Tudo aquilo que possuímos (ou, ao menos, boa parte) foi adquirido com dinheiro. As relações de consumo que estabelecemos são assim definidas, por meio da aquisição de produtos ou serviços em troca de um valor financeiro.
O objetivo do consumo é que as pessoas consigam resolver as necessidades que identificaram. Compramos comida para resolver a necessidade da fome. Compramos um carro para resolver a necessidade do transporte em longas distâncias.
No entanto, será que tudo aquilo que consumimos é mesmo necessário? Essa pergunta é o ponto de partida para estabelecer a diferença entre consumo e consumismo. Continue acompanhando este artigo para compreender melhor o conceito de consumismo e suas principais consequências.
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Consumismo: entendendo o problema
O consumismo é definido como um fenômeno (ou mesmo um estilo de vida) em que as pessoas compram em grandes quantidades, ou em frequência maior do que a necessária, itens de que muitas vezes nem sequer necessitam – superficiais.
Ao contrário do consumo, o consumismo é caracterizado por compras cujo motivo é um significado simbólico (prazer, desejo, sucesso, felicidade) e não a real utilidade do item adquirido.
Para entender as origens do consumismo, é importante conhecer a história. A Revolução Industrial acelerou a produção dos artigos, sistematizando e mecanizando os processos. A abundância de produtos tornou-os mais baratos e, consequentemente, mais acessíveis a diferentes camadas da população.
Esse acesso facilitado a produtos que anteriormente estavam restritos às classes mais altas foi o grande estopim do consumismo. A industrialização, a consolidação de uma economia liberal, a população assalariada e o desenvolvimento da comunicação publicitária foram os ingredientes de uma sociedade que deixou o consumo para mergulhar no consumismo.
É claro que nem toda pessoa da atualidade é consumista, mas não se pode negar que são muitas as que compram itens de que não necessitam realmente, em quantidades excessivas.
O que leva uma pessoa ao consumismo?
Compreendidas as raízes históricas do problema do consumismo, há também fatores psicológicos e midiáticos que fomentam esse tipo de comportamento. A seguir, você confere os principais motivos que levam as pessoas ao consumismo:
1. Necessidade de pertencimento
Atualmente, as pessoas têm sido, infelizmente, muito mais julgadas por aquilo que possuem do que por aquilo que são ou que fazem. Utilizar uma bolsa da marca X ou um carro da marca Y apresenta diversos significados de estilo de vida, condição socioeconômica, poder, status, entre outros.
Desde a infância e a adolescência, adquirir um determinado item torna-se a possibilidade de ser aceito num determinado grupo. Não ter um determinado brinquedo, não ter uma roupa de uma marca específica ou não ter um celular de última geração pode, infelizmente, ser motivo de rejeição social.
Dessa maneira, muitas pessoas compram determinados produtos apenas pelo status que lhes conferem, de modo que sejam socialmente aceitas e sintam-se pertencentes a seus grupos.
2. A força da mídia
Boa parte desse status que os produtos conferem a quem os compra vem da mídia. A comunicação publicitária, os filmes e as telenovelas, por exemplo, são poderosas vitrines de produtos e de estilos de vida de celebridades, que tendem a ser imitadas pela população em geral.
Como a industrialização aumentou a disponibilidade e a qualidade de produtos à população em geral, as empresas precisaram desenvolver suas marcas para obterem diferenciais competitivos, focando mais em si mesmas do que nos produtos em si.
Por isso, uma Ferrari pode ter basicamente as mesmas funções de um carro popular – transportar pessoas em longa distância –, mas o status conferido ao seu proprietário é completamente diferente: conforto, luxo, poder, estilo e riqueza.
Isso estimula nas pessoas certa competitividade, em que “ganha” quem possuir o melhor produto. Movidas pelo desejo e por uma comunicação altamente persuasiva, acabam por adquirir produtos movidas pelo desejo de status, e não por uma real necessidade.
