Quando a alimentação deixa de ser nutrição e se torna sistema.

O comportamento alimentar nunca foi apenas biologia, sempre foi biografia. Cada pessoa come com o corpo, mas também com a sua história, com a memória emocional, com o pertencimento familiar e com o modo como se enxerga no presente e se projeta no futuro.

O Modelo Transteórico (MTT), amplamente validado na mudança de comportamento alimentar, trouxe um avanço extraordinário. Ele compreende que a transformação não depende apenas de informação, mas de estágios psicológicos de prontidão, emoção e intenção. Assim, comer menos açúcar, iniciar atividade física ou abandonar ciclos compulsivos não é um ato simples, é um processo de desenvolvimento humano.

Contudo, há uma fronteira que o modelo tradicional não transpassa totalmente: o lugar da alma, do passado sistêmico e da emoção dominante na mudança alimentar.

É aqui que a Psicologia Marquesiana amplia o MTT, trazendo a integração dos Três Selfs e a compreensão espiritualmente madura do destino humano. O comer deixa de ser apenas hábito para tornar-se um ato terapêutico e uma profecia ativa do futuro.

O Que é o Modelo Transteórico (MTT)?

A mudança como processo, não como força de vontade.

Para entender a travessia alimentar, precisamos primeiro mapear onde estamos. O MTT descreve cinco estágios essenciais:

  1. Pré-contemplação: Não há intenção de mudar.
  2. Contemplação: Consciência do problema, mas sem ação.
  3. Preparação: Decisão e planejamento.
  4. Ação: Mudanças visíveis no comportamento.
  5. Manutenção: Prevenção de recaídas e consolidação.

A grande lição do MTT é que ninguém muda acima do nível de consciência do qual está operando. Estratégias eficazes devem respeitar o estágio psicológico do indivíduo.

A Ampliação pela Psicologia Marquesiana: Os Três Selfs

A mudança alimentar sustentável exige a integração dos nossos três centros de inteligência. Na visão de José Roberto Marques, o fracasso em dietas não é falha de caráter, é uma desintegração entre os Selfs:

  • Self 1 (Estratégico): Racional e planejador. É quem define as metas alimentares.
  • Self 2 (Emocional): Sente a fome emocional, o prazer e a dor. Busca acalento.
  • Self 3 (Guardião): Focado na sobrevivência, no medo e nas crenças transgeracionais.

Quando há uma guerra psíquica interna, o Self Guardião (proteção) e o Emocional (dor) frequentemente sabotam o Estratégico (dieta).

Conexão entre os Estágios do MTT e os Selfs

A Psicologia Marquesiana correlaciona cada fase da mudança a um estado interno:

  • Pré-contemplação (Domínio do Self 3): O indivíduo nega a mudança porque ela ameaça sua identidade ou sobrevivência emocional.
  • Contemplação (Despertar do Self 2): A dor torna-se consciente, mas ainda falta força para agir.
  • Preparação (Despertar do Self 1): Nascem as metas e a intenção clara.
  • Ação (Integração Parcial): Alinhamento mínimo entre sentir, pensar e proteger.
  • Manutenção (Neurocoerência Intencional): O estado máximo onde os três Selfs convergem, gerando coerência vibracional para estabilizar novos hábitos.

A Fronteira Profunda: O Papel do Passado e da Criança Ferida

A principal diferença epistemológica é clara: enquanto o MTT foca no presente psicológico, a Psicologia Marquesiana considera o passado e a linhagem como camadas vivas da mudança.

Muitos transtornos alimentares têm origem na criança ferida e em dores não metabolizadas, tais como:

  • Rejeição ou abandono;
  • Críticas corporais na infância;
  • Ausência de afeto;
  • Experiências sistêmicas de escassez.

A Lei da Emoção Dominante

A pesquisa Marquesiana comprova: “Em qualquer conflito entre pensamento e emoção, a emoção dominante sempre vence”.

