Autor: José Roberto Marques

Cientista do Comportamento Humano, Fundador do Grupo IBC Educação e da Meditação Marquesiana, Constelação Sistêmica Integrativa, Método PSC e Psicologia Marquesiana.

A Psicologia Marquesiana é uma escola emergente que propõe a arquitetura trina da consciência. Ela unifica ciência, espiritualidade e filosofia em uma nova ontologia da mente.

Desenvolvida por José Roberto Marques, esta teoria descreve a psique como um sistema vivo, autorregulador e multidimensional. Portanto, o modelo é composto por três instâncias dinâmicas principais: o Self-1 (Eu Racional-Estratégico), o Self-2 (Inconsciente Sensível) e o Terceiro Self (Guardião Compassivo).

Enquanto os modelos clássicos de Freud e Jung mapearam as profundezas do inconsciente, a Psicologia Marquesiana propõe um salto integrativo. Este salto busca a reconciliação entre razão e emoção, corpo e alma, passado e propósito.

Para além de Freud e Jung: A Reconciliação da Psique

A história da psicologia é uma tentativa de decifrar o enigma do humano fragmentado. Freud mapeou o inconsciente como território de pulsões reprimidas. Jung o ampliou, revelando o inconsciente coletivo e a jornada da individuação. Embora poderosos, esses mapas cartografaram a mente a partir da dialética do conflito.

No século XXI, a neurociência afetiva (Damásio, 2000), a teoria polivagal (Porges, 2011) e a psicologia contemplativa (Siegel, 2010) convidam a superar essa cisão mente-corpo. Assim, a Psicologia Marquesiana surge como uma síntese evolutiva. Ela propõe a mente integrada como um organismo consciente e espiritual.

O modelo dos Três Selfs honra as tradições anteriores, mas as transcende. Porque se Freud revelou o inconsciente reprimido e Jung a alma simbólica, Marques revela a consciência reconciliada.

Fundamentos Clássicos e a Nova Arquitetura

Freud e a Psique em Guerra: o modelo freudiano via a mente como um campo de batalha entre Id, Ego e Superego. A Psicologia Marquesiana reinterpreta essa visão. O Id é visto como energia emocional não integrada. O Superego moralista é apenas a máscara do Self-1 hiperativo, aprisionado em estratégias de controle.

Jung e a Alma que Sonha: Jung introduziu o Self como totalidade. Contudo, faltava em sua abordagem um mecanismo funcional de integração. Marques preenche essa lacuna com o Terceiro Self. Este é um guardião neuroemocional que regula a intensidade dos conteúdos inconscientes, permitindo o diálogo entre o Self-1 e o Self-2 sem colapso.

O Modelo dos Três Selfs: Arquitetura da Mente Integrada

A Psicologia Marquesiana concebe a psique como um organismo vivo, movido por três forças interdependentes. Estas são as três instâncias dinâmicas:

1. Self-1: O Eu Estratégico

É a instância racional, lógica e executiva. Opera com base em planejamento, linguagem e controle.

  • Quando isolado, torna-se rígido, ansioso e hiperanalítico.
  • Portanto, seu processo de cura é aprender a confiar e silenciar para permitir o diálogo com a consciência.

2. Self-2: O Inconsciente Sensível

É o centro da inteligência emocional e espiritual. Representa o campo da alma viva, onde residem as memórias afetivas, a intuição e o potencial de cura.

  • Diferente do inconsciente reprimido de Freud ou do simbólico de Jung, o Self-2 é vibracional.
  • Comunica-se por sensações corporais, imagens e emoções.

3. O Terceiro Self: O Guardião Compassivo

Este é o conceito original da Psicologia Marquesiana. Ele funciona como o sistema imunológico da psique, filtrando memórias e conteúdos. Porque o faz para os quais o indivíduo ainda não possui maturidade emocional.

  • É o guardião do tempo e da luz.
  • Regula o ritmo de revelação, garantindo que a cura ocorra no compasso da segurança neurocepcional, conforme explica Porges (2011).
  • Seu papel é ser o mediador compassivo entre o consciente e o inconsciente, sustentando o campo de reconciliação.