3. Comportamentos compulsivos
Esse cenário de competição entre indivíduos com base em sua capacidade de adquirir produtos, potencializada pela ação da mídia, pode desencadear um problema psicológico: o consumo compulsivo.
A necessidade de pertencer a um grupo e de adquirir produtos para que isso aconteça frequentemente esconde baixa autoestima. Triste e desanimada, a pessoa “desconta” suas frustrações pessoais no ato de consumir. Ao comprar uma bolsa nova, por exemplo, o indivíduo é invadido por uma sensação de prazer imediato.
Quando isso acontece, o cérebro faz a associação fatal entre consumo e prazer, passando a estimular na pessoa esse desejo com cada vez mais frequência. Assim, em qualquer situação de fragilidade emocional, o indivíduo encontra no consumo um escape para sentir-se momentaneamente mais feliz, sem que de fato resolva seus problemas internos.
Quais são as consequências do consumismo?
Você provavelmente já percebeu que o consumismo não é um hábito saudável. Suas consequência podem ser sentidas em âmbito psicológico, financeiro e ambiental.
1. Materialismo
O consumismo anda de mãos dadas com o materialismo. As pessoas podem cair na ilusão de que a felicidade depende exclusivamente dos bens materiais que possuem.
Não há problema em você gostar daquilo que comprou e sentir-se feliz com um novo carro ou uma nova roupa. No entanto, é importante ter em mente que, apesar do conforto que os bens consumidos proporcionam, eles não são sinônimos de felicidade.
Saúde física e mental, bem-estar, família e amigos são pilares de uma vida feliz que não se compram. Bens materiais trazem, sim, conforto, mas é perigoso depositar toda a noção de felicidade neles, já que todo bem material tem prazo de validade.
2. Problemas financeiros
Essa é uma das mais óbvias e temidas consequências do consumismo: os problemas financeiros. Movidas pelo desejo, as pessoas consomem em excesso, muitas vezes para compensar as questões psicológicas citadas anteriormente. Contudo, o que parecia ser uma solução torna-se um problema ainda maior quando a fatura do cartão chega.
O que era uma estratégia para aliviar o estresse acaba se tornando uma fonte ainda maior do problema. Acumulando dívidas, as pessoas podem acabar entrando em graves crises financeiras, das quais é difícil sair, por conta do comportamento consumista.
3. Impactos ambientais
Por fim, é importante destacar que o estilo de vida consumista demanda que mais produtos sejam confeccionados e que, consequentemente, mais matérias-primas sejam extraídas da natureza e mais fontes de energia sejam utilizadas.
O problema é que muitas dessas matérias-primas e fontes de energia podem ser não-renováveis, comprometendo a disponibilidade futura desses recursos no planeta. Além disso, mesmo quando os recursos naturais são repostos, isso nem sempre é feito da maneira adequada.
Há até mesmo estudos que apontam que o padrão contemporâneo de consumo é um dos fatores que provocam o aquecimento global.
Como ser um consumidor consciente?
Analisando tudo o que foi exposto acima, fica fácil entender que consumir em excesso provoca catastróficas consequências para nossa saúde emocional, para nosso bolso e para o planeta em que vivemos – que não consegue suportar esse padrão de consumo.
Por isso, o consumo consciente é aquele em que:
- Verificamos se realmente existe a necessidade de adquirir o produto;
- Comparamos o custo-benefício de diferentes fornecedores;
- Pesquisamos a política das empresas no que diz respeito à exploração de seres humanos, de animais e de recursos naturais;
- Priorizamos os produtos recicláveis, reutilizáveis ou que possam ser adequadamente descartados, com o mínimo de impactos ambientais;
- Entendemos que consumir significa resolver problemas e necessidades, e não “comprar felicidade”.
Agora que você já compreende as diferenças entre consumo e consumismo, responda aqui nos comentários: você é consumidor ou consumista? Por quê? O que tem feito para melhorar as suas relações de consumo?
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