Talvez você já tenha ouvido falar a respeito da síndrome de Estocolmo em filmes e séries. Inclusive, a série La Casa de Papel, um grande sucesso recente da Netflix, retratou um pouco do que é essa síndrome através de uma história parecida com a que originou o nome desse estado psicológico nos anos 70. Continue acompanhando o artigo para entender melhor do que se trata.
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Entenda o Que é a Síndrome de Estocolmo
Em 1973, um banco de Estocolmo, capital da Suécia, foi invadido por um assaltante, que fez quatro funcionários de refém. Uma de suas primeiras exigências foi que a polícia libertasse um presidiário, que era considerado o mais conhecido do país, e o levasse até o banco para se juntar a ele. Assim, ao longo dos seis dias de sequestro, as vítimas desenvolveram uma relação de apego com os criminosos e tiveram momentos inusitados juntos, como partidas de baralho e muita conversa.
Durante as negociações com a polícia, um dos assaltantes falou sobre a possibilidade de os deixarem sair do país de carro com dois reféns. Os policiais, claro, rejeitaram a ideia e se surpreenderam com o fato de que, ao falarem por telefone com um dos reféns, ouviram que ele confiava plenamente no sequestrador e viajaria o país todo com ele. Depois de muitas tentativas, a polícia conseguiu resgatar as vítimas e capturar os criminosos com a ajuda de gás lacrimogêneo, que foi liberado na parte de cima do prédio.
Ao deixarem o banco, os reféns afirmaram que não queriam que a polícia machucasse os assaltantes. Então, com base nesse comportamento, o psicólogo e criminologista Nils Bejerot, que integrou a equipe que ficou responsável pelo caso, cunhou o nome Síndrome de Estocolmo, que se refere à situações em que a vítima cria uma relação de apego com o seu agressor, como uma tentativa inconsciente de conquistar a simpatia dele e se proteger.
Principais Sintomas da Síndrome de Estocolmo
Não há uma lista oficial de sintomas da Síndrome de Estocolmo, porém, com base na análise de casos conhecidos, é possível identificar os seguintes comportamentos nas vítimas e agressores.
- Sentimentos positivos da vítima em relação ao agressor;
- Sentimentos negativos da vítima em relação à família, amigos ou autoridades que tentam salvá-los daquela situação;
- Apoio em relação aos comportamentos do agressor, incluindo os mais violentos, que são vistos pela vítima como justificáveis por diversos motivos;
- Sentimentos positivos do agressor em relação à vítima;
- Colaboração entre vítima e agressor, muitas vezes, os reféns passam a auxiliar os criminosos em sequestros;
- Incapacidade por parte da vítima de se envolver em ações que possam ajudar no seu resgate.
A Síndrome de Estocolmo Retratada na Série La Casa de Papel
Se você assistiu à série La Casa de Papel, da Netflix, provavelmente associou a história real ocorrida na Suécia com a da personagem Mónica Gaztambide, funcionária da Casa da Moeda da Espanha e refém do sequestro, e do sequestrador Denver. Realmente, apesar dos excessos muitas vezes presentes em produções de ficção, as histórias têm, sim, algumas semelhanças.
Em um primeiro momento, todos os reféns, incluindo Mônica, sentem um grande medo dos sequestradores. Porém, com o passar dos dias e através da convivência, ela e Denver começam a se aproximar, se envolvendo romanticamente. Tanto que, após o fim do sequestro, em vez de voltar para casa juntamente com todas as outras vítimas, ela decide se juntar ao grupo de criminosos e construir uma nova vida ao lado de Denver.
O Perfil das Vítimas da Síndrome de Estocolmo
O principal motivador da Síndrome de Estocolmo é o desejo de sobreviver a aquela situação de perigo. Assim, as vítimas, de modo inconsciente, dão maior atenção para pequenos atos de bondade praticados pelo criminoso, deixando de enxergar todo o contexto negativo no qual estão inseridas, passando a acreditar que ele é uma boa pessoa. Elas, então, começam a se esforçar para o verem felizes, com o intuito de fortalecer o laço com ele e se protegerem.
O mais interessante é que as vítimas desse tipo de situação costumam negar que o envolvimento se deu por conta de um instinto de sobrevivência, e afirmam veementemente que se trata de um amor ou amizade que surgiu naturalmente, independente de estarem ou não inseridos em um contexto de sequestro. A verdade é que não há como saber com total certeza se todos os casos como esse são frutos de uma síndrome, contudo, por se tratar de uma situação um tanto quanto diferente, acredita-se que grande parte deles seja.
Mais recentemente, psicólogos e pesquisadores expandiram o significado da Síndrome de Estocolmo, que não é mais considerada exclusiva de situações de sequestro. Hoje, ela também é identificada em vítimas de violência doméstica, crianças que são maltratadas e outros tipos de abusos. Porém, é importante deixar claro que o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais não reconhece esse comportamento como um distúrbio mental e, portanto, existem divergências entre especialistas em relação ao tema.
A Síndrome de Estocolmo Não é uma Regra
É importante lembrar que a Síndrome de Estocolmo não é uma regra em situações de sequestro ou outros tipos de abuso. Na realidade, existem quatro fatores que podem desencadear esse comportamento, veja a seguir quais são eles.
1 – Ameaça à Sobrevivência: como disse anteriormente, a Síndrome de Estocolmo é motivada pelo instinto de sobrevivência. Assim, a vítima se submete às ordens do agressor na tentativa de não contrariá-lo e evitar sofrer as consequências.
2 – Tempo de Abuso: o tempo também é um fator importante, já que a empatia é construída com o passar dos dias. No caso que deu origem ao nome da síndrome, o contato entre vítimas e agressores se deu por seis dias, que ficavam juntos o tempo todo.
3 – Pequenos Atos de Bondade: quando se está em meio a uma situação de grande perigo, pequenos atos de bondade ou gentileza ganham proporções muito maiores. Dessa maneira, o fato de os sequestradores oferecerem comida ou concederem alguma “regalia” à vítima faz com que ela supervalorize aquele gesto.
4 – Incapacidade de Libertação: por último, quando a vítima se vê sem outra saída, senão ceder às ordens do agressor, se esforça para tornar a situação na qual está inserida o menos perigosa possível, esforçando-se para agradá-lo.
Como se pode ver, a Síndrome de Estocolmo é marcada por sentimentos um tanto quanto complexos. E você, já tinha ouvido falar sobre esse assunto? Deixe a sua opinião nos comentários abaixo!
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