A depressão é uma doença psiquiátrica que demanda um tratamento rápido e eficaz. Ela manifesta uma série de sintomas físicos e emocionais, que vão muito além da tristeza comum. Essa doença tem origens genéticas, mas também é desencadeada por fatores ambientais, como rotinas estressantes ou determinados acontecimentos negativos.
Neste artigo, trazemos alguns fatos importantes sobre a depressão entre os jovens brasileiros, cujas estatísticas têm aumentado consideravelmente. A adolescência e a juventude são, naturalmente, fases mais delicadas, devido às mudanças psicológicas e físicas do período. Portanto, é importante compreender os impactos da depressão nessa etapa.
Você vai conferir as causas da depressão na juventude, os sintomas mais comuns nessa fase e sugestões práticas de como ajudar o jovem que se encontra nessa situação. Continue a leitura e saiba mais!
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Entendendo a depressão
A depressão é uma doença mental que afeta o estado de ânimo, os pensamentos e o comportamento de uma pessoa. É mais do que apenas sentir-se triste ou desanimado temporariamente. É caracterizada por sentimentos persistentes de tristeza, perda de interesse ou prazer nas atividades diárias, distúrbios do sono, fadiga, falta de energia, problemas de concentração, alterações no apetite, sentimentos de culpa ou inutilidade e, em casos mais graves, pensamentos de morte ou suicídio.
A depressão pode ser causada por uma combinação de fatores, incluindo predisposição genética, desequilíbrios químicos no cérebro, eventos estressantes da vida, trauma, problemas de saúde física ou o uso de certos medicamentos. É uma condição que pode afetar qualquer pessoa, independentemente de idade, sexo ou origem.
É importante destacar que a depressão não é apenas uma tristeza passageira, mas uma condição clínica que requer tratamento adequado. O tratamento pode envolver psicoterapia, uso de medicamentos antidepressivos e adoção de mudanças no estilo de vida, como exercícios físicos regulares, sono adequado e apoio social. É essencial buscar ajuda profissional se você ou alguém que você conhece estiver enfrentando sintomas de depressão.
Um panorama sobre a depressão na juventude brasileira
A depressão atinge cerca de 12 milhões de pessoas no Brasil, e cada vez mais jovens e adolescentes vêm sendo diagnosticados com essa doença, que pode até causar a morte. Os sintomas da doença entre os mais jovens podem ser diferenciados, e, por isso, é preciso ter bastante atenção com as especificidades.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a segunda principal causa de morte entre jovens da faixa etária entre 15 e 29 anos. O número daqueles que sofrem de transtornos como depressão e ansiedade também é considerável: 15% da população nessa mesma faixa etária sofrem desse tipo de doença.
A adolescência e a juventude são períodos complicados na vida de qualquer pessoa. As mudanças no corpo e na mente, as ações hormonais, as dúvidas sobre si e sobre o seu lugar no mundo, além de problemas de autoestima e interações sociais já são difíceis o suficiente. Assim, as flutuações e oscilações de humor são comuns nesse período. As incertezas, pressões e mudanças repentinas podem piorar essa situação difícil.
Essas dificuldades emocionais, o isolamento típico, as mudanças hormonais e até mesmo certa tristeza e rebeldia podem confundir pais e professores com relação aos sinais da doença. Muitos dos indícios da depressão entre jovens e adolescentes podem passar despercebidos, sendo interpretados como comportamentos esperados por pessoas nessas idades. Se houver uma mudança repentina de atitudes, entretanto, isso pode ser um indicador de que alguma coisa está errada.
A depressão pode interferir fortemente no desenvolvimento das pessoas nessa fase da vida. Esse período de transição pode ser realmente estressante para muitos, e a depressão é uma doença que prejudica a qualidade de vida do indivíduo de forma expressiva.
Causas: por que há tantos jovens deprimidos?
A depressão é um distúrbio usualmente percebido na fase adulta, mas a verdade é que, comumente, aqueles diagnosticados quando mais velhos, apresentaram sintomas de depressão ainda jovens. Ela é causada por:
- Fatores genéticos;
- Fatores ambientais;
- Fatores sociais.
A questão das taxas crescentes de depressão entre os jovens é complexa e envolve uma variedade de fatores. Por mais que não seja possível fornecer uma resposta definitiva, existem algumas razões potenciais para essa tendência:
- Pressão social e acadêmica: os jovens atualmente enfrentam uma enorme pressão em várias áreas das suas vidas, incluindo desempenho acadêmico, competição, aparência física, relacionamentos amorosos, amizades, aceitação social, conquista de emprego e sucesso futuro. Essas pressões podem levar ao estresse excessivo, à sobrecarga de trabalho e à sensação de inadequação, contribuindo para o desenvolvimento da depressão.
