Diz-se popularmente que as pessoas são como icebergs. Isso quer dizer que aquilo que enxergamos consiste apenas em uma parte do que elas são de verdade. Essa parte é a imagem e também a personalidade do indivíduo — aquilo que ele permite que os outros vejam.

No entanto, assim como os icebergs, cada indivíduo possui uma parte muito maior de si que não é visível. É uma face oculta onde podem estar os chamados “alter egos”. Você já ouviu falar nisso? Sabe qual o significado dessa expressão?

Continue a leitura deste artigo para compreender o significa alter ego e quais são as vantagens e desvantagens de ter um.

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O significado de alter ego

Alter ego é uma expressão em latim que se traduz para o português como “outro eu”. Essa expressão se refere às facetas que estão dentro de cada pessoa, mas que elas não permitem que sejam vistas pelos outros. O alter ego corresponde à parte imersa do iceberg, ou seja, aquilo que faz parte do indivíduo, mas que ninguém vê, exceto ele mesmo.

Um alter ego é uma outra versão de um indivíduo, que geralmente possui características diferentes da personalidade que ele costuma exibir. O alter ego faz parte de nossa mente inconsciente e, segundo especialistas, pode se referir àquele herói, àquele vilão ou àquele artista que está ali dentro de nós, adormecido.

É possível, por exemplo, que você seja uma pessoa extremamente lógica e racional, tanto que escolheu trabalhar com contabilidade. No entanto, lá no âmago de seu ser, pode existir um alter ego de artista, isto é, alguém sensível e criativo que, no dia a dia, você não deixa aflorar.

As origens da expressão “alter ego”

O médico alemão Franz Mesmer foi o primeiro a utilizar a expressão, ainda no século XVIII. Ele se utilizava de técnicas de hipnose nos tratamentos de seus pacientes. Ao longo do tempo, ele percebeu que, durante o transe hipnótico, alguns desses pacientes manifestavam características a comportamentos diferentes de sua forma habitual de ser.

Como, na visão do médico, era como se houvesse “outro indivíduo” dentro do paciente, porém “adormecido”, ele passou a utilizar a expressão alter ego para referir-se a esse comportamento.

No mundo das artes, especialmente na literatura, o alter ego é bastante explorado. Muitos autores criam histórias e colocam os traços de seu alter ego na personalidade dos protagonistas. O autor pode ser, por exemplo, alguém extremamente correto e metódico, mas cria um protagonista passional e emotivo, expressando esse seu lado encoberto. Alguns críticos, por exemplo, consideram que a personagem Emília, do “Sítio do Picapau Amarelo”, seja um alter ego do autor brasileiro Monteiro Lobato.

Alguns exemplos famosos

Ainda no mundo das artes, é dito que todo ator coloca um pouco de si nos papéis que interpreta. Alguns deles afirmam gostar de interpretar vilões, por exemplo, pois isso lhes permite trazer à tona o lado mais ambicioso e perverso que possuem, mas que a vida real não permite que surja.

Nas histórias em quadrinhos ocorre um processo similar. Os super-heróis são pessoas comuns que, em dado ponto da vida, descobrem habilidades além das capacidades humanas e, com isso, fazem justiça na sociedade. É o caso de Clark Kent, um tímido jornalista que procura omitir o herói que habita dentro de si — o seu alter ego.

Na vida real, o caso mais famoso e bem-sucedido de alter egos provavelmente foi o de Fernando Pessoa, poeta português do século XIX. Ele criou heterônimos — outros nomes para assinar suas próprias obras — e deu a cada um deles uma personalidade própria. Os mais famosos eram: Álvaro de Campos (um engenheiro bastante crítico), Ricardo Reis (um médico de estilo clássico) e Alberto Caeiro (um camponês simples e objetivo).

Trazendo os exemplos para o mundo contemporâneo, a modelo Gisele Bündchen também sentiu a necessidade de criar um alter ego. Segundo a modelo, a pressão de sua profissão era tão grande que, num dado momento, ela sentiu que precisava separar a Gisele da vida pessoal da Gisele top model internacional. Para essa última, criou a personagem “Ela”, alguém pronto para lidar com a fama, com as entrevistas, com as fotos, com os eventos, com as passarelas e com a pressão da rotina.

As vantagens do alter ego

A adoção de um “novo eu” pode trazer recursos terapêuticos, segundo os especialistas. Ele pode agir de forma complementar e realizar coisas que o indivíduo, em seu jeito de ser habitual, talvez não tivesse coragem para fazer.

Talvez, você, que agora lê este artigo, seja uma pessoa extremamente insegura. Ao criar um alter ego autoconfiante e corajoso, pode reunir a ousadia que falta para alcançar os seus objetivos e, gradativamente, se expor às pessoas perdendo a timidez. Não se trata de uma mudança de personalidade, mas de um jogo de imaginação que pode trazer algum proveito. Ele permite que a pessoa se liberte das limitações impostas por seu próprio ego.

Ao criar essa personagem, você pode até mesmo dar-lhe um nome, uma personalidade e uma história própria, como fez Fernando Pessoa.

As desvantagens do alter ego

Entretanto, como nem tudo são flores, é preciso ressaltar também que há riscos em se criar alter egos. Ao projetar sonhos e desejos em uma personagem criada, o indivíduo pode deixar de cuidar de si mesmo e de acreditar no desenvolvimento de seus próprios potenciais, apostando apenas em seu alter ego.

O alter ego pode tornar-se um problema mais grave no caso do transtorno dissociativo de identidade, uma patologia em que a pessoa exibe, em seu comportamento, o domínio de diferentes “eus”, construídos inconscientemente. Este transtorno também é conhecido como “personalidades múltiplas”.

Entretanto, se o alter ego constitui apenas um fruto da imaginação consciente do indivíduo que, de maneira saudável, o ajuda a superar as suas próprias limitações, não há por que se preocupar.

A identidade de um indivíduo é mais do que aquilo que ele permite que os outros vejam. Todos nós temos uma ou diversas facetas às quais só nós temos acesso. O alter ego é uma possibilidade de darmos vida a elas, se assim desejarmos. Por mais que tenhamos traços mais ou menos específicos que predominem em nosso jeito de ser, isso não consiste em nossa totalidade. Certamente, há áreas dentro de nós que não são tão exploradas, mas que podem ser muito belas.

E você, o que acha da ideia de ter “vários eus” dentro de si? Toparia dar vida a uma nova versão de si mesmo para superar suas limitações? Deixe seu comentário com a sua opinião no espaço abaixo. Por fim, não se esqueça de compartilhar este artigo com seus familiares, amigos, colegas e com quem mais possa se beneficiar deste conteúdo.