Na vida, todos nós recebemos ordens, convites, pedidos e propostas todos os dias. Alguns deles fazem sentido em relação àquilo que queremos ou de que precisamos. No entanto, algumas dessas propostas não despertam o nosso interesse, ou nós simplesmente não temos tempo ou possibilidade de aceitá-las.
Se você faz parte do não tão pequeno grupo de pessoas que têm dificuldade em dizer “não”, saiba que este artigo é para você! Nos próximos parágrafos, você descobrirá por que isso ocorre, qual é a importância de saber dizer “não” e o que é possível fazer para lidar com essa questão. Boa leitura!
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Por que dizer “não” é tão difícil?
Existe uma crença limitante, geralmente alimentada desde a infância, de que recusar uma proposta ou dizer “não” é uma desfeita ou uma atitude que denota falta de educação. Isso nos leva à ideia de que toda vez que dissermos “não” a alguém que nos pede algo, podemos ser taxados de “folgados” ou “egoístas”.
Se você tem tempo e interesse para fazer algo por outra pessoa e não o faz, de fato você está sendo egoísta. Contudo, colocar as suas necessidades em primeiro lugar para só depois fazer aquilo que o outro pede não pode ser considerado um ato egoísta. Isso apenas significa que você é um ser humano e, como qualquer outro, defende o seu lado primeiro. É perfeitamente natural.
Alguns brasileiros que hoje vivem no exterior relatam que em outras culturas, como nos Estados Unidos e na Europa, o ato de dar uma resposta negativa é visto com mais naturalidade. Talvez os povos considerados mais “frios” de fato lidem melhor com essa questão, enquanto nós brasileiros, tipicamente calorosos, tenhamos mais dificuldade em dizer “não”.
O medo de decepcionar o outro
Os psicólogos apontam que a dificuldade de dizer “não” às outras pessoas pode vir de problemas de autoestima. Todo ser humano tem uma necessidade natural de sentir-se aceito e acolhido por um grupo — na família (pais, filhos, irmãos), entre amigos, no trabalho etc. O problema é que, com medo de serem excluídos desse grupo, alguns indivíduos se submetem a praticamente qualquer coisa para não decepcionar as outras pessoas.
É aí que entra o medo de dizer “não”. Na verdade, esse medo é apenas um exemplo de um medo ainda maior: o de não ser aceito ou querido por outra pessoa. Quando alguém é muito dependente da opinião dos outros, pode ser que a pessoa esteja enfrentando questões de autoestima: ela é insegura consigo mesma, mas se tranquiliza ao saber que os outros gostam dela. Algo a ser trabalhado!
Dizer “não” é preciso
Pessoas que não sabem dizer “não” são aquelas que entram numa loja apenas para dar uma olhada nas roupas e saem delas com duas calças, três blusas (que nem eram tão bonitas assim) e um cartão de fidelidade da loja simplesmente porque não conseguiram dispensar as sugestões da vendedora.
Brincadeiras à parte, o exemplo acima explicita que quando não sabemos dizer “não”, acabamos adquirindo coisas que não queremos ou assumindo responsabilidades com as quais não podemos lidar. Um cartão de fidelidade numa loja pode ser algo banal, mas pense em questões mais sérias, como os projetos de uma empresa. Se você já está estressado por um excesso de tarefas, por que dizer “sim” para mais uma proposta que lhe é feita?
A incapacidade de dizer “não” nos leva a negar as nossas opiniões e desejos apenas para agradar aos outros. Quando isso ocorre, podemos perder tempo, dinheiro, momentos de lazer e descanso, prioridades, saúde (física e mental), noites de sono revigorante, enfim, uma série de itens dos quais necessitamos para viver com qualidade.
O julgamento sempre existe
Se você tem dificuldade de dar respostas negativas, fica aqui uma reflexão: se você faz um convite ou pedido a alguém, e a pessoa responde “não”, você fica assim tão ofendido ou revoltado? Se você sabe lidar com as recusas dos outros, entenda que eles também precisam aprender a lidar com as suas. A vida é assim para todo mundo.
