Ao longo das nossas vidas passamos por situações que nos colocam a repetir sobre qual o nosso lugar no mundo, a qual grupo pertencemos. Esses questionamentos são normais e comuns pois muitas pessoas não têm consciência dos vários sistemas aos quais pertencem. Um sistema é definido como um conjunto de elementos interligados entre si que desenvolvem uma continua relação de troca, ou seja, todas as relações interpessoais que desenvolvemos. A partir do momento que nascemos começamos a fazer parte de um sistema. O nosso primeiro sistema é o familiar e é a partir dele que começamos a compreender como funcionam os demais sistemas, como são estabelecidas as relações de troca, bem como as regras implícitas para que o sistema funcione de forma continua e harmônica. Cada um dos sistemas a que pertencemos tem a capacidade de desenvolver e estabelecer padrões de comportamento e rotina aceitáveis e em razão disso nós desenvolvemos a habilidade de adaptação, ou seja, quando estamos integrando determinados sistemas, de forma inconsciente, adequamos nossas ações.Com a finalidade de compreender como nossos comportamentos são criados e condicionados a partir das relações que estabelecemos na nossa jornada de vida, o psicoterapeuta alemão Bert Hellinger desenvolveu o método chamado Constelação Familiar. Anton Suitbert Hellinger, nasceu no ano de 1925. Atualmente, conhecido por ser o pai das Constelações Sistêmicas e Familiares, Bert Hellinger é um psicoterapeuta alemão, formado em flosofa, teologia e pedagogia. Ele teve a oportunidade de trabalhar com Milton Erickson (criador da Hipnose Ericksoniana), e formou-se como terapeuta familiar com Ruth McClendon e Leslie Kadis.
As Constelações Familiares se fundamentam no uso de pessoas para representar membros da família, ou pessoas que façam ou tenham feito parte do convívio do constelado. Essas pessoas serão responsáveis por sentir, amar, respeitar e representar a história do constelado, da forma mais verdadeira que puderem, sem se preocupar com os movimentos que realizarão. Esses representantes precisarão apenas sentir o que precisa ser sentido e trabalhar para que naturalmente o tema em questão tome o caminho que tiver que tomar. Após alguns anos como diretor de escolas de nível superior, Hellinger aprofundou seus estudos e pesquisas, e por meio de diversos métodos e técnicas terapêuticas, desenvolveu sua própria Terapia Sistêmica e Familiar à qual deu o nome de Familie naufstellen (respectivamente:“Colocação do Familiar”, traduzido para: Constelações Familiares, no Brasil). O método desenvolvido por Bert tinha como objetivo estudar como os padrões de comportamento de grupos familiares são acumulados de forma consciente e inconsciente e repassados de geração para geração. O nome “constelação familiar” foi estrategicamente pensado tendo como referência as constelações estrelares que assim como as pessoas de um grupo familiar, as estrelas também são elementos que se relacionam em um mesmo sistema e permanece unido. A constelação é como uma rede em que você está apenas como um nó no qual afeta e é afetado por toda a trama da rede. Na constelação familiar essa rede é feita e refeita no decorrer das gerações e assim são desenvolvidas soluções de problemas já ocorridos e gerados novos fatos marcantes que ocorrem na vivência. Bert Hellinger se deparou com essa temática em meados dos anos 70, após observar uma série de estudos desenvolvidos por Virginia Satr que analisava esculturas familiares. A pesquisadora salientou em seus estudos que quando uma pessoa “estranha” é chamada para representar uma família ou uma pessoa do seu grupo familiar, mesmo que ela não o tenha conhecido, acaba reproduzindo sintomas físicos e comportamentos similares desse grupo ou pessoa, mesmo sem ter conhecimento específico de como esse grupo ou pessoa se comportavam.
A partir disso Bert começou a se questionar como nós podemos repetir certos comportamentos através das gerações. Para tanto ele propôs a existência em nós de uma consciência de clã que é orientado através de ordens arcaias ou ordens do amor e regido por meio de três princípios, que são:
1. Necessidade de pertencimento a um grupo ou clã
2. Necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber nas relações
interpessoais
3. Necessidade de hierarquia dentro do grupo ou clã
Essas ordens incidem diretamente na forma como nossos relacionamentos familiares, assim como os relacionamentos íntimos e amorosos são estabelecidos. Quando há uma conexão harmoniosa entre esses três princípios nós somos tomados por uma sensação de paz, acolhimento e principalmente de pertencimento.
Quando esses princípios não estão em conexão há um desequilíbrio que pode ser refletvo em vários sistemas que pertencemos. Hellinger aponta que muitas pessoas possuem problemas, características e cargas emocionais que não sabem de ondem provem, e nem quais foram os seus causadores e isso pode estar diretamente relacionado ao nosso sistema familiar, falarei especificamente disso mais à frente. Segundo Hellinger, todos nós possuímos problemas, características e cargas emocionais que nem sempre sabemos qual a sua origem. Acontece que, muitas vezes, sem saber, essas nossas dificuldades vêm de nossos sistemas familiares, e é isso que a Constelação Familiar estuda. O nome “Constelação Familiar” é estrategicamente pensado em uma constelação de estrelas, pois define um grupo de elementos que se relacionam em um mesmo sistema que se pertence e permanece unido. A constelação é como uma rede em que você está apenas como um nó e afeta e é afetado por toda a trama da rede. Na constelação, essa rede é refeita e as soluções ocorrem na vivência.
Nossa rede está formada desde nosso primeiro ancestral, desde tempos imemoriais. Imemoriais porque nossa memória racional, lógica, não consegue alcançar, mas toda essa história de vida, de mundo, está impregnada nas nossas células, em cada hemácia, em cada DNA que faz de nós quem somos.