Texto por – José Roberto Marques e Pe. Jovandir Batista 

 

Um importantíssimo ponto de intersecção entre o Coaching e a religião está no lugar privilegiado das metáforas e narrativas. A essência da religião está em contar histórias. A Bíblia é o livro mais vendido e lido do mundo, simplesmente pelo fato de conter histórias. Quem não gosta de histórias? Para atrairmos público, temos que contar histórias. E neste sentido, a religião atrai mais e mais pessoas por ser um espaço para compartilhar histórias. São muitas as histórias, mesmo repetidas, mas é isso que prende a atenção das pessoas: ouvir as mesmas histórias várias vezes e encontrar conexões entre elas e as histórias da própria vida.

O povo conta e reconta a história de Jó, de Ester, Rute, Davi, João Batista, Maria e José, de Jesus de Nazaré. São algumas grandes histórias bíblicas que ilustram as nossas em particular: dramas, dores, solidão, sucesso, propósito, destino, fugas, conquistas, abandono, superação.

No confessionário e mesmo na sacristia das igrejas, ouve-se muitas histórias; no coachtório, segue-se a mesma regra… histórias. Aliás, só há verdade no processo de Coaching se a primeira conquista do coachee for conseguir contar uma nova história da sua própria história.

Finalizaremos essa primeira parte com uma ferramenta que permite profunda conexão consigo mesmo, que tem a ver com contar a própria história, tem a ver com acolhida — de si mesmo e dos demais — e tem a ver com o início do processo de Coaching. Ela se chama Shazam. O Shazam é o encontro de nossa luz com nossas sombras. Duas naturezas que se chocam, produzindo uma explosão de novas energias.

Trata-se de um conjunto de perguntas que se retroalimentam em direção ao senso de significado de vida, propiciando maior compreensão em tempo menor. É uma ferramenta com foco na melhor pessoa e nas maiores dificuldades que existem dentro de cada um de nós. É uma forma de transcrever e convidar a refletir sobre a própria essência. Um convite à sua mente para buscar as suas respostas escondidas.

Essa ferramenta é como um presente: faz perguntas à mente inconsciente e traz à tona os pontos de melhoria, de ressignificação, de alegrias, dores, traumas, luz e sombra… É a possibilidade de expressão da mente inconsciente. Quando falamos de forma indireta e profunda, estamos convidando a trazer lá de dentro conteúdos de extrema importância para a pessoa. Shazam é um conjunto de perguntas cujas respostas levantam rapidamente um inventário pessoal e profissional que dá foco ao cliente.

As perguntas básicas que compõem o Shazam são:

1. Quais foram os 3 momentos mais maravilhosos da sua vida?

2. Quais foram os 3 momentos mais ruins ou difíceis da sua vida?

3. Se você pudesse voltar ao tempo e escolher um desses 6 momentos, para qual você voltaria?

4. Há mais alguma coisa que você acredita ser muito importante

compartilhar comigo agora?

5. O que move você? O que motiva você? O que o faz acordar todos os dias?

 

No primeiro passo, o coachee busca em sua memória os momentos em que se sentiu mais feliz, confortável, confiante e amado. Nem sempre conseguimos buscar esses momentos com muita facilidade, pois costumamos dar mais foco à tristeza que a alegria. Na dificuldade, podemos perguntar: “Houve algum momento em que você esteve muito bem, à vontade, tanto, que aquele instate tenha parecido um sonho, e não realidade?”;

No segundo passo, buscamos os momentos marcados por tristeza, rompimento, perda ou desafio. Esses momentos costumam aparecer com mais evidência, e não será difícil selecionar três;

No terceiro passo, diante da pergunta “se você pudesse ressignificar, reviver o tempo, para qual dia você voltaria?”, o coachee vai dizer o que é mais importante: o bloqueio ou a alegria. Esse foco tem que ser analisado com muito cuidado pelo coach, e a interpretação deve ser acompanhada pelo coachee;

No quarto passo, quando perguntamos se o coachee tem mais alguma coisa para falar, damos espaço para a espontaneidade, muito importante no processo de Coaching. Assim, o convidamos a ir além e dar mais um passo. É uma metodologia para acelerar o processo e encontrar o significado que o cliente tem de si mesmo;

No quinto passo, as perguntas sugerem ao coachee refletir suas escolhas, crenças, missão e legado, tangibilizando cognitivamente as razões pela quais vive e é feliz. Mais do que isso, este passo sugere o quanto estamos ou não nos movendo em direção aos nossos sonhos.

Você pode aplicar essa ferramenta estando só, com amigos, em família etc. É sempre uma boa alternativa para iniciar alguma boa conversa e ir direto à essência do assunto. Uma ótima ferramenta para usar com a esposa, com o esposo, inclusive naqueles momentos em que o assunto acaba. Pode-se fazer isso tanto de forma séria, como brincando. Também, por mensagem de celular e mesmo sozinho, mentalmente, quando se quer desenvolver uma ideia. Aplique o Shazam. É uma boa oportunidade para conseguir informações, mesmo aquelas muitas vezes travadas com os filhos ou com outros que amamos.

Exercite o Shazam, e verá quanta coisa ganhará novo sentido em sua vida. Faça perguntas, afinal são as perguntas que movem o mundo, e não as respostas. Perguntas levam além, respostas fazem estacionar, acomodam-se em algum sistema. Aprender a arte de perguntar é dar sempre um novo olhar à vida.

 

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