Além disso, há uma velha sabedoria popular que diz que, independentemente das suas escolhas, sempre haverá alguém para julgá-lo. Se assim for, por que então não fazer a escolha que oferece a você mais paz e tranquilidade? Isso não quer dizer que você deve ser egoísta ao extremo e responder “não” a tudo e todos. Entretanto, é importante que você saiba definir prioridades e filtrar as propostas que você pode atender daquelas que não pode.
Aliás, se o seu medo é o de ser julgado, fica aqui mais um questionamento. Qual das duas pessoas a seguir você acha que vai ser mais julgada: a que sempre diz “não” ou a que sempre diz “sim”, mas uma vez na vida resolveu dar uma resposta negativa? Certamente, a segunda pessoa será mais criticada. Portanto, preocupe-se em normalizar o ato de dizer “não”. É importante dedicar um tempo a cuidar dos outros, mas quando isso implica em você descuidar de si mesmo, não se trata de um comportamento saudável.
Afinal, como dizer “não”?
Agora que você já sabe da importância das respostas negativas, entenda que existem maneiras de dizer “não”, sem que isso crie um clima negativo entre você e a pessoa que lhe fez o pedido/convite. Confira algumas das melhores possibilidades:
- Fazer uma pausa — As pessoas tendem a responder que sim prontamente, com medo de decepcionar o outro. Evite que isso ocorra. Faça uma pausa de alguns segundos antes de dar a sua resposta. Isso é o suficiente para que você saia do “piloto automático” e dê uma resposta sincera;
- Explicar a sua situação — “A sua ideia é boa, mas, no momento, eu não tenho interesse/tempo/condições etc.”. Dar uma pequena satisfação (sem entrar em detalhes) pode dar a sensação de que o seu “não” está bem justificado;
- Dizer que responderá depois — “Vou checar a minha agenda e depois respondo”. O ato de prometer um retorno futuro revela que você ao menos considerará a proposta antes de recusá-la, o que indica educação e respeito;
- Dizer “sim”, com ressalvas — Dizer “não” a um chefe é algo muito difícil. Contudo, você também não pode afirmar que dará conta de tudo sozinho, certo? Assim, se o seu chefe lhe passa uma tarefa urgente, você não precisa dizer “não”, mas pode educadamente questionar: “Já que a tarefa X passou a ser prioridade, a tarefa Y pode ficar para depois ou ser designada a outra pessoa, certo?”. O diálogo é sempre o melhor caminho;
- Responder com bom humor — “Só no dia de São Nunca” ou “Nem que a vaca tussa” são respostas que você pode dar, utilizando um alívio cômico para não gerar novos questionamentos. Apenas certifique-se de utilizar essa estratégia apenas em contextos mais leves e com pessoas com as quais você tem maior afinidade;
- Dar uma alternativa — Você pode dar uma resposta negativa, mas, em seguida, mostrar que pode ajudar de outra maneira. Por exemplo, se o seu filho (maior de idade) quer que você o leve a algum lugar, mas você está ocupado, diga a ele que ele está autorizado a pegar o seu carro emprestado.
- Sugerir a ajuda de outra pessoa — Quando você pede ajuda a alguém, a pessoa que ajuda geralmente não importa tanto quanto o ato de ser ajudado, certo? Portanto, se alguém pedir algo a você, mas a sua resposta for negativa, sugira que outra pessoa seja consultada. Por exemplo: “Bem, eu não tenho como ajudá-lo, mas pergunte ao fulano, pois ele tem mais conhecimento sobre o assunto”. É uma maneira de dizer “não”, sem ser frio ou rude.
Dizer “não” é um mal necessário. Se você não aprender a fazer isso, uma hora ou outra perderá o controle das diferentes áreas da sua vida. Isso não é um gesto de egoísmo, mas de autocuidado, de bem-estar e até mesmo de saúde mental.
E você, querida pessoa, como estão as suas capacidades de dizer “não”? O que achou das dicas deste artigo? Deixe um comentário no espaço abaixo com a sua opinião. Por fim, compartilhe este artigo com todos os seus amigos, colegas, familiares e com quem mais possa se beneficiar desta reflexão, por meio das suas redes sociais!
Imagem: Por Antonio Guillem