Quem pede e a quem se pede a bênção?
“Sua benção, mãe” ou “bença, mãe, pai, tia, vó…” Levantar da cama pela manhã, encontrar a família e pedir a bênção dos mais velhos. Que coisa maravilhosa. Você pede benção aos seus pais? Seus filhos pedem a benção a você?
Toda e qualquer pessoa, independentemente da idade, classe ou cor, pode pedir a benção. Também se pode pedir a bênção a toda e qualquer pessoa. A bênção não é propriedade da pessoa, mas de Deus. Quem abençoa é Deus, utilizando-se de cada um de nós, da nossa boa intenção de intercessores dizendo “Deus te abençoe”. Todos nós, como imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26-27), devemos nos sentir motivados tanto a pedir como a oferecer bênção, assim nos fazemos, não autores, mas instrumentos de bênção.
“Benção” é uma expressão proferida oralmente que torna-se mais do que apenas uma palavra. Ela é inundada por um desejo forte de positividade, prosperidade, abundância, ligando nossa vida cotidiana à vida e à presença de Deus.
Há pessoas que se sentem envergonhadas e preferem não manter esse costume. Tais pessoas ainda não entenderam a dimensão da filiação divina, bem como ainda não se encontraram no pertencimento a Deus. Devemos ser, para Deus, como a ferramenta é para o mecânico; o computador, para o executivo; o celular, para o adolescente. Pertencer,ser usado, direcionado para uma dada ação. Deus tem cada ser humano em suas mãos para favorecer-lhe a sua graça, e a graça se faz no entendimento da bênção.
Quando o pai diz para um amigo, apontando para o seu filho, que aquela criança é uma bênção, ele está reconhecendo Deus naquele filho. Quando a criança chega para o pai e pede-lhe a bênção, ela está dizendo que encontra Deus naquele pai. E neste sentido, devemos, a todo instante, ver Deus nas pessoas.
A bênção, quanto mais exercitada, mais constrói o caminho para a graça. Faz com que as pessoas estejam canalizando suas energias para o amor, para o respeito, para os valores e princípios de vida cristã. Por isto, importantíssimo se faz despertar as crianças logo cedo em suas vidas, para pedirem a bênção. Mas crianças só vão valorizar a bênção se virem seus pais também tomando a bênção. Pais que obrigam os seus filhos a tomarem bênção, sem que antes a peçam, causam constrangimento a todos. Bênção por obrigação gera revolta, humilhação e, automaticamente, o afastamento de Deus.
O bom espaço para entender a bênção e exercitá-la na sociedade é a família: “Bença pai, bença mãe…”, “Deus te abençoe, meu filho”. E a família, para aprender o sentido da bênção, precisa participar de uma religião, vivenciar o culto dominical, a celebração da Palavra, a pertença na Celebração Eucarística. A partir da bênção do pastor, do diácono, do padre ao término da celebração, cada pai, mãe, irmão e irmã, deve se sentir motivado para multiplicar essa bênção nas muitas localidades, ao longo da semana.
Neste sentido, vem a importância de testemunhar a bênção. Comentário do tipo: “Ontem estive na missa, recebi a bênção do padre, como foi bom. Que essa bênção perdure em mim, na minha família, nos meus companheiros, nos meus trabalhos, nas minhas conquistas diárias. Ó meu Deus, como és bom, cheio de amor. Obrigado, meu Deus, que as tuas bênçãos se multipliquem mais e mais sobre todos nós.”
E assim, quando peço a bênção sobre um objeto, um bem, estou antes de tudo reconhecendo que tenho Deus em minha vida, que reconheço o irmão como instrumento deste Deus; que necessito cada vez mais da graça divina, e tudo isto se resume no ato da bênção. Eu mesmo, no íntimo do meu silêncio, da minha oração, posso pedir a bênção. Porém, quando peço a uma autoridade da Igreja, da família, estou tornando pública uma ação que muito me edifica, que me engrandece, o que me faz sentir muito mais comprometido diante da situação abençoada.
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo (Ef 1,3) Deus derramou sobre nós todas as bênçãos em Cristo. Não algumas ou algum tipo específico de bênçãos, mas todas. Saber que temos à nossa disposição todas as bênçãos de Cristo nos dá responsabilidades, pois tomar posse dessas bênçãos depende exclusivamente de nós.
A benevolência do amor universal e ilimitado de Deus nos concedeu vivermos abençoados. Mas por que, então, existe tanto sofrimento no mundo? Um dos motivos é a dificuldade que as pessoas têm de aceitar as bênçãos e tomar posse delas. Tomar posse significa aceitar que você tem direito, como filho de Deus, a tudo que o Senhor lhe concedeu. Nossos remorsos e a consciência dos nossos pecados nos afastam, inclusive, das bênçãos. Tomar posse das bênçãos é assumir nossa condição de filhos de Deus.
O Senhor te abençoe e te guarde.
O Senhor faça brilhar sobre ti sua face e se compadeça de ti.
O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz (Nm 6,24-26).
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