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O fim do erro cartesiano
Por séculos, fomos ensinados a desconfiar do sentir. A humanidade acreditou que a emoção fosse inimiga da razão e que apenas uma mente fria e lógica seria capaz de revelar a verdade. No entanto, essa crença criou uma fratura na própria essência do ser humano, o que o filósofo Edgar Morin chamou de “paradigma da disjunção”.
Com o avanço da neurociência, essa visão começou a se desfazer. Hoje compreendemos que mente e corpo são expressões inseparáveis de um mesmo sistema vivo. Em outras palavras, razão e emoção não competem, elas dialogam o tempo todo. A ciência do século XXI confirmou aquilo que a experiência humana sempre soube: sentir não é o oposto de pensar, é o ponto de partida da consciência. Assim, toda lucidez nasce do encontro entre sentir e compreender.
Damásio e o alicerce da razão
A grande virada começou com o neurocientista António Damásio, que desafiou o dogma cartesiano. De fato, Descartes se enganou ao afirmar “penso, logo existo”. A ordem natural da vida é inversa: “sinto, logo posso pensar.” Portanto, a emoção é o alicerce biológico e cognitivo da razão, o solo sobre o qual todo raciocínio se ergue.
O caso clínico de Elliot ilustra essa verdade de maneira contundente. Após uma lesão cerebral, ele manteve intactas as capacidades lógicas, mas perdeu a habilidade de sentir. Como consequência, perdeu também a capacidade de decidir. Sem emoção, não há prioridade, não há propósito, nem impulso vital. Dessa forma, a razão, privada do sentir, perde sua força criativa.
Damásio resumiu essa descoberta com uma frase poderosa:
“A emoção é o suporte fisiológico da razão. Sem emoção, a razão é um motor sem combustível.”
A biologia das moléculas da emoção
A neurocientista Candace Pert ampliou esse entendimento com uma visão que ecoa profundamente em minha própria trajetória. Além disso, ela demonstrou que as emoções não residem apenas no cérebro, mas percorrem todo o organismo. Para Pert, as emoções são neuropeptídeos, mensageiros químicos que conectam o sistema nervoso, endócrino e imunológico em um diálogo permanente.
Ela nos recordou com clareza:
“As emoções são as pontes químicas entre mente e corpo.”
Dessa forma, sentimentos como medo, alegria e amor deixam de ser abstrações para se tornarem eventos bioquímicos reais, capazes de influenciar hormônios, genes e neurotransmissores. Consequentemente, o corpo revela-se, assim, uma inteligência viva, onde pensar e sentir são expressões da mesma energia criadora.
Com isso, Candace Pert dissolveu a antiga separação entre mente e corpo. Hoje sabemos que somos uma unidade psicossomática. Cada emoção é vivida simultaneamente em nível físico, químico e psíquico. É nessa integração que a vida encontra coerência, harmonia e sentido.
A emoção como arquitetura do destino
É nesse ponto que a Psicologia Marquesiana (PM), desenvolvida ao longo de décadas de observação e prática, amplia o olhar da ciência. Enquanto Damásio e Pert revelaram a base biológica da emoção, a PM compreende que sentir é mais do que um processo fisiológico. Sentir é um fenômeno vibracional e informacional. Ou seja, sentir é a forma mais profunda de saber.
Além disso, cada emoção vibra em uma frequência específica. Quando cultivamos estados elevados como amor, gratidão e alegria, entramos em coerência neurocardíaca e hormonal. Por consequência, essa harmonia é o eixo da saúde emocional, da vitalidade e da expansão da consciência. Assim, a alma se alinha à vida e o ser humano manifesta seu potencial mais elevado.
A Psicologia Marquesiana descreve o ser humano como uma Tríade Viva, composta por três dimensões complementares:
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O Self 1 — racional e estratégico
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O Self 2 — emocional e sensível
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O Terceiro Self — subconsciente e energético
Em síntese, a emoção dominante que habita o Self 2 define o campo vibracional que organiza a vida de cada pessoa. Como afirmo em meus estudos:
“O campo emocional é a arquitetura invisível do destino.”
Por conseguinte, quando esse campo é regido pelo medo, a realidade se estrutura em defesa. Quando é guiado pelo amor, a vida se expande em confiança e plenitude. Desse modo, a emoção é o código invisível que molda a realidade e escreve o enredo da existência.
