Em sua obra intitulada “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”, o americano Stephen Covey, apresenta formas de instaurar novos hábitos que nos permite sair de nossa zona de conforto e atingir nossas metas e objetivos, alcançando a realização e satisfação plena.
Nesse texto quero chamar a atenção a um tema em específico que se encontra no 3º hábito, que fala sobre os princípios da administração pessoal. Nele Covey utiliza a metáfora, – ah como eu adoro metáforas – da conta bancária emocional, para falar sobre a qualidade em nossos relacionamentos.
Porque os Relacionamentos são Contas Bancárias
Segundo o autor da obra, nossos relacionamentos são como contas bancárias, onde podemos diariamente realizar transações, como depósitos, retiradas e checagens de saldo. Assim você poderá verificar a quantidade de confiança que acumulamos em nossos relacionamentos. Os depósitos somam nossa reserva de confiança um com outro, vamos acumulando confiança, ou sacando-a. Sendo que:
– Os depósitos: são realizados através de gestos de gentileza, honestidade e cumprimento de compromissos feito entre as partes;
– Os saques: são realizados quando há falta de cortesia, desrespeito, desatenção, desconsideração e arbitrariedade;
– O saldo: é checado conforme o tipo de relacionamento, mais próximo ou mais distante;
Entenda a Conta Bancária Emocional
Quando a conta está próxima ao vermelho, começa se a pisar em ovos, os relacionamentos passam a ser mais tensos e palavras e atitudes passam a ser feitas com certa cautela. Podemos viver e ver isso nas empresas, em nosso convívio social, em nossas casas com nossas famílias.
Para que a conta fique sempre no azul, diminuindo a probabilidade de qualquer conflito, é importante fazer depósitos frequentes, que possam enriquecer essa conta, o relacionamento. Os depósitos se dão através de uma comunicação rica e espontânea, da compreensão. Caso contrário, pode gerar saques por estabilidade na relação, ou até mesmo afastamento.
O autor ilustra essa situação com o casamento, que pode gerar uma “guerra fria” dentro de casa, atingindo todas as áreas do relacionamento a dois, bem como a família, quando o depósito não é realizado na maneira correta, diariamente e ainda são feitos saques.
Relacionamentos mais intensos, que geram mais expectativas, exigem depósitos mais frequentes. Àqueles esporádicos, se mantem com os depósitos realizados anteriormente, em uma espécie de reserva que não se esgota com o tempo, a exemplo de encontrar um amigo de infância que não via há anos, sua confiança com ele é a mesma de anos atrás.
Precisamos ficar atentos aos saques automáticos, àqueles que fazemos sem perceber. Exemplificado por Covey pela relação entre pais e adolescentes, onde o diálogo deles se limita a pais mandando os filhos realizarem alguma atividade, como colocar o lixo para fora, arrumar a roupa, cortar o cabelo. Quando o adolescente precisa tomar alguma decisão importante não terá confiança, pois o acúmulo na conta bancária emocional está baixo.
Observando que não houve um conflito direto, mas foi criado um bloqueio na comunicação, sendo assim, dificilmente os filhos escutarão os conselhos dos pais. Pequenas e simples ações como: ajudar na lição de casa, dar atenção aos assuntos que ele se interessa, reservar um dia específico para um passeio legal dedicado a ele, são depósitos na conta. Atenção e gentileza são moedas de grande valor.
A intenção é que o outro perceba a sua preocupação com ele. Lembre-se que tentar fazer um depósito grande, de uma vez só, quando há tempos a conta está no vermelho, não é uma boa ideia. Como falado anteriormente, o depósito deve ser diário. Relacionamentos são concretizados ao longo do tempo. Stephen Covey sugere seis importantes depósitos para engordar nossa Conta Bancária Emocional.
