Desenvolvido nos anos 70 pelo psicólogo Gordon Gallup, o teste do espelho tem como objetivo testar se animais e seres humanos, no caso, crianças, possuem a capacidade de se reconhecerem ao verem sua imagem refletida. O curioso é que apenas algumas espécies passaram no teste e, em se tratando das crianças, o resultado variou de acordo com a idade. Continue acompanhando para entender exatamente como o experimento é realizado e as suas conclusões.

Origem do teste do espelho

Apesar de o teste ter sido criado em 1970, suas raízes são um pouco mais antigas. A ideia de combinar animais e espelhos veio de Charles Darwin, um grande cientista que viveu entre 1809 e 1882 e revolucionou o mundo com sua teoria da seleção natural. Darwin estava realizando um estudo com orangotangos e resolveu oferecer um espelho a um deles. Sua dúvida era se o animal conseguia identificar que era a sua própria imagem refletida ou se achava que se tratava de outro orangotango.

Um século depois, o psicólogo Gordon Gallup se baseou nesse experimento de Darwin para testar a autoconsciência de espécies diversas de animais e também de seres humanos. O primeiro teste foi realizado com chimpanzés, eles foram anestesiados receberam uma marca totalmente sem cheiro próxima à sobrancelha e, depois de despertar, eram colocados de frente a um espelho.

O resultado obtido por Gordon foi que os chimpanzés realmente perceberam que era sua própria imagem refletida, pois faziam movimentos para tirar a mancha. Então, ele partiu para realizar o teste com outras espécies, como golfinhos, pombos, orcas e elefantes, que, na maioria das vezes, mostraram ter autoconsciência. Já os macacos não demonstraram entender que estavam vendo sua própria imagem no espelho.

Resultados obtidos pelo teste do espelho com seres humanos

Se uma pessoa passa por um espelho e vê uma mancha em seu rosto, sua primeira reação e passar as mãos sobre ela para retirá-la. Mas, e se for uma criança de alguns meses de idade? Gordon Gallup teve essa mesma dúvida e também realizou o teste com os pequenos. Ele constatou que a partir de um ano e meio de vida o indivíduo começa a ter mais consciência em relação à própria imagem, com poucas falhas. Ao completar dois anos de idade a grande maioria passa no teste.

Há pouco mais de 30 anos, um novo teste foi realizado, dessa vez com crianças maiores, de seis anos de idade, e que foram criadas em culturas onde não há espelho. Mesmo elas, que não sabiam da existência de um objeto que mostrava sua própria imagem, conseguiram identificar que havia uma mancha em seus rostos.

Anos depois, outros testes foram feitos com crianças, também de seis anos de idade, em regiões mais remotas do mundo, como Fiji, um arquipélago localizado no Pacífico Sul. Apesar de demonstrarem que reconheciam a própria imagem refletida no espelho, elas não demonstraram qualquer reação em relação à mancha localizada em seus rostos.

Todas essas constatações tornam o teste desenvolvido por Gordon Gallup um tanto quanto controverso. Afinal de contas, é óbvio que crianças com seis anos de idade já tenham a autoconsciência desenvolvida, então, não há um consenso em relação a qual seja a constatação que o teste do espelho é capaz de trazer.

Alguns especialistas acreditam que as crianças que não passaram no teste veem seu reflexo no espelho como um terceiro elemento, ou seja, elas não se identificam, mas também não acham que se trata de outra pessoa. É como se fosse uma imagem abstrata que elas não conseguem explicar exatamente.

Variações nos resultados do teste do espelho

Em nenhuma das aplicações do teste do espelho houve unanimidade nos resultados. Tanto em grupos de crianças quanto de espécies diversas de animais, tiveram casos de identificação e não identificação. Inclusive, os primeiros testes feitos com elefantes não tiveram resultados satisfatórios, posteriormente, um grupo de pesquisadores refez o experimento utilizando espelhos maiores, compatíveis com o porte dos animais. Isso mostrou que o tamanho do espelho influencia nos resultados, pois a maior parte deles conseguiu se reconhecer ao ver a própria imagem completa.

Em se tratando de gorilas, algo bastante curioso é que alguns não demonstraram uma reação imediata ao verem a mancha. Contudo, agiram de modo a escondê-la para tentar retirá-la sem que ninguém visse. Assim, mostraram que têm não apenas autoconsciência como também um sentimento de constrangimento social, algo que se acreditava que apenas seres humanos possuíam.

Como se pode ver, os resultados possuem muitas nuances e que dão base para vários tipos de interpretações. Há quem defenda que o teste do espelho seja realmente uma metodologia para verificar autoconsciência, enquanto outros especialistas acreditam que ele meça apenas as prioridades de um indivíduo. No caso dos elefantes, por exemplo, cobrir o corpo de lama é algo totalmente comum para eles, assim, uma pequena mancha pode não ser suficiente para que se incomodem.

Teste do espelho como ferramenta de autoconhecimento

Você também pode utilizar o espelho como uma ferramenta para se conhecer melhor. Mas, acalme-se, não será necessário fazer nenhuma mancha em seu rosto. Basta que tire um tempo para se observar, olhar sua imagem refletida e, até mesmo, aprender a apreciá-la. Aproveite esse momento para olhar nos seus olhos e conversar consigo mesmo, dizer palavras de afirmação, enfim, fortalecer sua conexão interna.

Essa é uma prática bastante interessante para pessoas que costumam se olhar no espelho apenas para procurar imperfeições. Se esse é o seu caso, no início é natural que comece o exercício logo focando nas coisas que não gosta. Quando isso acontecer, pare e volte a se olhar de modo gentil, apreciando os traços que fazem de você uma pessoa única. Observe a cor e formato dos seus olhos, seus nariz, sua boca, sua pele, perceba como essas características se relacionam com a sua identidade.

Em se tratando de diálogo, faça perguntas a si mesmo relacionadas a quem você é, as coisas que deseja realizar, aos seus sentimentos. Aja como se estivesse conhecendo uma pessoa nova e demonstre interesse em saber mais sobre ela. Não tenha vergonha, afinal de contas, não terá ninguém te olhando, então, se solte e se permita.

Você já tinha ouvido falar a respeito do teste do espelho de Gordon Gallup? Gostou da ideia de se inspirar nele e adotar essa prática para se conhecer melhor? Deixe sua opinião nos comentários abaixo!

 

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