Você já ouviu falar no circuito mesocorticolímbico? Bem, com um nome complicado desses, os cientistas preferem chamá-lo pelo apelido: “mecanismo de recompensa”.

Esse circuito cerebral é ativado a partir de grandes quantidades de substâncias associadas ao prazer, como dopamina, serotonina e adrenalina. É ele o responsável por aquela sensação de prazer que sentimos quando fazemos compras, temos relações sexuais, comemos um alimento de que gostamos muito, praticamos uma atividade física e até mesmo quando ouvimos um elogio.

Infelizmente, esse sistema também é disparado em atividades prejudiciais. O mesmo circuito que é ativado quando ouvimos nossa música favorita também entra em ação diante do consumo de drogas.

Como esse sistema funciona?

Há várias substâncias envolvidas no processo. Vamos tomar a alimentação como exemplo para compreender o funcionamento do circuito mesocorticolímbico.

Imagine que você passou pela vitrine de uma padaria e viu um belíssimo e delicioso bolo de chocolate. Esse estímulo visual já te faz imaginar o gosto, o aroma e a textura do bolo, sem nem ao menos ter chegado perto dele. É a dopamina entrando em ação. Ela nos faz salivar e sentir emoções que nos impulsionam à ação. A ativação dos sentidos (olfato, visão, paladar etc.) é o primeiro passo.

Quando você está realizando efetivamente a ação que te dá prazer, neste caso quando começa a devorar o bolo de chocolate, outras duas substâncias são ativadas: a adrenalina e a noradrenalina.

Por fim, quando você termina a atividade e fica 100% satisfeito e relaxado, a bola da vez é a serotonina. Essa substância também é responsável por fazer você ficar com aquele gostinho de quero mais. Por isso, graças à memória registrada em nosso cérebro nesses momentos de prazer, cada vez que você vir um bolo de chocolate em alguma vitrine, a tendência será ativar esse circuito todo novamente.

E isso é bom ou mau?

De acordo com os cientistas, o circuito mesocorticolímbico é um sistema fundamental para a sobrevivência da humanidade. Se não sentíssemos esse prazer, ninguém iria se alimentar, se reproduzir, enfim, fazer o que é necessário para sobreviver, enquanto indivíduos e enquanto espécie.

No entanto, ele também tem papel muito ativo no desenvolvimento de vícios. O alcoolismo, o uso de drogas e as compulsões, de maneira geral, são alguns exemplos. Ainda seguindo o exemplo acima, se esse sistema for ativado com muita frequência, a pessoa pode acabar querendo chocolate ou doces em geral cada vez mais.

A situação fica ainda mais complicada quando fazemos associações entre o consumo dessas substâncias e determinadas situações, como: fumar um cigarro em situação de estresse, comer um chocolate quando estiver tenso ou preocupado e por aí vai.

Esses gatilhos reforçam em nossa mente a falsa necessidade de consumir essas substâncias. Por isso, num caso de compulsão alimentar, por exemplo, antes de pensar em qualquer dieta, é preciso que o indivíduo analise seu comportamento, suas emoções e os momentos que o estimulam a comer mais, sobretudo alimentos gordurosos ou açucarados.

O circuito do prazer faz parte de nossa existência, e nosso cérebro é programado para “perseguir” esses bons momentos. No entanto, se perdemos a capacidade de raciocinar diante de certos estímulos, é hora de parar e refletir sobre nossos hábitos. Não é saudável devorar um bolo de chocolate sozinho e depois ficar com aquela sensação de “Não deveria ter feito isso, mas, quando vi, já tinha feito!”.