A recente epidemia de alcance internacional nos coloca diante de duas verdades irrefutáveis: 1) Informações corretas, de qualidade e veracidade confirmadas, são poderosas a ponto de salvar vidas (assim como informações falsas podem matar e causar pânico generalizado); 2) todos nós somos parte do mesmo sistema, do mesmo universo, e nossa vida impacta a vida de todas as pessoas no planeta.
Dito isto, gostaria de compartilhar nesse espaço um compilado de informações sobre o coronavírus para enfatizar como as informações corretas nos deixam não apenas mais seguros, mas também mais confortáveis mentalmente.
O vírus Covid-19, chamado de Novo Coronavírus é uma síndrome respiratória aguda grave e tem origem ainda desconhecida, de acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. Os primeiros casos em humanos foram detectados em dezembro de 2019 na cidade chinesa de Wuhan. Acredita-se que os primeiros casos envolvam pessoas que estiveram em um grande mercado de animais e frutos do mar.
Ainda não se sabe quanto tempo leva a transmissão de humano para humano. Um vírus pode se espalhar e ser altamente contagioso. Um exemplo é o sarampo, que é mais contagioso do que as análises iniciais do coronavírus. Uma das causas para a doença estar se espalhando rapidamente é o atraso na detecção de casos iniciais em alguns países devido à falta de laboratórios especializados para fazer os testes.
À medida que o processo de confirmação do vírus se tornou mais rápido, a notificação dos casos também passou a ser mais rápida e isso deu a impressão de que a propagação estava acontecendo de forma acelerada e até descontrolada. A emergência da epidemia se dá não pelo número de casos, nem pela letalidade, mas pelo risco de propagação internacional.
Como e quão facilmente acontece a transmissão ainda não está determinado. Pensa-se, porém, que seja transmitido através de secreções respiratórias. Isso significa que o contato próximo com outras pessoas é a chave para sua disseminação, mas pode acontecer no contato com alguma superfície que contenha o vírus.
Algumas pessoas infectadas relataram pouco ou nenhum sintoma. Em outros casos, porém, os sintomas incluem febre, tosse e falta de ar e podem variar de leve a grave, causando até a morte.
Ainda há muito a ser aprendido sobre a progressão da doença, mas acredita-se que os sintomas podem aparecer de dois dias após a exposição ou até 14 dias. Algumas pessoas infectadas não apresentam sintomas, sentem um leve mal-estar e nem chegam a procurar assistência médica. Mas além disto influenciar a quantidade de casos notificados, também pode transmitir o vírus de forma silenciosa uma vez que mesmo antes de apresentarem sintomas, as pessoas podem transmitir a doença. O simples ato de colocar a mão em um lugar infectado pode transportar o vírus de um lugar para o outro. Isso aumenta o risco de uma propagação mais rápida.
O tempo de recuperação é de aproximadamente duas semanas para pessoas com sintomas leves e até seis semanas em casos graves, conforme anunciou a OMS em 24 de fevereiro.
O Brasil tem se destacado nas pesquisas para entender melhor como o vírus se espalha e colaborar para o desenvolvimento de vacinas e testes diagnósticos. Em outros países, os cientistas levam em média 15 dias para obter o sequenciamento genético do coronavírus, já um grupo de cientistas brasileiros apresentou este resultado em apenas 48 horas.
Apesar da seriedade do assunto e do avanço das pesquisas, vários mitos, fraudes enganosas, e até mesmo perigosas, do coronavírus estão circulando nas mídias sociais, uma verdadeira epidemia de rumores e fakenews.
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Verdades sobre o Coronavírus:
- Gargarejar com enxaguante bucal, mesmo que seja comercializado para matar germes, não previne o coronavírus, segundo a OMS.
- Não foi comprovado que enxaguar o nariz com uma solução salina possa proteger contra o coronavírus ou qualquer outra infecção respiratória
- Comer alho pode ser bom para você, mas não há evidências de que isso ajude a afastar o coronavírus.
- Antibióticos matam bactérias, mas não vírus e, portanto, são inúteis contra o coronavírus.
- Alvejantes e outros desinfetantes domésticos matam o coronavírus em balcões e outras superfícies duras. O óleo de gergelim, não.
- Sim, o coronavírus se espalhou em alguns animais selvagens, incluindo morcegos. Mas não há evidências de que comer carne bovina, suína ou de aves coloque você em risco.
- Não existem evidências de que seus cães ou gatos não possam espalhar esse coronavírus.
Além de evitar o compartilhamento de informações incorretas, é preciso ter cuidado para evitar a discriminação de estrangeiros, sejam turistas, refugiados, imigrantes ou simplesmente descendentes de outras etnias.
Evitar contato e tentar isolar estas pessoas, além de altamente discriminatório, é um equívoco muito grande. O fato de ser estrangeiro não significa necessariamente que a pessoa teve contato com o vírus. É preciso que tenha um nexo causal para a suspeita, ou seja, que a pessoa tenha passado por regiões com casos confirmados, tenha tido contato ou sido exposta diretamente à fonte de infecção.
