O que sustenta um negócio vivo em um jogo que nunca termina?

Em um cenário corporativo cada vez mais complexo e acelerado, muitas empresas seguem medindo seu sucesso com base apenas em indicadores tradicionais como ROI, EBITDA e lucro líquido. Embora esses dados sejam relevantes, eles não contam a história inteira.

Operar unicamente com esse foco é viver no que Simon Sinek chama de jogo finito — onde o objetivo é vencer rapidamente, superar concorrentes e reportar resultados trimestrais, muitas vezes à custa de propósito, cultura e bem-estar.

Mas os negócios — assim como a vida — são, por natureza, um jogo infinito. Nele, não existe uma linha de chegada. O verdadeiro objetivo é continuar jogando com consistência, relevância e profundidade. Como costumo provocar em minhas reflexões:

“O que não pode ser medido em planilhas pode — e deve — ser percebido nas pessoas.”

O que são os KPIs da alma?

KPIs da Alma são indicadores que avaliam o que sustenta a vitalidade invisível de uma organização: cultura, propósito, confiança, qualidade das relações e impacto humano. Eles não aparecem nos relatórios financeiros, mas são o que mantêm o negócio saudável, inovador e adaptável a longo prazo.

São métricas que revelam a coerência entre o que se diz e o que se vive, e ajudam líderes conscientes a enxergar a alma do negócio — aquilo que realmente importa no jogo infinito.

Por que líderes conscientes precisam de novos indicadores?

Quem joga o jogo infinito entende que crescimento real vem de dentro para fora. O foco não pode estar apenas na velocidade dos resultados, mas na qualidade das conexões, na consistência dos valores e no senso de propósito que mantém todos unidos, mesmo em tempos de incerteza.

Medir apenas a performance financeira é como avaliar a saúde de uma pessoa apenas pelo peso. Ignora-se a vitalidade, a energia e a capacidade de regeneração — elementos essenciais para sustentar a jornada a longo prazo.

Os 7 principais KPIs da alma nas empresas

A seguir, compartilho os 7 KPIs da Alma que considero essenciais para qualquer organização comprometida com um legado duradouro:

1. Índice de Propósito Percebido

Seus colaboradores sabem por que fazem o que fazem? Este KPI avalia o quanto o propósito da empresa — a Causa Justa — está vivo no cotidiano, conectando tarefas com significado.

2. Nível de Coerência Cultural

Os valores da empresa são praticados ou apenas proclamados?

Este indicador mede a consistência entre discurso e comportamento, revelando se a cultura organizacional é autêntica ou meramente decorativa.

3. Grau de Confiança Organizacional

As pessoas se sentem seguras para errar, inovar e expressar ideias?

A confiança é o oxigênio do jogo infinito. Este KPI revela o nível de segurança psicológica e a saúde das relações internas, tanto entre pares quanto entre líderes e equipes.

4. Engajamento Emocional com o Trabalho

Seus colaboradores estão apenas cumprindo tarefas ou sentem-se parte de algo maior?

Este KPI mede a conexão emocional das pessoas com o que fazem e com a organização, indo além da produtividade e alcançando o campo do pertencimento.

5. Qualidade das Conversas

Como são os diálogos, os feedbacks e a escuta dentro da empresa?

Este indicador avalia a profundidade das relações, a presença genuína nos encontros e a capacidade de comunicação consciente.

6. Impacto Humano e Social Percebido

A empresa transforma positivamente as vidas que toca?

Este KPI mede o legado da organização dentro e fora dos seus muros — incluindo colaboradores, clientes e comunidades.

7. Fluxo de Expansão Consciente

A empresa está crescendo com coerência ou apenas acelerando por ambição?

Este indicador avalia se a expansão está enraizada no propósito ou se está desconectada da cultura. No jogo infinito, crescer com sentido vale mais do que crescer rápido.

Como implementar KPIs da alma na sua empresa

Medir o invisível exige uma abordagem diferente. Para aplicar os KPIs da Alma, recomendo:

  • Pesquisas internas qualitativas, com foco em cultura, propósito e clima emocional

  • Rodas de conversa com escuta ativa, conduzidas por lideranças treinadas

  • Observação comportamental estruturada, com base em feedbacks reais

  • Indicadores subjetivos alinhados a métricas objetivas, integrando percepção com dados

Mais do que ferramentas, é necessário um ambiente onde a escuta seja prática constante e onde a liderança esteja presente — não apenas para gerir, mas para sentir e servir.

Conclusão: o invisível sustenta o que é visível

No jogo infinito, os resultados que realmente importam são aqueles sustentados por propósito, cultura e relações verdadeiras. Negócios com alma não apenas entregam — eles transformam.

A pergunta que deixo é:

O que você e sua empresa estão deixando de medir em nome da performance imediata?

A alma do seu negócio pode não estar no balanço, mas é ela quem sustenta sua permanência. Invista nela.

Com foco no que realmente importa,

José Roberto Marques