- Uso excessivo de tecnologia e redes sociais: a prevalência do uso de tecnologia e mídia social pode ter impactos negativos na saúde mental dos jovens. O tempo excessivo gasto nas redes sociais pode levar à comparação social, isolamento emocional, frustração, cyberbullying e distúrbios do sono — todos os quais estão associados a um risco aumentado de depressão.
- Mudanças nas estruturas familiares e sociais: mudanças na dinâmica familiar; como divórcio, conflitos familiares, falta de apoio emocional e relacionamentos disfuncionais; podem afetar negativamente o bem-estar mental dos jovens. Além disso, a sociedade contemporânea muitas vezes exige mobilidade e separação familiar, o que pode contribuir para sentimentos de solidão e isolamento, como ao estudar em outra cidade, longe dos pais.
- Acesso limitado a cuidados de saúde mental: apesar de haver uma maior conscientização sobre a saúde mental, muitos jovens ainda enfrentam desafios no acesso a cuidados adequados. A falta de recursos, o estigma associado à saúde mental e a falta de suporte adequado podem dificultar a obtenção de ajuda profissional quando necessário, sobretudo nas classes sociais mais baixas.
É importante ressaltar que esses são apenas alguns dos fatores possíveis, e cada caso é único. A depressão é uma doença complexa e multifatorial, e a combinação de diferentes fatores pode afetar os jovens de maneira distinta. É fundamental que eles tenham acesso a um ambiente de apoio e recursos adequados para lidar com as dificuldades emocionais, além de receber tratamento adequado, quando necessário.
14 principais sintomas da depressão entre os jovens
Não é somente pela predisposição que a pessoa sofrerá de depressão; certos estímulos também podem influenciar o aparecimento da doença.
Entre os sintomas da depressão entre os jovens, podem aparecer:
- Tristeza profunda e prolongada: isso pode durar mais de duas semanas. O adolescente não consegue identificar a causa e muito menos explicar o porquê desse sentimento.
- Preferência pelo isolamento: o adolescente prefere isolar-se, afasta-se dos amigos e familiares e dos eventos sociais, muitas vezes por não conseguir se comunicar.
- Falta de concentração: o jovem fica disperso e não consegue se concentrar nos estudos, principalmente. As notas caem.
- Confusão mental: ele não consegue ordenar os seus pensamentos e pode ter uma comunicação confusa, sem encontrar palavras que expressem o que ele pensa ou sente.
- Sentimento de fracasso e baixa autoestima: um sentimento de frustração quando não consegue realizar algo importante, como obter uma nota boa na prova ou a aprovação de alguém ou de algum grupo social. Tudo parece definitivo, como se as dores e derrotas não fossem passageiras e superáveis.
- Insônia: vários distúrbios podem gerar algum tipo de insônia, entre eles a depressão. Nesse caso, talvez seja necessário tomar alguma medicação ou tratamento terapêutico para voltar a dormir normalmente, mas sempre com prescrição médica.
- Alimentação exagerada ou escassa: pode haver também algum tipo de abuso da comida e de bebidas alcoólicas para compensar o estado de tristeza. Por outro lado, o jovem pode recusar-se a comer, alegando falta de fome.
- Oscilação de humor: ora está alegre, ora está muito triste, com mudanças dramáticas no seu estado de humor. A irritabilidade também pode aparecer com mais frequência.
- Pessimismo: o adolescente deprimido não consegue olhar o lado bom das coisas. Sempre acha tudo difícil demais de resolver. Não confia na sua própria capacidade de superar obstáculos, desistindo facilmente.
- Desesperança: a falta de esperança pela vida é um sintoma. Falta foco, e o jovem não enxerga uma luz no fim do túnel. Por isso, deixa de fazer planos com amigos, namorados, estudos, trabalho, viagens etc. É como se nada mais o interessasse, nem mesmo as coisas que antes lhe davam prazer.
- Desamparo: o jovem sente-se sozinho, mesmo estando rodeado de amigos e da família. É comum dizer que ninguém o compreende.
- Ansiedade: deprimido, o adolescente começa a projetar cenários futuros muito negativos, adquirindo medo de tomar qualquer ação. Desenvolve, portanto, a ansiedade patológica.
- Raiva: impulsividade e desejo de vingança. Sensação de estar preso e sem saída.
- Falta de pertencimento: não vê sentido pela vida, não consegue se sentir parte de algo ou de alguém.
Outros sinais aos quais é preciso ficar atento
Sintomas específicos em jovens podem se manifestar também pela falta repentina no cuidado com a aparência ou mudanças no seu jeito de ser e na sua personalidade. Assim, se um jovem que costuma ser alegre e entusiasmado, gosta de se arrumar, fala bastante e é usualmente extrovertido passa a ser mais quieto e retraído e não se importa mais com como se apresenta, isso pode ser um indício de que algo não vai bem.
Outro importante fator a se considerar é o rendimento na sala de aula. A falta de concentração e de interesse pelas aulas, na escola ou universidade, pode ser uma manifestação da doença que o desmotiva.
