As relações entre a humanidade e os alimentos foram se tornando cada vez mais complexas ao longo do tempo. Alimentar-se não é apenas engolir um vegetal ou uma fruta para absorver seus nutrientes. É um hábito associado a uma série de escolhas e comportamentos.

A seleção dos alimentos, o modo de preparo, a quantidade de refeições diárias, o valor nutricional da comida e até mesmo os impactos das emoções sobre a alimentação tornaram esse processo muito mais complexo. É neste contexto que surge a nutrição comportamental.

Entendendo a nutrição comportamental

Na atualidade, muitas pessoas têm manifestado alguns problemas comportamentais em relação à alimentação: comer compulsivo, dificuldade em emagrecer ou perder peso e sentimento de culpa após alimentar-se são alguns deles, que podem, inclusive, desencadear distúrbios alimentares mais graves.

Por conta disso, surgiu uma nova área do conhecimento, a nutrição comportamental, que estuda os comportamentos das pessoas em relação aos alimentos. Esse campo do saber engloba os aspectos sociais, culturais, psicológicos, fisiológicos e emocionais da alimentação, oferecendo uma visão holística sobre o ato de comer.

De que forma a nutrição comportamental pode ajudar?

A nutrição comportamental envolve práticas terapêuticas e entrevistas para identificar possíveis hábitos alimentares inadequados.

Entre eles, é possível destacar: falta de horários regulares, escolha de alimentos pobres em determinados nutrientes ou excessivos em outros, além do chamado comer compulsivo (utilização da alimentação para obter algum prazer capaz de amenizar estresse, depressão, ansiedade, entre outras emoções desagradáveis).

Mais do que o aconselhamento nutricional clássico, a nutrição comportamental estimula o indivíduo a identificar possíveis associações que estabelece entre seu estado emocional e a maneira como se alimenta. É o caso das pessoas que, depois de um dia estressante, comem um hambúrguer gorduroso ou uma barra de chocolate como “mecanismo de recompensa”, por exemplo.

Essa área, portanto, promove a reflexão e a identificação dos comportamentos alimentares que não estão sendo saudáveis, por motivos emocionais. Assim, médicos, nutricionistas, psicólogos, terapeutas e demais profissionais da área da saúde conseguem trabalhar os conflitos emocionais vivenciados pelas pessoas, antes mesmo de receitar dietas e exercícios físicos.

Atingindo objetivos

Todo indivíduo que seja diagnosticado com comportamentos alimentares inadequados deve ter um objetivo em sua mudança de hábitos: escolher alimentos mais saudáveis, reduzir o consumo dos alimentos gordurosos, manter ou perder peso etc.

Para alcançar esses objetivos, o indivíduo precisa quebrar os circuitos emocionais e comportamentais que provocaram os problemas que está enfrentando, substituindo-os por novas associações, mais saudáveis, para suas escolhas alimentares. Isso permite uma alimentação mais consciente, em que a pessoa se alimenta porque é preciso, e não para compensar problemas emocionais.

Trata-se, portanto, de um processo cognitivo-comportamental. Cognitivo porque envolve a identificação de um problema e o aprendizado de técnicas que o solucionem. Comportamental porque exige que essas técnicas sejam postas em prática para que os objetivos sejam alcançados.

A administração eficaz de nossas emoções permite que façamos escolhas mais sábias em todas as áreas da vida. Com a alimentação, não é diferente. A inteligência emocional, associada a comportamentos saudáveis, possibilita que sejamos capazes de escolher alimentos mais nutritivos, comer sem dependências emocionais, seguir dietas, praticar atividades físicas regularmente e até mesmo emagrecer.

Essa é a proposta da nutrição comportamental.