Dentro do processo de Coaching, ao entrar em estado de rapport, o coach pergunta para o coachee sobre o seu estado desejado — seus sonhos, desejos, seu melhor estado, sua melhor versão, o seu objetivo maior— esse é o ponto B. E, para chegar a qualquer estado desejado, o coach vai antes trabalhar com o coachee o estado de equilíbrio entre corpo e alma, isto é, entre sentimentos, razões, emoções e espírito. Com isso, o coachee estará se autoconhecendo.
Não é à toa que repito sempre, em todos os treinamentos, uma frase que já se tornou uma de minhas marcas: “Quanto mais eu me conheço, mais eu me curo e me empodero”. Sem autoconhecimento não se vai a lugar algum, porque é ele que ajuda a definir para onde se quer ir e o melhor modo para isso.
Autoconhecimento é o ponto de partida para atingir qualquer estado desejado. É aqui que o coach, no primeiro encontro com o coachee, poderá recomendar-lhe que, em vez de dar seguimento ao processo de Coaching, procure antes (ou também) um psicólogo ou mesmo um psiquiatra, afinal é uma responsabilidade muito grande aceitar um coachee; e, muitas vezes, é preciso entender que o Coaching talvez não seja a melhor abordagem para um ou outro.
A ética do Coaching exige que o coach tenha máximo cuidado nessas situações, e todo coach tem muita clareza disto. Principalmente quando o coach também é médico ou psicólogo (já existem muitos profissionais da saúde com formação em Coaching, como nutricionistas, neurologistas, pediatras, psicólogos). Nas formações do Instituto Brasileiro de Coaching — IBC é bastante significativa a presença de profissionais da saúde nas suas mais diversas vertentes. Mas, mesmo nesses casos, é preciso diferenciar os procedimentos, é preciso discernimento para contribuir ao outro da melhor forma possível.
Então, a pergunta-chave do atendimento em Coaching é “qual é o seu estado desejado?” É a pergunta do coach ao coachee. A resposta pode ser encontrar um equilíbrio entre vida pessoal, familiar e trabalho; recolocar-se no mercado de trabalho após uma demissão; entender melhor o próprio perfil profissional para pleitear um novo cargo; lidar melhor consigo mesmo em alguma área da vida; reprogramar o mindset para ser alguém mais próspero; melhorar as vendas; reestruturar uma empresa; mudar completamente a própria vida; compreender melhor as relações familiares ou recuperar algum relacionamento amoroso; conseguir vencer barreiras mentais para emagrecer; desenvolver potenciais que estejam subutilizados… enfim, podem ser inúmeras situações. E, como o Coaching trata do presente com foco no futuro, o coachee precisa ter consciência do seu estado presente.
Muitas vezes a ansiedade por chegar a um determinado lugar, gozar de uma determinada qualidade de vida, resolver um problema profissional, isto é, o foco excessivo no estado desejado nos deixa cegos sobre quem somos e onde estamos. O ponto B não é mais importante que o ponto A. Eles estão conectados, e temos que achar o melhor caminho e o melhor meio entre eles. Imagine um avião pronto para decolar. Antes de ir para o pátio do aeroporto e receber os passageiros, ele foi submetido a uma série de testes, avaliações e devidamente abastecido para a viagem, projetada para esse avião específico. Sua tripulação foi devidamente treinada e tomou conhecimento do plano de voo, da alimentação disponível e já se familiarizou com a lista de passageiros. Tendo já os passageiros embarcados, o avião toma a cabeceira da pista e, ainda parado, acelera todas as suas turbinas. Nesse tempo, o piloto, na cabine, faz uma última checagem no painel para saber se tudo está sob controle e, só então, decola.
Como no avião, também no processo de Coaching é feita uma minuciosa preparação para o “voo”. Essa preparação envolve a aplicação de ferramentas, testes e exercícios, no setting de Coaching, além de tarefas que o coachee faz em casa ou no trabalho entre uma sessão e outra. Esses testes e tarefas devem ajudar a detectar qual área da vida do coachee precisa de mais atenção e quais estão funcionando tão bem quanto as turbinas de um avião já em pleno voo.
Assim, como não se sabe quanto tempo o avião ficará no hangar para manutenção ou aguardando uma nova viagem, ou mesmo o tempo na cabeceira da pista em processo de aceleração e certificação final, aguardando a liberação da decolagem, também não se sabe quanto tempo o coachee ficará no setting de Coaching, nos exercícios em casa, em processo de meditação e se auto-observando. Esse tempo é necessário para a própria segurança do processo.
O Coaching, então, faz o coachee voar em busca do seu estado desejado, mas, na verdade, a ideia principal do Coaching é que não seja o coachee a correr em direção ao futuro, mas que o futuro a venha em direção ao coachee. É o ponto B que se aproxima, é o estado desejado que se torna mais perto. A cada sessão, a sensação é de empoderamento cada vez maior.
Quem passa pelo processo de Coaching acaba percebendo que o estado desejado chegou muito antes do que esperava. É algo tão mágico, que o coachee pode se sentir impelido a “fazer e acontecer”, tamanha a sensação de libertação, empoderamento e autoconhecimento. Parece haver uma mola que impulsiona uma saída de si ao encontro do outro. Aí o coach precisa estar bastante atento, fazer aquela mesma checagem que o piloto faz, já com o avião acelerado na cabeceira da pista, dos indicadores no painel. Não é por que o coachee está se sentindo “o máximo”, no sentido do autoconhecimento, que o seu estado desejado já está alcançado. Aqui entra uma última ferramenta essencial: o planejamento. “Planejamento” é uma palavra capaz de resfriar qualquer entusiasmo. Talvez você tenha se desmotivado no momento em que leu estas linhas acima. Vivemos uma cultura, sobretudo no Brasil, em que a palavra “planejamento” não soa bem aos nossos ouvidos. Temos resistência a planejar e, mesmo quando fazemos, os planos facilmente são engavetados. Mas, tenha certeza, após um bom processo de Coaching, você vai amar elaborar planejamentos e vai fazer questão de tê-los sempre diante dos olhos. O que seria do piloto de avião se não tivesse um planejamento de voo diante dos seus olhos? Com o planejamento, tudo está sob controle e tudo acontece conforme desejado.
Eu fico realmente pensando que, neste momento, você, se ainda não passou por um processo de Coaching, esteja ansioso para viver essa experiência, talvez apenas para constatar se minhas palavras são ou não verdadeiras. Talvez haja uma certa dúvida, uma vez que sou um coach conhecido e devo “puxar a sardinha para minha brasa”.
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