No processo de Constelação Familiar para poder entender com mais profundidade quem somos e porque somos, precisamos, muitas vezes, acessar informações desconhecidas e, vasculhar, a trajetória passada de nossa família para, então, conectar os pontos, entender a natureza dos fatos e, especialmente, como eles influenciam em nossas emoções, hábitos e resultados.
Neste sentido, é no campo fenomenológico que o campo mórfico acessa estas memórias familiares remotas e onde pode acessar as lembranças e os acontecimentos que estão influenciando negativamente a vida do familiar hoje. Em se tratando de Constelação, muitas vezes, a resposta que a pessoa busca não está aqui no tempo presente, mas no passado da família.
Desde os nossos primeiros passos ouvimos nossos pais, sentimos, observamos, experimentamos, são instintos conscientes em nós, aquilo que lembramos, e tem aqueles instintos que usamos mais não estão acessíveis, são conteúdos absorvidos pelo nosso inconsciente. Isso quer dizer que acontecimentos de hoje podem estar conectados diretamente a história de algum parente que sequer a pessoa teve a oportunidade de conhecer.
Um exemplo que Rupert nos dá da influência do campo morfogenético é o de um parente que por algum motivo foi apartado de sua família (abandono, morte por suicídio, encarceramento, rejeição…). Quando isso ocorre, o campo mórfico da família é marcado por esta exclusão, que vai repercutir nas próximas gerações com a repetição do afastamento, seja ela qual for, por parte de outro familiar.
A grande questão, como alerta Sheldrake, é que muitas vezes quando uma pessoa chega para buscar o auxílio para alguma dificuldade pessoal ou problema de família, muitos psicoterapeutas focam em buscar, no tempo presente, as respostas para estas questões. Contudo, esta lacuna pode estar atrelada não a uma dificuldade de agora, mas a uma pendência familiar do passado. Portanto, somente quando este campo for identificado, tratado, curado, transcendido e superado é que este padrão de exclusão será definitivamente quebrado e que a geração atual e as próximas estarão livres dele.
Para tanto ele Bert Hellinger propõe a existência em nós de uma consciência de 3 níveis de consciência:
A Consciência Pessoal: Desde o nascimento até o momento atual sua consciência está em total formação e se reformula dependendo do ambiente em que se encontra. Ela pode fazer você se sentir muitas vezes bem ou mal, tudo depende do grupo que participa. Para vivermos em sociedade precisamos seguir algumas regras, leis morais, ter limites e cumprir algumas exigências. A Consciência de alguma forma fica sempre te lembrando do que você pode ou não fazer, se pode ou não ter determinada atitude, o que é permitido sentir e expressar. Seguindo com essas imposições me incluo no grupo, supro as expectativas e com isso pertenço ao grupo. Pensando assim crio uma ilusão de que dessa forma todos irão me acolher.
A Consciência Coletiva: Quando pertencemos a um grupo, seja ele familiar ou de amigos estamos inseridos numa condição em que por mais que faça algo de errado você nunca deixará de pertencer a esse grupo. E se caso for excluido alguém da sua família vai assumir o seu destino mesmo após a morte.
A Consciência Espiritual: É aquela que une o que um dia separou, ou seja, aceitamos incondicionalmente as pessoas e as coisas pelo amor que sentimos sem ter preconceito, julgamento ou Essa consciência inclui tudo, reconecta, quando ativamos esse movimento garantimos a Sabedoria, Coragem, Humildade, Gratidão.
As Consciências nas Constelações Familiares agem em prol de um bem muito maior, a Consciência Espiritual nos traz o amor incondicional por todos, nos transmuta para fora dos limites da Consciência Pessoal, ela também nos freia para respeitarmos a Consciência Coletiva que é a união de todos, nela temos a hierarquia que seguimos os movimentos e evoluímos conforme o grau de afinidade com os nossos antecessores.
O processo de Constelação Familiar tem um papel fundamental neste processo de tomada de consciência, pois é por meio dele que a pessoa poderá finalmente identificar, com mais clareza, a fonte real do seu problema e os impactos daquele campo mórfico negativo sobre ela e sua família. Com isso, o constelador poderá aplicar as ferramentas certas para ajudar o indivíduo a eliminar os hábitos negativos que, por meio de uma ressonância de memórias inconscientes, estão prejudicando aquele núcleo familiar.
Quebrado este ciclo negativo, é possível desagregar um comportamento ruim, por exemplo, e agregar atitudes mais positivas e compartilhá-las com as próximas gerações. Esta mudança mental e comportamental é essencial para que acontecimentos do passado não venham a afetar seu tempo presente e para que, no futuro, a qualidade de vida dos membros da família não seja prejudicada por estas influências.
Contudo, para muitas pessoas pode ser muito difícil conectar suas lacunas atuais com algo acontecido com os seus antepassados, pois seu sistema de crenças pode lhes impedir de acessar e aceitar esta informação. Para que a Constelação Familiar surta o efeito desejado é muito importante quebrar esta barreira, uma vez que isso é o que facilitará as mudanças.
Ao realizar a constelação é importante ter claro em mente do poder do campo mórfico e considerar o fato de que as dificuldades provenientes dos comportamentos atuais, na verdade, podem ser o reflexo de comportamentos e eventos ocorridos lá no passado da família. Este entendimento vai ajudar você a realmente conquistar, com mais inteligência e assertividade, as respostas que precisa para conduzir melhor seus processos e ajudar seu cliente a evoluir, amadurecer, superar dificuldades e finalmente alcançar o próximo nível.
Em se tratando de Constelações, dentro do âmbito familiar são comuns os casos de casais que se separam. Muitas vezes o membro que tem a guarda das crianças acaba afastando os filhos de seu(ua) ex parceiro(a), e seus filhos por consequência de uma busca pela inclusão desse membro excluído no sistema familiar, acaba se tornando parecido com ele(a).
É válido lembrar que em sistemas não existem julgamentos, logo todos tem igual direito de pertencer. Pelo sistema de crenças, por pior que seja o comportamento de um pai ou uma mãe alcoólatra, ladrão, ou o que quer que seja, eles foram os melhores pais para aquele filho.
Para que o resgate da harmonia dentro desse sistema aconteça, é necessário que haja a inclusão, honra e respeito por todos os seus membros. Os filhos não existiriam se não fosse por seus pais.
Quando se trata de empresas, situações em que um funcionário tenha se demitido ou tenha sido tirado de seu cargo por alguma razão ruim, as próximas pessoas a entrar nessa empresa para ocupar o mesmo cargo, poderão ser excluídas por seus colegas. Isso acontece porque existirá um pré-julgamento por parte das pessoas, em relação ao novo colaborador. Entretanto, para o sistema, não existe exclusão.
Seja qual for o motivo pelo qual o colaborador tenha se desligado da empresa, é sempre bom que saibamos reconhecer o valor daquela pessoa, agradecendo pelo tempo em que esteve disponível e atuante dentro da empresa. Ainda que o colaborador tenha agregado pouco à empresa, a gratidão deve ser mantida, pois o tempo que o mesmo passou vinculado à empresa, serviu como aprendizado para a mesma.
Para sabermos o quão julgadores estamos sendo em relação ao pertencimento de cada pessoa dentro de um sistema, podemos nos fazer perguntas do tipo: Aquela pessoa está a serviço de quem? Quem precisa ser incluído, neste sistema ou no sistema familiar?
De acordo com Bert Hellinger, a falta de prosperidade de uma família, muitas vezes está associada à exclusão a mãe. Quando ela passa a ser novamente aceita na família, o fluxo volta a ser restabelecido e a família fica próspera e equilibrada novamente.