Em artigos anteriores tratamos de questões práticas da constelação, inclusive construindo um passo a passo. Contudo, sempre é possível detalhar melhor e didatizar o processo. Nesse caso, é sempre possível perceber que quanto mais conhecemos das questões que envolvem o processo sistêmico, mais temos segurança de realizá-lo, por isso a decisão de fazer um último capítulo retornando a questões da prática de aplicação, para os coaches.

Depois de já identificado o problema ou a pessoa que queria integrar a constelação com sua história, dá-se início à montagem da constelação. Para que o processo de constelação se inicie, é necessário que o constelado busque encontrar representantes das pessoas que fazem ou fizeram parte de sua história de alguma maneira.

O coach/constelador pede ao constelado que escolha alguém para representar os membros do sistema.

As pessoas escolhidas, caso se sintam confortáveis, se encaminham para o ambiente onde acontecerá a constelação. O constelador pode intervir nas escolhas e até orientar a pessoa que está no centro da constelação. Algumas vezes é melhor que o constelado não participe do processo de escolha das pessoas que representaram seu processo. Tudo isso deve ser sentido pelo coach/constelador.

No IBC, esse processo acontece em cima da pirâmide do processo evolutivo. Ali, cada pessoa convidada a participar do processo de constelação como representante, vai sendo posicionada de acordo com o desejo do constelado.

As pessoas não ficam sobre a Pirâmide do Processo Evolutivo por uma questão de espaço físico apenas. Isso tem a ver com a posição que ela ocupa dentro do sistema do constelado. A pirâmide acaba sendo apenas um guia, um direcionador para que o constelado posicione cada representante.

Esse processo de posicionamento é acompanhado pelo constelador, que poderá perguntar ao constelado, em qual momento da vida cada membro do sistema se encontra atualmente, e sugerir que o mesmo encaminhe cada representante ao posicionamento equivalente a seu estado atual, de acordo com a percepção do constelado.

Por exemplo, se no passado o constelado teve algum desentendimento com seu pai, e atualmente não se falam, o ele poderá posicionar seu pai em cima da representação de “passado” na pirâmide do processo evolutivo, em pé, sentado, de joelhos, como ele preferir. Poderá ainda colocá-lo de frente, com o olhar voltado para a ponta da pirâmide, a luz, ou olhando para o constelado, ou até mesmo de costas para ele, voltado para o passado, para o lado oposto à luz, que representaria o futuro do constelado, de forma a não precisarem cruzar seus olhares.

Assim que todos os representantes estiverem posicionados, é hora da pessoa constelada escolher alguém para representar a si mesma.

Ao concluir a escolha, a pessoa posiciona no sistema sua representante da mesma maneira como fez com todos os outros participantes da constelação. Em seguida, constelador e constelado saem de cena para assistir o processo de forma dissociada.

Quando o representante é posicionado no cenário, que no IBC conta com o apoio da pirâmide do processo evolutivo, ele não deve se preocupar com trejeitos, ou comportamentos da pessoa que ele representa. Isso acontece naturalmente, desde que ele se entregue ao papel que está assumindo no momento.

Durante a Constelação não se deve seguir nenhum tipo de script, a não ser que se trate de uma dramatização (psicodrama), que pode ser útil em determinados processos.

Caso o constelador perceba alguma inquietação ou desconexão por parte de algum representante, ele pode se aproximar dela, e discretamente orientá-la a se entregar mais ao processo, se desconectando das crenças que impossibilitam sua fluidez no processo de constelação.

O sistema da Constelação deve ser configurado com cuidado e amor para que as forças do campo se manifestem por meio da força da Constelação.

Quando o processo de constelação e o psicodrama se iniciam, é comum que, por alguns minutos, um longo silêncio se estabeleça, para que  os representantes entrem em contato com seus sentimentos e se concentrem no que emerge dentro dos sentimentos de cada um.

É nesse momento que, sem se prender a detalhes, o representante perceba suas primeiras reações, como por exemplo, se movimentar por impulsos, direcionar seus olhares para diferentes membros da família, ou para o chão, para o teto, etc.

Ao mesmo tempo, o constelador também fica atento às suas próprias reações internas, às vezes também corporais e às “imagens” que afloram em si. Ele se deixa tocar pelo sistema representado ou pela alma da família. Na medida do possível, “esvazia-se” e deixa-se comover por aquilo que observa, sente e quando necessário, toca.

Nesse momento, acontece aquilo que Bert Hellinger chama de olhar fenomenológico, que nada mais é do que um olhar “sem  saber”, “sem intenção”, “sem medo”. É como se o olhar do constelador e dos representantes fosse acompanhado de total respeito e gratidão por poder participar daquele momento com o constelado. Tudo faz parte da forma como o campo morfogenético influencia as nossas energias e as conecta com o campo.

Algumas pessoas ao entrarem na constelação sentem:

  • Apatia ou desprezo;
  • Vontade de gritar (e gritam)
  • Ficam imobilizadas (tentam se mexer e não conseguem)
  • Sentem uma vontade incontrolável de chorar
  • Querem abraçar alguém
  • Querem dizer determinadas palavras que, para a própria pessoa, não fazem sentido nenhum
  • Dão gargalhadas sem motivo

Entre outras dezenas de rações.

O coach/constelador deve auxiliar nas interpretações de cada uma dessas reações, mas só o coachee/constelado sabe exatamente o motivo de cada uma delas e cada uma delas permite ao coachee se ver e trabalhar todos esses conteúdos dentro de si.

 

Copyright: 1007282416 – https://www.shutterstock.com/pt/g/tamiris6