Se a emoção dominante for culpa, medo ou vergonha, o Self 2 buscará no alimento o que não recebeu na relação. A cura alimentar, portanto, exige a atualização dessa emoção para dignidade, autoamor e segurança.

O Comportamento Alimentar como Processo Sistêmico

Sob a ótica das Constelações Sistêmicas Integrativas, o comportamento alimentar é um campo fenomenológico vivo. Comer em excesso ou rejeitar a comida podem ser lealdades invisíveis:

  • Comer em excesso: Pode representar uma lealdade a um ancestral que passou fome ou uma forma de amortecer emoções transgeracionais.
  • Rejeição da comida: Pode ser um protesto da criança ferida ou um mecanismo de punição por culpas sistêmicas.

Os emaranhamentos são programas do Self 3. A cura exige olhar para essas crenças nucleares e reordenar o pertencimento.

Destino e Espiritualidade na Alimentação

José Roberto Marques ensina que “Sofrer não é castigo; é iniciação”.

Aplicando isso à nutrição: a compulsão não é sua inimiga, é um convite espiritual para reorganizar o passado. Você não come de forma disfuncional porque tem um problema, mas porque está sendo convocado à maturidade emocional. O MTT oferece os estágios; a Psicologia Marquesiana oferece a alma e o sentido existencial para percorrê-los.

Contribuições Práticas para Terapeutas e Nutricionistas

A integração da Psicologia Marquesiana oferece ferramentas poderosas para profissionais da saúde e do desenvolvimento humano,:

  1. Diagnóstico Profundo: Identificação da emoção dominante e dos conflitos entre os Selfs.
  2. Ferramentas de Cura: Uso do Verbo Curador, Terapia da Reconciliação e Alinhamento dos Três Selfs.
  3. Ressignificação da Recaída: Entendida não como fracasso, mas como uma regressão momentânea ao Self 3 ferido, exigindo acolhimento e não culpa.
  4. Visão Sistêmica: Compreensão da fome emocional como uma busca por pertencimento à história familiar.

Conclusão: Alimentar-se é Escrever o Destino

A travessia alimentar é uma metáfora do existir. Comemos para viver, mas também para lembrar, sentir, pertencer e curar.

Enquanto o Modelo Transteórico revela onde você está, a Psicologia Marquesiana revela quem você pode se tornar. Ao integrar o passado, acolher a criança ferida e educar o Guardião, o ato de comer deixa de ser um mecanismo de defesa e torna-se uma escolha de maturidade.

Na visão Marquesiana, comer conscientemente é reorganizar o passado e escolher, com dignidade, o futuro.

A Travessia Alimentar: como o Modelo Transteórico explica mudanças na nutrição

Perguntas Frequentes (FAQ)

Como a Psicologia Marquesiana ajuda na perda de peso?

Ela atua na raiz emocional e sistêmica do comportamento, alinhando os Três Selfs (Razão, Emoção e Proteção) e alterando a emoção dominante que gera a compulsão.

O que é a criança ferida na alimentação?

É uma parte da psique ligada a dores do passado (como rejeição ou escassez) que utiliza a comida como forma de compensação emocional ou proteção.

O que é a Lei da Emoção Dominante na alimentação?

É um princípio central ensinado por José Roberto Marques que afirma: Em qualquer conflito entre pensamento e emoção, a emoção dominante sempre vence. Se a emoção predominante no seu sistema for culpa, medo ou ansiedade, ela anulará a lógica da dieta. Para mudar o corpo de forma sustentável, é necessário primeiro atualizar a emoção dominante para dignidade, autoamor e segurança.

Como o Modelo Transteórico se une à visão sistêmica para emagrecer?

Enquanto o Modelo Transteórico (MTT) mapeia onde você está (os estágios da mudança, como contemplação ou ação), a visão sistêmica e Marquesiana revela por que você está lá. A abordagem integrada entende que comer em excesso pode ser uma lealdade invisível a ancestrais que passaram fome ou um mecanismo de pertencimento familiar. A cura acontece ao unir os estágios comportamentais do MTT com a reorganização profunda da alma e do passado.