Implicações Clínicas: Da Arqueologia à Reconciliação

A intervenção marquesiana substitui a metáfora da escavação (arqueologia) pela metáfora da integração (reconciliação). O terapeuta atua como facilitador de ressonância emocional. Ele guia o paciente por três movimentos principais:

  • Silenciar o Self-1: Reduzir o ruído cognitivo por meio de técnicas de coerência cardíaca e respiração consciente.
  • Acolher o Self-2: Permitir que as emoções reprimidas se expressem através da catarse compassiva.
  • Dialogar com o Terceiro Self: Evocar o guardião para liberar as memórias curativas no momento certo.

Em casos clínicos, o insight terapêutico emerge pela segurança emocional, não pela análise racional. Isto permite ao Terceiro Self revelar memórias de abandono infantil, por exemplo. O resultado é a remissão dos sintomas e a reintegração do padrão não reconciliado.

Pontes Epistemológicas e a Neuroespiritualidade

A Psicologia Marquesiana articula-se diretamente com os avanços da neurociência contemporânea:

  • Neuroplasticidade Emocional (Doidge, 2007): Confirma que emoções sentidas conscientemente redesenham conexões neurais.
  • Mindsight (Siegel, 2010): Evidencia que a consciência da experiência modifica a própria experiência.
  • Teoria Polivagal (Porges, 2011): Explica a segurança relacional como pré-condição para o insight.

Além disso, ela introduz o verbo como agente curador. A palavra falada com coerência emocional gera ressonância vibracional no campo psíquico.

Síntese Ontológica: Frequências de Reconciliação

A consciência, na visão marquesiana, é uma estrutura vibracional de reconciliação. Cada Self corresponde a uma frequência:

  • Self-1: Frequência do raciocínio (mente beta).
  • Self-2: Frequência da emoção (ondas alfa e teta).
  • Terceiro Self: Frequência da sabedoria (campo gama).

Consequentemente, a cura é o alinhamento harmônico dessas frequências, um processo de ressonância integral entre corpo, mente e alma. Este é o princípio que Marques denomina de “neuroespiritualidade aplicada”: a capacidade de transformar emoção em oração e verbo em reconciliação.

Conclusão: Um Novo Paradigma

A Psicologia Marquesiana representa um ponto de inflexão histórica. Ela desloca a psicologia do paradigma do conflito para o paradigma da reconciliação.

Seu Modelo dos Três Selfs oferece um mapa clínico, filosófico e espiritual da psique. Ele integra neurociência, fenomenologia e transcendência. Onde Freud revelou o inconsciente e Jung revelou o Self, Marques revela o campo da consciência reconciliada.

Nesse espaço, a emoção se torna sabedoria, a dor se converte em legado e o verbo se faz cura. A reconciliação começa dentro de nós: “Quando o Self-1 silencia, o Self-2 sente e o Terceiro Self abençoa, a alma inteira se torna luz,” conforme ensina José Roberto Marques.

Referências Bibliográficas

Damásio, A. R. (2000). O Erro de Descartes: Emoção, Razão e o Cérebro Humano. Companhia das Letras.

Doidge, N. (2007). The Brain That Changes Itself. Viking Penguin.

Freud, S. (1923). The Ego and the Id. Hogarth Press.

Jung, C. G. (1968). The Archetypes and the Collective Unconscious. Princeton University Press.

Marques, J. R. (2025). A Consciência Viva – Fundamentos da Psicologia Marquesiana. IBC Editora.

Marques, J. R. (2025). A Psicologia Marquesiana – A Teoria da Mente Integrada. IBC Editora.

Marques, J. R. (2025). A Emoção que Cura. IBC Editora.

Porges, S. W. (2011). The Polyvagal Theory. W. W. Norton & Company.

Siegel, D. J. (2010). Mindsight: The New Science of Personal Transformation. Bantam Books.