6 Depósitos Essenciais à Nossa Conta Bancária Emocional
- Compreender o Indivíduo: tentar compreender realmente a outra pessoa é, provavelmente, um dos depósitos mais importantes que se pode fazer, além da chave para todos os outros depósitos. Para fazer um depósito, o que é importante para a outra pessoa deve ser tão importante para você quanto para esta pessoa. Interesse-se. Nossa tendência é projetar nossa própria experiência de vida nas pessoas que acreditamos que as pessoas querem ou precisam. Nossa interpretação do que constitui um depósito se baseia em nossas necessidades e desejos, atuais ou de quando tínhamos a mesma idade, ou atravessávamos uma fase similar de nossa vida. A Regra de Ouro diz: “Faça aos outros o mesmo que deseja que façam a você”.
- Prestar Atenção às Pequenas Coisas: gentilezas e cortesias são importantes. A falta delas, do descaso e do desrespeito, provoca afastamento. Em nossos relacionamentos, as pequenas coisas se equivalem às grandes coisas.
- Honrar os Compromissos: esse é um depósito enorme, romper com o prometido é um imenso saque. Não há retirada maior que essa, pois quando uma nova promessa for feita, ela não terá credibilidade. Este hábito cria relação de confiança que superam as dificuldades nos relacionamentos.
- Esclarecer as Expectativas: Covey ilustra esse item com a seguinte situação:
Imagine as dificuldades que pode enfrentar se seu chefe e você têm ideias diferentes quanto a quem cabe o papel de definir qual é seu serviço
– Quando conseguirei a definição de minhas tarefas? – você pergunta.
– Mas estou esperando que você prepare uma lista de tarefas, para que possamos discuti-la juntos. – Seu chefe pode responder.
– Pensei que definir minhas tarefas fosse função sua.
– Isso não é função minha de forma alguma. Você não se lembra? Desde o início eu disse que as tarefas que desempenharia no trabalho dependeriam principalmente de você.
– Mas eu entendi que a qualidade de meu trabalho dependeria principalmente de mim. E nem sequer sei qual é o meu trabalho, afinal.
Expectativas pouco claras em termos de metas e objetivos também prejudicam a comunicação e a confiança.
A causa de quase todas as dificuldades de relacionamento se encontra em expectativas ambíguas ou conflitantes em torno de metas e papéis. Podemos estar certos de que expectativas pouco claras vão conduzir a uma situação de equívocos, desapontamentos e perda de confiança. Quando as pessoas sentem que suas expectativas básicas foram violadas, a reserva de confiança diminui.
Depositamos quando deixamos claras as perspectivas desde o início, demandando um investimento de tempo e esforço inicial, economizando-os posteriormente.
- Demonstrar Integridade Pessoal: ela gera confiança e é a base para vários tipos de depósito. Não adianta fazer depósitos altos se esses saldos forem emocionalmente desonestos. A integridade inclui a honestidade, que implica contar a verdade – em outras palavras, adequar nossas palavras à realidade. Isso exige um caráter íntegro, firmeza em relação a si mesmo e em relação à vida também. Uma das formas mais importantes de se demonstrar a integridade é ser leal a quem não está presente. Ao agir assim, conquistamos a confiança daqueles que estão presentes. As pessoas confiarão em você e respeitarão sua postura, se for honesto, gentil e franco. A integridade também inclui evitar qualquer comunicação que seja enganosa, venenosa ou abaixo da dignidade do ser humano.
- Pedir Desculpas Sinceras Quando Você Faz uma Retirada: quando fazemos um saque da conta emocional do outro, é preciso pedir desculpas sinceras. Frases como “Eu estava errado”, “Foi falta de gentileza minha”, “Faltei com o respeito”, ajudam nesse processo. Pedir desculpas com o coração, e não por pena, exige muita firmeza de caráter. Uma pessoa precisa ser dona de si, e ter um senso profundo de segurança quanto aos princípios e valores fundamentais para poder pedir desculpas com sinceridade. Já as pessoas inseguras não conseguem fazer isso. O pedido de desculpas, para ser considerado depósito, deve ser percebido como sincero. Desculpas repetidas também provocam afastamento.
Nossa conta bancária necessita de depósitos diários e, retiradas mínimas. Isso é essencial para que nosso saldo emocional, mantenha-se no azul, contribuindo para bons e saudáveis relacionamentos e uma vida mais plena e feliz.