Milton Erickson é um dos mais importantes estudiosos da hipnose consciente do nosso tempo. Ele nasceu em 1901 e logo após terminar a educação básica sofreu uma poliomielite. Contudo, as limitações físicas impostas pela doença não serviram de desestímulo, mas tornaram-se um desafio pessoal a ser superado, tanto que tornou-se médico psiquiatra, psicólogo e, para além da mera formação, um dos mais notórios cientistas da idade moderna.
Alguns artigos o apontam como “a maior autoridade em hipnoterapia e em psicoterapia breve estratégica”, “o maior comunicador do mundo”, “o principal psicoterapeuta do século xx”.
Em suas próprias palavras: Um ataque de poliomielite anterior a 1919, logo após ter-me graduado no curso secundário, tornou-me totalmente paralítico por vários meses, mas com minha visão, audição e pensamentos intactos. Enquanto estive em quarentena na casa da fazenda, havia pouca diversão disponível. Afortunadamente, eu sempre me interessara por comportamento humano e havia muita gente para observar por lá. Minha incapacidade de me mover restringiu a intercomunicação, tanto de minha parte quanto das outras pessoas em relação a mim. Embora eu já soubesse alguma coisa sobre linguagem corporal e outras formas de comunicação não verbal ficava assombrado ao descobrir as frequentes – e, para mim, muitas vezes surpreendentes – contradições entre a comunicação verbal e não verbal num simples colóquio. Isso estimulou muito meu interesse e eu intensifiquei minhas observações em cada oportunidade.[1]
O Poder Mental de Milton Erickson
A capacidade de Erickson de transformar a adversidade no aprendizado é de suma importância para compreensão do seu trabalho. A visão positiva de sua condição foi uma das principais formas de autocoaching que o mestre da hipnose usou.
Nós, no Instituto Brasileiro de Coaching, temos os pressupostos de Erickson como eixos da nossa atuação como coaches. Erickson dava ênfase na necessidade de estabelecer o local seguro, esse local podia ser qualquer um, pois não se tratava exatamente de um ambiente como espaço físico.
Local seguro para Erickson é um ambiente intangível de uma relação tal que ambos, psicoterapeuta ou coach, no nosso caso, e paciente, cliente ou coachee sinta-se seguro, acolhido, amado, um contexto de confiança, não de duas pessoas duras e firmas, mas de mútua vulnerabilidade, sensibilidade, a ponto de não se reprimir.
Desse campo relacional seguro surge o conceito de rapport. Quando as pessoas estão se comunicando em rapport, elas acham fácil serem entendidas e acreditam que seus interesses são altamente considerados pela outra pessoa.
Rapport significa receptividade ao que a outra pessoa está dizendo; não necessariamente que você concorde com o que está sendo dito. E quando você está em rapport, algo mágico acontece. Você e os outros sentem que são escutados e ouvidos.
Num nível inconsciente, existe o confortável sentimento de “Essa pessoa pensa como eu, eu posso relaxar”. O verdadeiro rapport cria uma atmosfera de confiança mútua. Se você está usando o rapport como uma tática para manipular outra pessoa para a sua maneira de pensar, em algum nível ela sabe disso instintivamente e não irá reagir positivamente.
Entretanto, se você se tornou um perito na arte do rapport e a sua intenção é ouvir e ser ouvido, para alcançar soluções ganha-ganha ou para criar amizades genuínas, você irá se tornar um comunicador poderoso e confiável, como previa Milton Erickson.
Muitas vezes, as pessoas estão naturalmente em rapport. Você já percebeu que alguns casais nos restaurantes estão em sintonia um com o outro e que seus corpos se movem juntos como se estivessem dançando? Preste atenção nas crianças brincando, observe as interações nas reuniões, note os amigos num pub. Veja e ouça como o efeito de duas pessoas se movendo juntas produz resultados positivos na comunicação delas. Permita-se observar e sentir o mundo à sua volta!
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