A depressão severa também se manifesta pela fala. Tratar muito sobre a morte, principalmente como uma solução para os seus problemas, dizer que ninguém sentiria a sua falta ou que seria melhor para todos se sumisse, entre outras declarações pessimistas, são comuns nos casos mais severos.
Conforme estudo da Universidade de Colúmbia, nos EUA, nos últimos 5 anos, houve um aumento na ocorrência dos casos de depressão de praticamente 40% entre crianças e jovens nas idades de 12 a 25 anos. Além disso, segundo informações do Mapa da Violência do ano de 2017, houve um aumento nos casos de suicídio entre os jovens brasileiros desde 2002.
A vida e as exigências vêm mudando muito com o tempo. A exposição às redes sociais, por exemplo, faz com que essas pessoas sofram para ter uma imagem e vida perfeitas e felizes o tempo todo, o que é impossível.
Isso pode provocar grande ansiedade e piorar o sentimento de tristeza, desolação e comparação, levando à baixa autoestima. A ilusão das redes cria um vazio enorme quando o jovem compara a realidade com as imagens idealizadas da internet, o que contribui para esse sentimento negativo.
10 dicas de perguntas para detectar sinais de depressão no adolescente e no jovem
Existem formas de perguntar para um adolescente, indiretamente e sem constrangimento, se ele está com depressão ou com pensamentos sobre tirar a própria vida. O importante é fazer com que ele tenha confiança e se abra.
- Pergunte se ele tem planos para o futuro;
- Se a vida vale a pena ser vivida;
- O que o deixa sem esperanças;
- Se ele, algum dia, pensou em não viver mais;
- Se está se sentindo um peso para a família;
- Se sente algum tipo de isolamento;
- Se está aborrecido com algo no ambiente escolar;
- Se está se sentindo perdido;
- Se tem algo a dizer sobre as suas expectativas da vida escolar e profissional;
- Como está o seu relacionamento com os colegas de escola e de outros ambientes.
Converse com o adolescente. Permita que ele se sinta seguro e confiante. Tenha empatia nesse momento, colocando-se no lugar dele, entendendo a sua dor. Não deixe que ele sinta que é um peso para a família. Deixe claro que ele é importante. Não faça objeções, apenas escute. Não mensure a dor. Acolha! Dê um abraço e diga que você está com ele, que pode contar sempre com o seu apoio. Reafirme que ele não está sozinho. Não o julgue, pois ele tem uma mente ainda em formação.
Jovem com depressão: o que fazer?
Se você é um jovem enfrentando a depressão ou conhece alguém nessa situação, aqui estão algumas medidas que podem ser úteis:
- Buscar ajuda profissional: agende uma consulta com um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou médico psiquiatra. Eles podem realizar uma avaliação adequada, fornecer um diagnóstico preciso e recomendar o tratamento mais apropriado, que pode incluir terapia, medicamentos ou uma combinação de ambos.
- Construir um sistema de apoio: procure o apoio de amigos, familiares ou grupos de apoio. Compartilhe os seus sentimentos e experiências com pessoas de confiança, que possam oferecer suporte emocional e compreensão. Não hesite em pedir ajuda quando precisar.
- Cuidar do bem-estar físico: cuide de si mesmo fisicamente. Mantenha uma dieta equilibrada, durma o suficiente, faça exercícios físicos regularmente e evite substâncias que possam agravar os sintomas da depressão, como álcool e drogas. Lembre-se de que corpo e mente são um todo integrado.
- Estabelecer uma rotina: tente criar uma rotina diária estruturada, com horários regulares para acordar, comer, trabalhar, estudar e descansar. Uma rotina consistente pode fornecer uma sensação de estabilidade e controle, o que pode ser benéfico para o bem-estar mental.
- Encontrar atividades prazerosas: identifique atividades de que você goste e que tragam prazer. Isso pode incluir hobbies, exercícios físicos, arte, música, leitura ou qualquer coisa que o faça sentir-se bem. Reserve um tempo para essas atividades regularmente.
- Evitar o isolamento social: por mais que a depressão possa levar ao isolamento, é importante manter conexões sociais. Busque oportunidades para interagir com outras pessoas, participar de eventos sociais ou se juntar a grupos com interesses semelhantes.
- Educar-se sobre a depressão: aprenda mais sobre a depressão, os seus sintomas, tratamentos e como lidar com ela. Isso pode ajudá-lo a compreender melhor o que está passando e a adotar estratégias eficazes de enfrentamento.
A depressão entre os jovens, mesmo que difícil, deve ser reconhecida. Ela pode ser tratada, e os resultados podem mudar a vida do jovem definitivamente, fazendo dele um adulto mais saudável, equilibrado e feliz. É essencial escutar esse jovem com a mente aberta e procurar ajuda o mais rápido possível, junto aos médicos psiquiatras e aos psicólogos. Isso contribuirá fortemente para que a sua recuperação seja mais rápida.
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