Já parou para pensar no que existe depois da morte? Será que estamos preparados para o que vem depois dessa vida terrena? Será que estamos preparados para deixar tudo para trás? Muitos dos que dizem temer a morte, será que a temem mesmo ou temem outra coisa, a ausência de vida?
A morte não gera dor espiritual em nós, apenas naqueles que ficam. Os que se vão, estão se libertando dos limites impostos pelo corpo. Já os que ficam, precisam entender a conviver com a dor da ausência, uma dor que já não tem origem, pois é uma dor do vazio, do que já não existem mais.
É importante pensarmos que, quando a gente morre, tudo para de existir. Qualquer plano que tínhamos a longo prazo, as parcelas do carro ou da casa, aquela arrumação que sempre deixamos para o fim de semana seguinte, aquela dieta a ser iniciada no começo da semana, sem tirar a roupa do varal ou, até mesmo, congelar as comidas para a semana toda.
Nós acreditamos que somos imensos, que somos grandes o suficiente, mas esquecemos de que o mundo não para de girar quando nós morremos, quem para somos nós, como se estivéssemos em um trem e descêssemos em alguma estação antes do fim. O trem vai continuar seu caminho normal, assim como a vida continua seu curso natural, as pessoas superam nossa ausência e toda rotina segue como antes.
Todos os problemas que acreditamos ter, todo o estresse pelo qual passamos, toda a raiva e ressentimento que guardamos; todas as vezes que decidimos não perdoar, não escutar o outro, não aceitar mudanças ou impor nossa verdade. Tudo isso se transforma em um imenso vazio, pois essas coisas só existem porque há um Ser Humano que vai senti-las. A morte vem e acaba com tudo, com cada problema que acreditávamos ter, com cada sentimento negativo que acumulamos dentro de nós.
Acreditamos que somos insubstituíveis, mas, na verdade, a vida continua, animais de estimação encontram novos donos, parceiros antigos encontram novos parceiros, empresas encontram novos funcionários, nossas coisas encontram novos destinos, o mundo se rearranja e supri a nossa ausência.
E se vivêssemos esperando sempre pela morte? Se entendêssemos que ela é o fim inevitável da vida, se compreendêssemos que ela vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, talvez conseguíssemos conviver com ela como se fosse uma velha amiga que sempre está à espreita.
Tendo esse pensamento, não perderíamos tempo e logo falaríamos o que sentimos, mesmo que o medo tome conta de nós. Vestiríamos nossa melhor roupa todos os dias, pediríamos perdão sem nenhum sentimento ruim a não ser de deixar tudo em paz, pois nenhuma ocasião é mais especial que a própria vida em si.
Se entendêssemos que a vida e a morte andam de mãos dadas, poderíamos mudar a ordem das coisas, comer a sobremesa antes do jantar, ou fazer dela o próprio jantar, agiríamos antes e pensaríamos depois, abraçaríamos, amaríamos antes mesmo de saber o nome.
Levando em conta que a morte é inevitável, que ela nos estará esperando e que não temos nenhum controle sobre quando isso vai acontecer, podemos perdoar mais, rir mais, sair mais, ser mais feliz, dançar mais, se arrumar mais (ou se desarrumar mais). Ou, indo na posição contrária, poderíamos nos cobrar menos, nos autossabotar menos, nos vigiar menos.
Quando entendemos que a morte não vai a lugar nenhum, aprendemos que ela é só uma passagem para algo muito maior, que ela é a liberdade que a Alma finalmente alcançou. Enquanto ainda temos um corpo, cada minuto expirando e inspirando deve ser celebrado, pois, ao mesmo tempo que é um dia a mais de vida, é um dia a menos também.
Morremos todos os dias um pouco, mas podemos escolher a melhor forma de fazer essa jornada. Com isso, de que forma você está aproveitando e celebrando essa ocasião tão importante que é vida, no Estado Interno de Sofrimento ou de Não Sofrimento? Você está esperando por algo ou fazendo algo acontecer agora? Você está disposto a viver cada segundo sem pensar no futuro?
O que você diria para você agora que valeria a pena começar tudo de novo, todos os dias?
Ou ainda num momento mais profundo de autoconhecimento e aceitação deste lindo segundo de vida, qual a frase de Vida você deixaria para eternizar a sua Jornada terrena?
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