“O que não nos mata nos fortalece”. Você já deve ter ouvido essa frase em algum lugar. Bem, ela é radical, mas nós não precisamos ir ao extremo para compreender o seu sentido, que é a ideia de que nós podemos nos fortalecer em meio à adversidade.

Essa é, por exemplo, a lógica de uma vacina. Vírus enfraquecidos são introduzidos no organismo, de modo que o sistema imunológico seja capaz de produzir em nós as defesas necessárias, caso o vírus real entre em contato conosco. É um “estresse controlado” que nos ajuda a enfrentar o estresse real, quando ele surgir. É um exemplo clássico de uma competência que precisamos exercitar: a antifragilidade.

Neste artigo, vamos compreender o que é a antifragilidade, qual é a sua importância enquanto soft skill e como ela pode ser desenvolvida nas equipes. Siga em frente e tenha uma ótima leitura!

Antifragilidade: o que é?

A antifragilidade é a capacidade de um indivíduo, equipe ou empresa de abraçar os momentos de adversidade, como as dificuldades e situações imprevisíveis, desenvolvendo habilidades que fazem com que saia da situação mais forte do que nela entrou.

O conceito se popularizou com o livro “Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos”, do matemático líbano-americano Nassim Taleb. Com experiência no universo dos investimentos, o autor afirma que o mundo é caótico demais para que as nossas ações sejam sempre baseadas na previsibilidade.

O Japão é frequentemente mencionado como um exemplo de país antifrágil, pois consegue aprender com as adversidades, encontrando nelas a força para se reerguer — o que ocorreu diante de guerras e desastres naturais.

A ideia de ser antifrágil, porém, não consiste em abandonar o planejamento estratégico. Ele continua sendo importante diante de qualquer projeto. Contudo, devemos compreender que nem tudo sai como planejamos, e que correr alguns riscos é importante. Mesmo quando erramos, podemos obter aprendizados que nos conduzirão ao verdadeiro sucesso.

Qual é a função dessa virtude?

Psicólogos afirmam que pais superprotetores tendem a privar a criança de toda e qualquer adversidade. Por mais que isso pareça positivo, a verdade é que é explorando o mundo e conhecendo o seu lado negativo que a criança aprende a lidar com ele. Sem vivenciar as suas frustrações, medos e derrotas, ela poderá se tornar um adulto incapaz de lidar com a imprevisibilidade.

A tentativa e o erro também são grandes professores, em todas as fases da vida. Assim, podemos transformar as situações adversas em experiências e conhecimento, que nos tornam mais sábios e criativos para fazer melhor nas próximas tentativas. Por isso a antifragilidade é importante: ela nos expõe ao mundo e nos ajuda a lidar com o caos.

Isso não significa sair por aí em busca de problemas, mas compreender que eles existem e que precisamos nos preparar para lidar com o caos. É aprendendo com as pequenas falhas que evitamos que grandes erros ocorram. Por isso, alguns riscos precisam ser corridos.

Antifragilidade e resiliência são a mesma coisa?

Ao ler as definições, é comum que as pessoas associem a antifragilidade à resiliência. De fato, elas apresentam semelhanças, mas também há uma diferença importante.

A resiliência é a propriedade física que alguns materiais apresentam de retornar à sua forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. É que ocorre com uma esponja: mesmo apertando-a, ela volta ao estado original rapidamente. Assim, metaforicamente, uma pessoa resiliente é aquela que se recupera de uma adversidade e retorna ao seu estado habitual, como alguém que teve um momento de estresse, mas conseguiu se acalmar e voltar ao seu estado de praxe.

A antifragilidade, porém, vai além da resiliência. Ser resiliente é voltar ao normal depois de sofrer. Já ser antifrágil e sair do sofrimento melhor, mais forte e mais capaz — e não simplesmente voltar ao estado anterior. Assim, o antifrágil cresce com a mudança e aprende com os erros, enquanto o resiliente apenas supera esses momentos.

Quais são as principais características de uma equipe antifrágil?

Agora que você já compreende o conceito de antifragilidade e a sua importância, é importante conhecer os pilares que fazem uma equipe ser verdadeiramente antifrágil. Confira esses pilares, identificados pela consultoria empresarial Deloitte (2021):

  • Adaptabilidade: é a capacidade de adaptar-se a diferentes situações e contextos. Em vez de bater de frente com as mudanças, as equipes precisam compreender que elas ocorrem e se preparar para lidar adequadamente com os novos contextos, por meio de cursos, treinamentos e flexibilidade;
  • Confiabilidade: é a construção da confiança em todos os agentes da equipe: funcionários, fornecedores, investidores, comunidades etc. Trata-se do desenvolvimento da inteligência emocional, sobretudo da capacidade de compreender que podemos crescer e evoluir, mesmo diante dos erros e das dificuldades;
  • Colaboração: trata-se de uma competência comportamental em que as pessoas ajudam-se umas às outras, compreendendo que os objetivos coletivos só são alcançados quando todos cooperam entre si. A colaboração e a antifragilidade só existem quando há diálogo e coesão entre as diferentes áreas de uma equipe;
  • Responsabilidade: consiste em oferecer segurança aos colaboradores. Não há antifragilidade sem responsabilidade. Como citamos, ser antifrágil não é sair correndo qualquer risco, mas sim preparar-se para enfrentar as adversidades que surgirem da melhor maneira possível.

Dicas gerais para desenvolver equipes antifrágeis

Confira algumas recomendações para que você e a sua equipe desenvolvam a antifragilidade no dia a dia.

  • Ofereça cursos e treinamentos contínuos de capacitação profissional às suas equipes;
  • Experimente fazer rotações de funções dentro da equipe, permitindo que os colaboradores conheçam melhor as funções uns dos outros;
  • Crie um ambiente de segurança física, emocional, financeira e tecnológica a todos;
  • Priorize a saúde física e mental de todos;
  • Estimule os membros da sua equipe a contribuírem com ideias de projetos, evitando que estejam ali apenas para obedecer às ordens dos líderes;
  • Explique a todos que não é possível blindar uma pessoa ou empresa de todos os riscos existentes. Por isso, o melhor a fazer é nos prepararmos para lidar com os problemas, com as mudanças e com os erros, extraindo aprendizados de todos eles;
  • Reforce que ser antifrágil não significa ser inconsequente e irresponsável, mas correr riscos calculados.

Uma equipe frágil tem medo de correr riscos e não sabe como agir diante das pressões. Uma equipe resiliente consegue lidar com esses desafios e retornar ao estado original, mas não necessariamente extrai aprendizados dessa situação. Por fim, uma equipe antifrágil sabe que correr riscos faz parte da vida e consegue se adaptar diante das adversidades, desenvolvendo diferentes competências que a fazem crescer nesses momentos, e não apenas voltar ao estado original.

E você, querida pessoa, como avalia a sua capacidade de lidar com as mudanças e pressões? Você é frágil, resiliente ou antifrágil? Como pode progredir nesse sentido? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!