A palavra apego pode ser definida como o vínculo que se estabelece entre duas pessoas ou entre uma pessoa e um objeto ou animal, por exemplo. Quando se trata de seres humanos, o apego é, por natureza, um vínculo afetivo, que pode ou não ser recíproco.

A teoria do apego de John Bowlby foi desenvolvida com o objetivo de demonstrar os diferentes padrões de vínculos que podem ser estabelecidos entre a criança e seus pais, mães ou cuidadores. Alguns desses padrões são mais funcionais, enquanto outros podem causar algumas dificuldades no desenvolvimento emocional e no comportamento da criança.

Para saber mais sobre a teoria do apego e seus diferentes tipos, continue a leitura.

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Os estudos de John Bowlby

John Bowlby foi um psicólogo, psiquiatra e psicanalista britânico, que dedicou boa parte de sua carreira ao estudo do desenvolvimento infantil. Durante a Segunda Guerra Mundial, Bowlby esteve em contato com muitas crianças que tiveram que se separar de seus pais ou que ficaram órfãs.

Durante o seu estudo com as crianças, Bowlby percebeu que o comportamento delas estava muito associado ao apego que haviam desenvolvido com seus pais ou cuidadores. Concluiu que a criança tem necessidade de segurança e proteção e, por esse motivo, apega-se instintivamente ao seu cuidador, por necessidade de sobrevivência. A postura do adulto diante das necessidades da criança interfere diretamente no comportamento dela e em seu desenvolvimento psíquico.

A pesquisa foi enriquecida com os estudos da psicóloga estadunidense Mary Ainsworth. Posteriormente, outros psicanalistas conduziram estudos sobre a teoria do apego em relacionamentos amorosos adultos, identificando alguns padrões semelhantes. De acordo com a teoria, há 5 tipos de apego:

1. Apego Seguro

Quando a criança manifesta alguma necessidade, o adulto deve corresponder a essa necessidade de forma proporcional. O cuidador deve auxiliar a criança na dificuldade que estiver enfrentando, mas permitindo que ela se desenvolva e também encontre soluções por conta própria. Quando essa atitude torna-se um padrão contínuo e coerente, temos um exemplo de apego seguro, quando é criado um vínculo genuíno.

Nesse caso, a criança adquire confiança em seu cuidador, que se torna um verdadeiro porto-seguro para ela. A criança consegue desenvolver sua autonomia e sua coragem ao realizar experimentações para descobrir o mundo que a cerca. Ela entende que, se precisar de apoio, há um adulto de sua confiança que poderá auxiliá-la.

Nesses casos, a criança pode sentir-se incomodada com a ausência daquele cuidador específico. Se algum outro adulto vier ajudá-la, ela é confortada, mas mantém sua preferência por aquele com o qual já criou um vínculo.

2. Apego Ansioso

O apego ansioso ocorre quando a criança manifesta alguma necessidade de atenção, e o adulto responde com uma atitude exagerada. Esse padrão de apego se reflete num cuidado demasiado que culmina num comportamento superprotetor.

Ao contrário do apego seguro, o apego ansioso dificulta que a criança adquira autonomia para explorar o mundo. Isso acontece porque a superproteção do adulto produz nos pequenos um medo intenso na hora de correr riscos.

Esse é o caso das crianças que parecem estar “grudadas” aos seus cuidadores, pois têm medo e ficam ansiosas em sua ausência. Essa criança procura sempre uma garantia de que seu cuidador está por perto para que se sinta mais segura. Por este motivo, esse padrão de apego, de certa forma, “bloqueia” o desenvolvimento da autoconfiança da criança, tornando-a mais contida e “grudenta”.

3. Apego evitativo

O apego evitativo é o extremo oposto do apego ansioso. Nesse caso, a criança demonstra algum tipo de necessidade de atenção, e a resposta do adulto é fraca ou nula. No padrão evitativo, são comuns aquelas frases automáticas que alguns cuidadores dizem às crianças, como “já passou” ou “para de chorar”.

Esse tipo de apego produz um distanciamento afetivo entre a criança e o adulto. O pequeno percebe que, diante de uma dificuldade, a ajuda do cuidador é inexistente ou insuficiente, fazendo com que ele perca um pouco da confiança nesse adulto.

Em consequência, a própria criança deixa de demonstrar afeto e se esquiva dos raros momentos de carinho com seu cuidador. Ela sofre pouco ou nada com a ausência desse adulto e também não sente aquela sensação de alívio quando ele retorna, ao contrário do que ocorre no apego ansioso.

4. Apego ambivalente

O apego ambivalente é aquele em que o padrão de comportamento do adulto oscila. Em algumas circunstâncias, ele se faz presente para auxiliar a criança em suas dificuldades. Em outras, ele está ausente. Nesse caso, o adulto pode ser um “mau leitor” das necessidades do pequeno, dando respostas inconsistentes que alternam entre a dedicação e a negligência.

No padrão ambivalente, a criança começa a manifestar uma necessidade, mas é ignorada pelo adulto. Apenas quando ela exagera em sua reação emocional, o adulto decide auxiliá-la. Por conta disso, o pequeno pode não se sentir muito confiante em seu cuidador, pois nunca sabe ao certo se pode ou não contar com ele.

A criança até se incomoda com o momento da separação, mas, quando o cuidador retorna, ela continua reagindo com desconfiança, ambivalência, raiva e reluta em voltar a brincar.

5. Apego desorganizado

Por fim, o apego desorganizado é aquele em que a atitude do adulto não apresenta nenhum tipo de padrão. Ele pode não dar atenção à criança, dar atenção excessiva e invasiva, assustá-la, exagerar na preocupação, agir com agressividade, manifestar afeto, agir com distanciamento etc. O comportamento do cuidador varia consideravelmente, de modo que a criança torna-se incapaz de prever a sua reação.

Diante dessa desorganização, a própria criança não sabe ao certo como deve se portar. Por isso, ela cai em comportamentos estereotipados e até mesmo inesperados em determinadas situações. É o caso daquela criança que abraça o adulto, mas vira o rosto, sem demonstrar um afeto real.

E agora, o que fazer?

Ao analisar todos os tipos de apego descritos por Bowlby, parece bastante claro que o padrão mais saudável e funcional ao desenvolvimento da criança é o apego seguro. Entretanto, por questões internas ou externas, é natural que os adultos oscilem entre esses diferentes tipos de apego.

Por isso, o cuidador deve sempre avaliar a sua própria conduta, procurando desenvolver um padrão coerente, consistente e proporcional às demandas da criança. Não fique triste, porém, se você ainda não conseguir agir de forma padronizada. A relação de afeto com os pequenos é um processo que se constrói dia após dia, mas, com persistência, você será capaz de criar bases seguras e produtivas para auxiliá-los em seu desenvolvimento, sem cair na negligência, nem na superproteção.

Resumidamente, busque sempre o equilíbrio. Que as reflexões acima possam te auxiliar na construção de relações mais edificantes com as novas gerações!

E você, com qual dos padrões de apego se identifica mais? Deixe seu comentário no espaço abaixo e não se esqueça de compartilhar este artigo com quem mais possa se beneficiar deste conteúdo.