A tradição espiritual indiana estabeleceu quatro buscas essenciais na vida de todo ser humano. Elas, ao serem cumpridas, encontram uma vida plena e significativa. Contudo, sua busca só pode ser empreendida a partir do estado de consciência da unidade. Pense e reflita por um instante: será que estamos fazendo nossas buscas por meio de um estado de sofrimento? Será que estamos buscando mais sucesso, mais amor, ser valorizado a partir de um estado de sofrimento?
Essa posição gera ainda mais sofrimento e conquistas vazias de significado. Contudo, quando a consciência desperta, adentramos no reino das buscas significativas, das buscas que levam à construção de um legado, de uma vida com propósito. As quatro buscas da vida são:
1. Artha — a busca da riqueza, abundância e estabilidade na vida: todos nós devemos buscar criar riqueza a partir de um estado de não sofrimento. A riqueza como objetivo, se ainda não saímos do estado de sofrimento, é ganância, dirigida ao acúmulo material. No entanto, quando buscamos riqueza a partir de um estado de não sofrimento, estaremos vendo apenas a nos enriquecendo, mas ajudando outras pessoas (nossa família e o mundo) a ficarem ricas também. É importante que tenhamos sempre moderação na busca por metas materiais, para não nos limitarmos ao desejo egoísta de riqueza a partir de um estado de sofrimento. A riqueza não é só dinheiro. Dinheiro é um só aspecto, com diversos aspectos; tem relação com a vida de abundância. Enquanto estivermos apegados e agarrados ao dinheiro, nós só estamos vendo a quantidade, mas, quando despertamos para a consciência da riqueza, fazemos a abundância fluir em todas as vidas. Significa manifestar sincronicidade com o Universo.
2. Kama — a busca do desejo, prazer, amor e conexão: a busca pelo divertimento e pelo prazer está relacionada ao pertencimento a um sistema, a se sentir preenchido pelas próprias relações. Essa busca tem a ver com a satisfação dos desejos de todas as ordens. O lazer e o lúdico sempre estiveram presentes em nossas vidas, desde as brincadeiras de criança. Ninguém suportaria uma vida demasiadamente séria, carrancuda, cheia apenas de obrigações e deveres. Nós também aprendemos nos momentos de lazer, prazer e divertimento. Precisamos nos divertir, precisamos do prazer sexual e de nos sentirmos alegres e vivos.
3. Dharma — a busca da virtude e da responsabilidade social: a humanidade tem o desejo de contribuir para o mundo por meio de suas habilidades e talentos (médicos, atores, donas de casa etc.). Todos nós temos responsabilidades e papéis importantes dentro da sociedade, que devem ser cumpridos sempre em busca da justiça e de um bem maior. Buscamos justiça para nós quando uma decisão nos prejudica. Buscamos conhecer e reivindicar nossos direitos como cidadãos e como pertencentes a vários sistemas. Mas nos preocupamos também com as injustiças cometidas contra as outras pessoas à nossa volta? As injustiças do mundo também nos incomodam?
4. Moksha — a busca da liberdade interior e expansão da consciência: todas as conquistas anteriores são preparatórias para esse último passo. Essa última busca é a da liberdade, a iluminação espiritual. Quando chegamos a esse ponto, alcançamos o autocontrole, o equilíbrio, a aceitação e a superação dos desejos, nos entregamos diretamente à divindade. Conseguimos atingir esse objetivo com conhecimento, ação, devoção e renúncia. Ser livre significa ter total controle de si e não ser dominado por nada que não seja sua própria consciência. Ser livre das crenças limitantes, dos vícios, da ansiedade, dos medos, das normas… ser livre é um estado de plena consciência, é o resultado de todas as outras buscas que fazemos em nossas vidas.
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