Bilhões de pessoas circulam pelo mundo, seja por turismo ou negócio. Enquanto isso o número de refugiados não chega nem perto disso e são estigmatizados como se fossem portadores de doenças. As pessoas não devem ser alvo de discriminação, mas sim de cuidado e respeito.
DADOS OFICIAIS
Os dados abaixo são de 15 de fevereiro de 2020 e retirados dos relatórios de situação da OMS, da Comissão Nacional de Saúde (CNS) da República Popular da China e da Comissão de Saúde da província de Hubei, China.
- 98,87% dos casos de coronavírus são baseados na China. Equivalentemente, isso significa que há aproximadamente um caso fora da China para cada 87,5 casos na China.
- 883 pessoas que testaram positivo se recuperaram. Isso representa 86% dos 11.554 casos encerrados e 14% do número total de casos.
- Dos 29 países afetados, existem oito países em que todos os casos se recuperaram da infecção. A lista de países inclui Índia (3), Rússia (2), Espanha (2), Bélgica (1), Sri Lanka (1), Finlândia (1), Camboja (1) e Nepal (1).
- A letalidade estimada na China é de 3%.
- Aproximadamente 80% dos que morreram tinham mais de 60 anos e 75% tinham condições de saúde pré-existentes, como doenças cardiovasculares e diabetes.
COMO SE PREVENIR
- Lave as mãos com frequência e corretamente, esfregando com água e sabão por pelo menos 20 segundos, principalmente depois de usar o banheiro ou antes de preparar a comida.
- Evite tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Limpe e desinfete objetos e superfícies tocados com frequência.
- Se você estiver doente, fique em casa. Tosse e espirre em um tecido ou cotovelo – não em suas mãos ou no ar.
Embora as máscaras sejam uma importante linha de defesa contra a transmissão de doenças nos hospitais, há poucas pesquisas sobre seu efeito para o público em geral. A recomendação é usar uma máscara que se encaixa corretamente e usando-a de forma consistente. Porém, se você colocar a mão infectada sob a máscara para coçar o nariz, por exemplo, a máscara vai ser inútil.
MAIS DO QUE UMA QUESTÃO DE SAÚDE
Uma das causas iniciais da disseminação do coronavírus é a falta de assistência médica adequada e também falta de proteção da natureza, em nível global. Estamos percebendo que eventos pequenos, como o que deu origem a esse vírus, podem ter consequências globais catastróficas. Isso deveria nos faz pensar se realmente somos pessoas sensatas e nos preocupamos umas com as outras.
Pense por um momento, será mesmo que o paciente zero foi responsável pela origem e disseminação do vírus? Afinal de contas, ele também é uma vítima, assim como todas as outras pessoas que foram submetidas ao vírus. Devemos ter um olhar mais humano para a situação, até mesmo porque esse primeiro caso pode ter passado por diversos percalços como falta de saneamento, infraestrutura e tantas outras causas que poderiam estar fora de seu alcance.
Sendo ou não pacientes infectados pelo COVID-19 merecemos respeito e dignidade, e não apenas a alcunha de portadores do vírus, até mesmo porque, estamos todos sujeitos a esse tipo de problema.
Nosso papel, como pertencentes de um sistema integrado em que, a todo momento nos relacionamos com outras pessoas de classes, etnias e culturas diferentes, é promover a paz e harmonia, bem como nossa capacidade de discernimento que nos torna únicos nesse todo. Desse modo, promover a empatia que é fundamental em momentos onde não somente os infectados, mas diversas outras pessoas estão sofrendo de discriminação.
Coronavírus não é apenas sobre a nossa saúde. É sobre a saúde global, sobre pobreza, falta de comida, recursos, desigualdade e privação. É inclusive uma oportunidade de chamar atenção de todos, para os problemas de saúde, para cobrar investimentos em saneamento básico, maior valorização de pesquisas e acima de tudo, adotarmos uma postura mais humana, afinal, devemos proteger o sistema em que vivemos, pois fazemos parte dele, somos ele.
A melhor forma de evitar não só uma epidemia, mas todos as ameaças do século XXI – do fascismo ao autoritarismo, à desintegração social, ao ódio e à violência – é lutar por um mundo mais justo.
PUBLICAÇÕES E DOCUMENTOS DO GOVERNO SOBRE CORONAVÍRUS
Boletim Epidemiológico coronavírus – N03 21/02/2020
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/fevereiro/21/2020-02-21-Boletim-Epidemiologico03.pdf
Lista por estado dos hospitais referências no Brasil para o coronavírus (SARS-CoV-2)
https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46257-mapa-hospitais-referencia-novo-coronavirus
Recomendações do Ministério da Saúde e da ANVISA para operação Regresso
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/fevereiro/11/operacao-regresso-11fev-b.pdf
Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo coronavírus (COVID-2019)
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/fevereiro/13/plano-contingencia-coronavirus-COVID19.pdf