O cérebro humano é um dos grandes objetos de estudo da ciência, que ainda esconde diversos mistérios, e que instigam a nossa curiosidade. Trata-se de uma máquina, com conexões capazes de fazer com que todo o nosso corpo funcione em perfeita harmonia ou não.
Apesar de ainda esconder diversos mistérios, sabe-se que o cérebro tem grande capacidade adaptativa, podendo sofrer mudanças de acordo com as situações as quais é submetido ao longo da vida de um indivíduo.
Até bem pouco tempo atrás, os neurocientistas acreditavam que o nosso cérebro, que possui mais de 100 milhões de células neurais, não seria capaz de gerar novas células. Assim, a neurogênese, que é a capacidade do cérebro de gerar novos neurônios, não era considerada uma ação possível. A ideia era de que nascemos com X número de neurônios e ponto final, não haveria a possibilidade de criarmos outros ao longo da vida.
Antes, acreditava-se que a neurogênese ocorria apenas no desenvolvimento do cérebro e não que ela continuava durante toda a vida, mas estudos feitos recentemente concluíram que a neurogênese ocorre continuamente. A neurogênese ocorre em regiões específicas do cérebro humano adulto: o hipocampo e os ventrículos. Destes últimos, os novos neurônios migram para o bulbo olfatório.
Diversos fatores de crescimento envolvidos na neurogênese estão sendo investigados atualmente com o objetivo de entender a complexidade do processo. Quando vemos ou pensamos em um cérebro humano lembramos que temos circuitos neurais, bilhões de conexões se conectando e interagindo de formas cada vez mais associativas e diferentes. Nós somos circuitos neurais, e cada habilidade que possuímos é devido a células que temos que desempenham essa função.
Hoje sabemos mais do cérebro humano do que jamais soubemos. Aprendemos coisas nos últimos 10 a 20 anos, que mudaram completamente a maneira como os neurocientistas pensam sobre esse órgão e nossa relação com ele. Nos anos 80 nos disseram que nascemos e morremos com as mesmas células, e que não iríamos mais adquirir células ao longo da vida.
Destas constatações importantes, nasceu o conceito da Neuroplasticidade. Esta palavra deriva dos termos: neurônio e plástico. Os neurônios dizem respeito a todas as células nervosas do nosso cérebro, sendo que cada componente da célula neural é composto por um axônio e dentrites, interligados por nossas sinapses. Já a palavra, plástico, exemplifica a capacidade de nosso cérebro de se moldar, modificar, ajustar e se adaptar a novas situações.
Sendo assim, podemos definir a Neuroplasticidade como: a capacidade do nosso cérebro de se modificar e reorganizar para formar novas conexões neurais ao longo de nossa vida. Esta incrível habilidade permite, por exemplo, que os nossos neurônios (células nervosas) possam curar lesões e doenças, simplesmente ajustando o funcionamento do nosso cérebro aos novos acontecimentos ou mudanças no ambiente.
A neuroplasticidade diz respeito à capacidade do cérebro de se adaptar ao longo das experiências vividas e dos aprendizados. Trata-se de uma característica do sistema nervoso que é fundamental para a realização de qualquer atividade que estimule o cérebro, como prática de atividades físicas, leitura ou qualquer processo de aprendizado.
A todo o tempo, o nosso cérebro constrói novos caminhos neurais e está exposto a novas informações e insights. Quando, por exemplo, chegamos a um local diferente, com pessoas novas e interessantes, mas há muito barulho e não podemos conhecer e ouvir todas, ao mesmo tempo; para conseguir nos comunicar e interagir com elas; teremos que escolher uma pessoa de cada vez para conversar.
Esta metáfora nos mostra como nossas vias neurais nos ajudam a aprender algo novo, porém, para isso, é preciso dedicação e foco ao que estamos fazendo. Aqui a matemática é simples, quanto mais nos concentramos e praticamos uma atividade nova, melhores se tornarão nossas competências e habilidades, melhores nos tornaremos naquilo e mais condições teremos de superar desafios e problemas e ir além.
Para isso, entretanto, o nosso cérebro precisa ser constantemente estimulado, pois são estes estímulos que fazem nascer as novas conexões neurais, que por sua vez, fazem com que sinapses, que até então não trabalhavam juntas, possam se unir e nos ajudar a aperfeiçoar uma nova competência, talento, qualidade. Incrível, não é mesmo?
Com estas descobertas extraordinárias, diferente de alguns anos atrás, hoje também se acredita que até mesmo os idosos, se estimulados, são capazes de gerar mudanças mensuráveis em seu cérebro. Estas transformações podem ser mais complicadas nesta etapa da vida, porém, com dedicação, concentração e foco, podem sim ser realizadas.
Também conhecida como plasticidade neuronal, a neuroplasticidade está dividida em dois tipos: a plasticidade sináptica e a plasticidade de circuitos/redes neuronais. Vamos conhecer cada uma delas, para que assim possamos entender um pouco mais o funcionamento de nosso cérebro.
Plasticidade sináptica
Quando falamos em plasticidade sináptica, estamos falando de algo extremamente importante para o aprendizado e para a memória do cérebro humano. Basicamente, são sinapses que acontecem e que têm a capacidade de, ao longo do tempo, se fortalecerem ou enfraquecerem, dependendo do quanto a sua atividade está aumentando ou diminuindo.
Plasticidade de circuitos/ redes neuronais
Já a plasticidade de circuitos/ redes neuronais, diz respeito a algumas modificações e trans- formações que acontecem na atividade cerebral, e também na relação que existe entre os neurônios que estão sincronizados dentro de um circuito existente, assim como com a interconexão que acontece com outros neurocircuitos do cérebro humano.