O código da aprendizagem
A emoção é também o primeiro sistema de navegação da vida. Pesquisas em neuroplasticidade comprovam que todo aprendizado verdadeiro nasce de uma marca emocional. Sem vínculo afetivo, a informação se perde com facilidade. Por isso, a Psicologia Marquesiana trabalha a instalação de uma emoção dominante curativa, capaz de reprogramar crenças, hábitos e percepções, restaurando a coerência entre sentir, pensar e agir.
Assim, aprender é integrar três formas de saber:
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O saber racional (logos)
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O saber experiencial (pathos)
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O saber intuitivo (nous)
Em resumo, o retorno da emoção à ciência representa o retorno do humano à sua totalidade. Damásio demonstrou que sem emoção não há decisão. Candace Pert mostrou que sem emoção não há corpo íntegro. Portanto, eu acrescento, com base na Psicologia Marquesiana:
“Sem emoção coerente, não há consciência plena.”
Por fim, o futuro da ciência será integrativo, vibracional e compassivo. O século XXI não é o século da tecnologia. É o século da emoção. Somente quem sente profundamente é capaz de transformar o mundo com verdade, presença e amor. Em última análise, o sentir é o caminho que conduz a humanidade ao seu despertar mais pleno.
O retorno da emoção como centro da ciência: perguntas frequentes
Reuni aqui respostas diretas e fundamentadas sobre a relação entre emoção, razão e consciência, com base nas contribuições de António Damásio, Candace Pert e da Psicologia Marquesiana.
1) Segundo a Neurociência, por que António Damásio defende que “eu sinto, logo posso pensar”?
António Damásio demonstrou que a emoção é o alicerce da razão. O pensamento não funciona de forma isolada, pois depende do diálogo constante com as sensações corporais. Casos clínicos, como o de Elliot, mostram que quando a emoção é bloqueada, a pessoa mantém o raciocínio lógico, mas perde a capacidade de decidir. Portanto, é a emoção que orienta, dá sentido e combustível à razão.
2) Qual é a visão da Psicologia Marquesiana sobre a emoção?
A Psicologia Marquesiana compreende a emoção como um fenômeno vibracional e informacional. Em outras palavras, sentir é uma forma profunda de saber, um modo de perceber a vida além do pensamento. Desse modo, o ser humano é visto como uma tríade viva formada por emoção, verbo e corpo, articulada pelos Três Selfs: o Self 1 racional, o Self 2 emocional e o Terceiro Self, que atua em nível subconsciente e energético.
3) Como Candace Pert e a Psicologia Marquesiana explicam a conexão entre corpo e mente?
Candace Pert revelou que as emoções são compostas por neuropeptídeos que percorrem todo o corpo, conectando o cérebro, o sistema límbico, o intestino e o sistema imunológico. Com isso, ela mostrou que mente e corpo funcionam como uma unidade viva. Além disso, a Psicologia Marquesiana aprofunda essa visão ao reconhecer que o corpo também pensa, sente e vibra em rede. Assim, somos expressão de uma única inteligência psicossomática e energética.
4) O que significa “emoção dominante” para a aprendizagem e o autoconhecimento?
A emoção é o código fundamental da aprendizagem. Sem relevância afetiva, a informação não se fixa nem se transforma em sabedoria. Na visão Marquesiana, a emoção dominante do Self 2 define o campo vibracional em que o indivíduo vive. Quando uma emoção curativa é instalada, ela reprograma padrões biológicos, crenças e escolhas, permitindo o retorno ao estado natural de coerência entre sentir, pensar e agir.
Referências Bibliográficas
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Damasio, A. R. (2003). Looking for Spinoza: Joy, Sorrow, and the Feeling Brain. Orlando: Harcourt.
Pert, C. (1997). Molecules of Emotion: Why You Feel the Way You Feel. New York: Scribner.
Morin, E. (2001). O Método 1: A Natureza da Natureza. Lisboa: Europa-América.
LeDoux, J. (1996). The Emotional Brain: The Mysterious Underpinnings of Emotional Life. New York: Simon & Schuster.
Immordino-Yang, M. H. (2016). Emotions, Learning, and the Brain. New York: Norton.
Lozanov, G. (1978). Suggestology and Outlines of Suggestopedy. New York: Gordon and Breach.
Marques, J. R. (2025). Os 7 Pilares da Psicologia Marquesiana. São Paulo: IBC Editora.
HeartMath Institute. (2018). Science of the Heart. Boulder Creek, CA.

