensamentos, seus valores.
Mais do que isso: a dimensão espiritual nos permite curar os outros e também a si mesmo. E quando falo em curas não estou falando de milagres bíblicos, estou falando de um processo de ressignificação tão profundo que qualquer pessoa que passe por ele é capaz de enxergar sua vida de forma totalmente nova, apagando definitivamente as negações, as limitações, os medos, as inconformidades, as incertezas, as culpas, os traumas.
Se isso não for parte de uma sobrenaturalidade que adicionamos ao Coaching, realmente não sei como outra pessoa explicaria isso. Não sei realmente como se pode usar todas as ferramentas científicas para coisas simples, como identificar seu perfil profissional, para chegarmos ao ponto de promover curas profundas. Isso para mim só pode ser chamado de espiritualidade.
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A Evolução é Uma Lei Divina
Evolução, essa é a palavra-chave para nossa vida, e também é a palavra que norteia a filosofia Coaching. Somente o autoconhecimento nos leva a níveis profundos de nossa evolução. É para evoluir física, mental e espiritualmente que buscamos o conhecimento, e, com ele, a mudança de hábitos, crenças e o alinhamento de nossa história e missão de vida.
A evolução é uma lei divina. Tudo evolui, tudo se transforma. Todos nós saímos um dia do plano de luz, em que também éramos luz, nos submetemos a esse plano para adquirirmos valores próprios, deixarmos um legado e um dia retornarmos ao mesmo plano. Para evoluir, encaramos nosso mundo interior com nossas questões existenciais e essenciais, e confrontamos o mundo exterior com suas preocupações materiais e sociais.
Se as condições externas são importantes para o nosso bem-estar e para o processo evolutivo, as internas o são muito mais. Isso porque as externas modificam-se, são transitórias, já as condições internas quando maduras e mais bem desenvolvidas se transformam em nossa âncora que nos segura nos momentos difíceis, geram saúde e equilíbrio físico. Porém, esse crescimento, que nos leva de um estado a outro, ascendendo no plano evolutivo, requer esforço e foco, pois não é fácil.
Ele é fruto da leitura, reflexão, prática, aperfeiçoamento pessoal e espiritual. Esse é o caminho pelo qual vamos despertando os altos valores que existem latentes em nossos espíritos. Os desafios e dessabores cotidianos, quando bem trabalhados e desenvolvidos a partir da filosofia Coaching, têm a capacidade de despertar nossas habilidades, e a cada passo percorrido ressignificando nossas experiências adquirimos as competências necessárias para a vida o que nos possibilita crescermos humana e espiritualmente.
A espiritualidade é uma dimensão importantíssima do homem, e renegá-la é renegar uma parte de si mesmo. Nossa evolução caminha no sentido da dimensão supranatural, como faremos isso se acreditamos que a finitude da matéria é a finitude de tudo?
Espiritualidade abrange propósito de vida, crença (principalmente em si mesmo), e pode ser estimada como uma das mais humanistas e sublimes forças de caráter. E humanismo, em seu sentido amplo, quer dizer valorização do ser humano e da condição humana acima de todas as coisas – relaciona-se com a generosidade, compaixão e preocupação em dar valor aos atributos e às realizações humanas.
A espiritualidade é definida como o empossamento de crenças coerentes a respeito da acepção do universo e do seu lugar nele, bem como na crença em um propósito maior. Ela não precisa estar ligada à religião, pois religião diz respeito a práticas ligadas a uma doutrina e a espiritualidade está vinculada à expansão de nosso ser por meio do conhecimento da essência do Universo, seja por meio da religiosidade ou não.
Em outras palavras, é a característica ou qualidade daquilo que é espiritual. Espiritualidade é uma predisposição humana de procurar acepção para a vida através de conceitos que transcendem aquilo que é tocável, em busca de um sentido de conexão com algo maior que si próprio.
