Eu acredito que todos nós somos filhos de Deus. Mesmo que para você Deus tenha um nome específico, diferente, ou seja uma ideia de divindade diferente da minha, que sou cristão, também faz sentido dizer que somos filhos desse criador. A minha intenção em falar sobre Deus tem a ver com todo o movimento de transformação no mundo que, acredito, estejamos provocando. Essa força que modifica a vida das pessoas, suas formas de pensar e agir, de se relacionar e de criar, após uma formação no Instituto Brasileiro de Coaching, só pode ser divina, transcendental, ou, pelo menos, quântica.
Me lembrei, então, de aprender quando estudava o catecismo e a bíblia, sobre os Sete Dons do Espírito Santo. Eles são narrados como sendo seis, pelo profeta Isaías, mas aparecem na vulgata (primeira tradução bíblica popular) como sendo sete, tendo acrescido a “piedade”. Ao sermos batizados na fé cristã, recebemos todos os sete dons como graça de Deus, ou seja, sem que ele nos exija nada.
Lembrei-me deles porque os dons do Espírito Santo são justamente o que nos faz mais divinos e, não contraditoriamente, mais humanos – uma vez que humano e divino não são antagônicos, mas apenas dois campos de expressão do universo. O universo é divino e também é humano. Nós, humanos, temos em nós como essência divina esses dons.
Os dons do Espírito Santo são:
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Ciência, Conselho, Entendimento, Sabedoria, Piedade, Fortaleza e Temor de Deus
Esses dons agem em nós como se fossem conectores, que nos colocam em constante ligação com Deus e sua graça. Mas é preciso cultivarmos em nós esses dons, para que essa ligação seja suficientemente forte e capaz de fazer de nós criadores do reino de Deus aqui na terra. Tendo, primeiro, a consciência deles, conhecendo-os e reconhecendo-os em nós.
O dom da Ciência
Com esse dom temos ciência da nossa verdade espiritual. É Ciência não como oposição à espiritualidade, mas o dom de estarmos cientes de que somos parte de Deus, ou manifestações dele próprio. O dom da ciência nos faz apreciar o mundo sempre a partir da fé, com o prisma da vontade divina.
Para cultivar o dom da Ciência, devemos sempre nos perguntar: “Onde está Deus…”. Você vê algo acontecer, na sua casa, por exemplo, e se pergunta: “onde está Deus na minha casa?”. Onde está Deus no meu trabalho? Onde está Deus nesta pessoa que está na minha frente? Onde está Deus nesta notícia que estou lendo… Onde está Deus?
O dom do Conselho
Quando estamos em dúvida, precisando tomar uma decisão importante ou mesmo nos posicionar frente a alguma situação, nos vemos perdidos e procuramos um amigo conselheiro. Contudo, temos um conselheiro interior, cheio de amor, prudência e compaixão, esse conselheiro é o Espirito Santo e não é preciso procura-lo fora.
O dom do Conselho funciona com uma intuição muito poderosa, literalmente nossa voz da consciência, ele é o nosso auxilio nas horas definitivas. Ele já está em nós desde sempre, não é uma dádiva de alguns poucos eleitos, é dado a todo cristão. Nossa falta de fé e nosso distanciamento de Deus abafa os conselhos do Espirito Santo e nos distancia da direção divina.
O dom do Entendimento
Mesmo pessoas muito simples, sem estudo formal, tem a capacidade de compreender a mensagem de Deus, cultivando virtudes humanas e amor por toda a criação. Mesmo pessoas muito simples e também pessoas que nunca se interessaram pela leitura e estudo das sagradas escrituras, tem em si uma predisposição para captar os mistérios de Deus.
Vivemos em uma época de supervalorização dos currículos e da formação acadêmica. Mas mesmo um teólogo precisa do dom do entendimento para que as palavras de Deus se façam verdade dentro de si, caso contrário, será apenas mais uma informação captada cognitivamente.
O dom da Sabedoria
Inteligência é diferente de sabedoria. Nem toda pessoa inteligente consegue ser sábia, pois a sabedoria não se aprende como qualquer conhecimento. A sabedoria é uma condição sobrenatural que nos possibilita ver algo que não está sendo visto pelo demais, nos possibilita uma expansão de alma que, mais ensinar, toca no profundo de quem ouve.
“A sabedoria vale mais que as pérolas e joia alguma a pode igualar” (Prov 8, 11). Salomão poderia ter pedido todo o ouro do mundo, mas pediu a Deus sabedoria. A partir de então, a sabedoria tornou-se algo precioso, por isso um dom que só pode ser dado pelo Espirito Santo.
O dom da Piedade
Uma pessoa pia é alguém que está constantemente inclinada a ouvir e seguir os desígnios de Deus. Consiste numa disposição da alma que busca incessantemente a ação do Espirito Santo. Confiar em Deus e buscar seu conforto, acreditar em suas palavras e seguir seus mandamentos é um dom.
É bastante significativo o momento que estamos vivendo, em que muitos se negam a acreditar e seguir o criador, deliberadamente. Não é um julgamento, mas a constatação de que sem despertarmos e cultivarmos o dom da piedade, não temos condições internas de desejar e buscar fazer a vontade do criador.
O dom da Fortaleza
A máxima de que Deus não nos dá um fardo maior que nossa capacidade de carregá-lo se traduz no dom da Fortaleza. Venho dizendo sempre que o equilíbrio total é a morte, momento em que sessam todos os problemas e dificuldades, pois estes são inerentes à vida.
Não há vida sem dessabores, perdas, desafios e dificuldades, o que nos diferencia é a forma de agirmos frente a esses problemas. Pessoas que cultivam o dom da Fortaleza encontram, em cristo, a força necessária para suplantar a dor e as tristezas, na figura do cristo crucificado e flagelado. Com do dom da Fortaleza somos mais ágeis, fortes, dispostos e capazes.
O dom do Temor de Deus
Mesmo os que não creem, tem sempre muito respeito ao falar de Deus e assuntos considerados sagrados. Esta é uma disposição da alma, não se trata de um tipo de temor servil, mas de uma forma de reverenciar a Deus. Ser uma pessoa “temente” significa ser uma pessoa devotada e não alguém que teme e se afasta ou se esconde.
Os Sete Dons do Espírito Santo já estão em nós, não é preciso buscá-los ou brigar por eles, mas é preciso cultivá-los para que eles sejam sempre parte de nós e da nossa vida. Frequentemente digo que a viagem mais extraordinária que podemos fazer é para dentro de nós mesmos e, nesse sentido, o encontro com estes dons, o despertar de todos eles é também fruto desse processo.
Mergulhando dentro de nós mesmos encontraremos Deus. A divindade se manifesta em nós, não duvide disso. Cada pessoa que tocamos com nossa presença e toda a energia que gastamos para servir à humanidade é a manifestação de Deus por meio de nós.
Cada dom que deixamos aflorar nos faz mais humanos e também mais próximo de Deus. Nossa humanidade e nossa divindade são ambas partes de nosso ser e de nossa existência. Eu tenho dons, você tem dons, e o que fazemos com eles? Temos consciência desses dons? Usamos esses dons para o bem de todos e para a transformação do mundo?
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