Um indivíduo espiritualizado e amparado em sua fé tem uma consciência bastante maior de si mesmo, do mundo, dos seus pontos fortes e limitações, e das experiências que preenchem a história de vida de cada ser humano. Esse indivíduo busca exercitar, dia após dia, suas crenças e seus valores morais e éticos, tornando-os presentes em cada pensamento, comportamento e ação, assim como, aplicá-los na efetivação de relacionamentos positivos.
A espiritualidade é um elemento que nos direciona e é de extrema importância na definição do propósito de vida e na construção do legado que um indivíduo quer deixar. Na minha filosofia de vida, e do mesmo modo aqui neste livro, eu parto do pressuposto que tudo no Universo está interligado, nossas mentes, nossos comportamentos e nossos espíritos.
Acredito que o meu trabalho como coach busca nos desenvolver de maneira suprema, tanto do físico quanto do espiritual, em uma excelente caminhada em seu processo evolutivo, permitindo que saiamos do comum e trivial para ousamos ir além!
A Multidimensionalidade da Espiritualidade
A ideia de que vivemos apenas em um mundo físico, de que somos apenas matéria encontra cada vez menos ressonância no mundo, inclusive na ciência. Vivemos em um mundo multidimensional. A nossa realidade não é formada apenas pelo mundo físico, palpável, que é possível ver e pegar, a realidade vai muito além disso.
Quando nos predispomos a abrir a consciência, automaticamente condicionamos nosso cérebro a ampliar nossa noção de realidade e passamos a identificar novas frequências e dimensões. A multidimensionalidade implica na compreensão de que a realidade é composta por diferentes níveis de vibração de natureza física (palpável) e espiritual (não palpável) que estão conectados e se desenvolvem simultaneamente em uma mesma realidade.
Pessoas que têm conhecimento desta multidimensionalidade e da espiritualidade saem da percepção trivial e passam a perceber a realidade a partir de uma consciência e de uma energia diferentes. Para compreender melhor o que estou falando, imagine uma floresta com muitos animais e um pequeno lago. Imagine essa paisagem o mais real possível. Agora essa realidade será observada a partir de diferentes perspectivas e filtros. Algumas pessoas vão se atentar para a beleza das flores. Outras vão observar o cenário como um todo, o céu, as árvores, os animais andando. Essas duas percepções correspondem ao que nossos olhos podem ver e nossas mãos podem tocar.
Mas se passarmos a enxergar com os olhos internos e não mais com os externos, a percepção que vamos ter será outra. Os nossos olhos internos e espirituais vão nos revelar outro lado dessa paisagem. Vamos sentir a energia que a natureza transcende a vida, como todos os detalhes estão interligados para que a natureza funcione. Podemos ter diversas percepções de um mesmo fenômeno.
A forma como nós vemos e sentimos vai depender da perspectiva e filtro que estamos enxergando e também do nível de desenvolvimento espiritual e humano que cada pessoa se encontra. A espiritualidade é definida como o empossamento de crenças coerentes a respeito da acepção do universo e do seu lugar nele, bem como na crença em um propósito maior. Está vinculada à expansão de nosso ser por meio do conhecimento da essência do Universo, seja por meio da religiosidade ou não.
Em outras palavras, é a característica ou qualidade daquilo que é espiritual. Espiritualidade é uma predisposição humana de procurar acepção para a vida através de conceitos que transcendem aquilo que é tocável, em busca de um sentido de conexão com algo maior que si próprio. A espiritualidade é um elemento que nos direciona e é de extrema importância na definição do propósito de vida e na construção do legado que um indivíduo quer deixar.
Há muitos cenários possíveis. Pode ser que você seja uma pessoa extremamente religiosa e, mesmo assim, pouco espiritualizada. Pode ser que você seja uma pessoa religiosa e, ao mesmo tempo, com uma espiritualidade vigorosa. Pode ser que você não tenha religião alguma e goze de uma espiritualização sublime. Pode ser também que você não se considere uma pessoa espiritualizada, mas suas práticas humanitárias te levem a ser uma pessoa espiritualizada, mesmo que não se considere assim.
Características De uma Pessoa Espiritualizada
- Possui uma percepção diferente e holística da realidade que está à sua volta.
- Possui facilidade de compreender e aceitar as diferenças.
- Tem consciência da relevância de viver processos internos como forma de evolução de sua fé e espiritualidade.
- Sua espiritualidade confere à sua vida a sensação de segurança, autoconhecimento, filiação, pertencimento, liberdade e identificação.
- A maneira como vive a sua fé inspira e motiva as pessoas ao seu redor.
- Sente grande identificação com a natureza e, por isso, aprecia o ato de cuidar e contemplá-la.
- Procura exercitar diariamente sua fé e fazê-la presente em cada pensamento, comportamento e ação, e também aplicá-la na construção de relacionamentos positivos.
Diferenças entre Religiosidade e Espiritualidade
- A religiosidade determina um caminho por meio de uma prática sistemática.
- A espiritualidade não necessita de práticas pré-determinadas, pode fluir livremente ou adotar práticas que façam sentido.
- Em geral, a religiosidade apregoa ícones de fé, mestres, exemplos a serem replicados (como Jesus Cristo).
- A espiritualidade não obriga que o modelo de alguém seja seguido, mas é comum e aconselhável que haja figuras inspiradoras.
- As verdades dentro das religiosidades estão determinadas de forma dogmáticas.
- Pessoas espiritualizadas, mas que não seguem uma doutrina podem mesclar crenças sempre agregando coisas que parecem ser benéficas.
- A religiosidade é quase sempre familiar, cultural, algo que trazemos de nossas famílias, amigos, que compartilhamos desde nossa infância.
- A espiritualização é algo muito particular desenvolvido durante a vida.
- Na religiosidade, encontramos conforto e respostas.
- A espiritualização também nos dá conforto, mas todas as respostas podem mudar, pois nada é definitivo.
A espiritualização nos leva a ter uma consciência maior e nós mesmos e do mundo. Passamos a nos conhecer melhor e a identificar nossos pontos fortes e limitações. Esse indivíduo busca exercitar, dia após dia, suas crenças e seus valores morais e éticos, tornando-os presentes em cada pensamento, comportamento e ação, assim como, aplicá-los na efetivação de relacionamentos positivos.
Uma das perguntas que mais escuto quando o assunto é espiritualidade é se espiritualidade e religiosidade é a mesma coisa, e a resposta é não. O conceito de religiosidade está ligado a instituições religiosas estruturadas e a um conjunto determinado de crenças, enquanto a espiritualidade remete a experiências individuais relacionados aos significados pessoais e de transcendência.
A religiosidade é o reflexo de um conjunto de crenças, rituais e liturgia que condiciona todos os seus adeptos a seguirem para terem um relacionamento com Deus ou deuses. Sabe quando você vai à missa e tem que seguir uma série de ações que vão desde ficar em pé na hora enquanto o padre lê a Bíblia, até tomar a hóstia santa? Ou também às práticas que um pastor indica a seus fiéis, desde os jejuns até as leituras… Essas ações são exemplos que demonstram os ritos e rituais de religiosidade.
A espiritualidade está muito mais ligada às experiências pessoais que cada indivíduo tem ao longo de sua vida e a forma como cada experiência o afeta. Para ser uma pessoa espiritualizada não é necessário seguir nenhum tipo de religião. Há muitas pessoas que se intitulam “espiritualizadas não religiosas”, esses indivíduos buscam desenvolver dia após dia uma filosofia de vida que o condicione a um desenvolvimento espiritual, com a natureza, pessoal e interpessoal através de crenças, valores e ações coerentes.
Conseguiu visualizar melhor os componentes de cada elemento espiritual? E você, se sente uma pessoa mais religiosa ou mais espiritualizada? Compartilhe sua visão e experiência pessoal nos comentários.
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