A palavra “self” é aquilo que define a pessoa na sua individualidade e subjetividade, isto é, a sua essência. O termo self, em português, pode ser traduzido por “si” ou por “eu”, mas, em termos psicológicos, a tradução portuguesa é pouco usada.
O termo foi usado inicialmente por vários psicanalistas ingleses, entre eles Donald Woods Winnicott (1896 – 1971), para designar a pessoa enquanto lugar de atividade psíquica, ou seja, o self seria o produto de processos dinâmicos que asseguram a unidade e a totalidade do sujeito.
Alguns psicanalistas norte-americanos consideraram que o self ou o “si” é assimilado ao objeto do investimento narcísico. Sendo assim, a representação do self seria uma construção do ego, pois self e ego não representam a mesma coisa.
O ego é uma das três instâncias do aparelho mental, ou seja, uma das subestruturas da personalidade. Seguindo essa linha de raciocínio, a maioria dos analistas prefere referir-se à ideia de self como “representação de si” ao invés de falar simplesmente de um “si” autônomo.
O conceito de self de acordo com Hartmann, Winnicott e Kohut
O psiquiatra e psicanalista austríaco Heinz Hartmann (1894 – 1970) conceitua o self como a “imagem de si mesmo” sendo composto de estruturas, entre as quais consta não somente o ego, mas também o id, o superego e, inclusive, a imagem do corpo, ou seja, a personalidade total.
Winnicott diz que o self não é o ego, mas sim a pessoa que é “eu”, que possui uma totalidade baseada no funcionamento do processo de maturação. Ao mesmo tempo, o self é constituído por várias partes. Essas partes unem-se desde uma direção interior para outra exterior no curso do funcionamento do processo de desenvolvimento e maturação, ajudado pelo meio ambiente que apoia e facilita.
O psiquiatra e psicólogo austríaco Heinz Kohut (1913 – 1981) esteve na origem da Escola de Psicanálise do self e criou uma psicologia do self. Ele se baseou no tratamento psicanalítico das personalidades narcísicas e dos estados-limite para definir o self como um conteúdo do aparelho mental. O self exprime-se como um conjunto de representações investidas num modo narcísico, sob a forma de uma transferência em espelho, no qual o psicanalista é idealizado como um reflexo do self grandioso que caracteriza esse tipo de personalidade. O self grandioso ou o Eu grandioso é uma forma patológica do self, caracterizada por uma imagem grandiosa e exibicionista de si, própria dos narcisistas.
O self de um bebê quando nasce é um fenômeno biológico e não psicológico. O ego, em contrapartida, é uma organização mental que se desenvolve de acordo com o crescimento da criança. A consciência do self nasce quando o ego passa a estar definido através da autoconsciência, da auto expressão e do autocontrole.
Contudo, esses aspectos se referem à sensibilidade, à consciência, lugar de expressão e domínio das sensações. O self, então, pode ser definido como um aspecto sensível do corpo. Na realidade, o ego representa a autoconsciência ou consciência do self.
A identidade dual do sujeito assenta na capacidade para formar uma imagem do self na sua percepção consciente do self corporal. Numa pessoa saudável, as duas identidades são congruentes. A imagem ajusta-se à realidade do corpo, mas quando existe falta de congruência entre a imagem do self e o self, ocorre então um distúrbio de personalidade.
Personalidade Narcísica
Quando falamos sobre o “eu”, logo nos vem em mente o famoso mito grego de Narciso, comumente usado para tratar de discussões que envolvem ego, personalidade e as relações das pessoas. Sempre lembrada nas áreas da psicologia, filosofia, letras de música, artes plásticas e literatura, a lenda conta a história do jovem que se apaixona por si mesmo ao deparar-se com seu reflexo na água.
Como vimos, a consciência do self é construído através da autoconsciência, da auto expressão e do autocontrole adquiridos ao longo da vida. Pessoas com personalidade Narcísica, geralmente, apresentam ego enfraquecido e se apegam a estímulos externos durante essa construção de personalidade. Assim, com uma visão deturpada de quem são, elas criam ideais quase sempre inalcançáveis ou irreais e acabam frustradas e com um vazio existencial.
Dentro da psicanálise, a ambiguidade entre a sobrevalorização de si e o vazio dentro de si é tratada como um transtorno de personalidade onde o indivíduo sente-se incompleto e desiludido ao perceber que toda a imagem que ele havia criado de si mesmo difere da realidade do seu ser. Ou seja, que ele não é quem ele pensava que era.
O processo de ajustamento social e pessoal de uma pessoa com uma personalidade assim requer tempo e esforço para a identificação, o reconhecimento e a construção de um novo – e real – self.
Sair da zona de conforto daquilo que você tem como certo na vida é difícil e expõe toda a fragilidade do indivíduo que busca ajuda nesse processo de autoconhecimento. No entanto é o primeiro passo para uma vida mais coerente e verdadeira consigo mesmo.
A busca pelo autoconhecimento
Um dos maiores desafios da vida é entender quem nós somos. O processo até uma conclusão que define o nosso ser, nossas características, personalidades e sentimentos não é fácil e nem sempre somo capazes de identificar o nosso verdadeiro “eu”. Seja por enxergarmos a nós mesmos de uma maneira deturpada daquela que somos na realidade, ou por não acreditarmos naquilo que as pessoas dizem que somos.
Esse impasse pode ocasionar uma série de bloqueios, dificultar as relações interpessoais e o desenvolvimento do indivíduo ao longo da vida. Mesmo que digam que a solução é voltar o olhar para si, nem sempre é possível fazer isso sozinho. Dessa forma, a metodologia do coaching pode ser uma aliada na busca pelo autoconhecimento e autoafirmação. Mas como isso acontece?
O coaching pode ser definido como um recurso para o desenvolvimento humano, que usa técnicas e ferramentas que proporcionam o despertar do potencial infinito que nós possuímos como indivíduo. Justamente por isso, a metodologia pode ser aplicada para todas as necessidades do ser humano.
A lógica deste processo gira em torno do autoconhecimento. Trata-se de uma análise e um estudo sobre o “eu” da pessoa que abre um caminho mais efetivo para identificar suas verdadeiras motivações pessoais e profissionais. A partir desta clareza de compreensão sobre si mesmo, se torna natural encontrar recursos internos para definir quem você é, como pode fazer a diferença sendo assim e o que você precisa melhorar na sua caminhada.
O autoconhecimento também permite obter maior domínio sobre as próprias emoções, e consequentemente sobre seu comportamento, conduzindo-o de maneira favorável ao alcance de metas e objetivos.
Por isso mesmo, o Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) criou o curso Professional & Self Coaching para despertar o seu melhor e lhe ajudar nas relações pessoais e profissionais.
É sempre importante lembrar que entender-se como um indivíduo, tal como você se revela e se conhece, representado em sua própria consciência pode gerar um sentimento confuso e, às vezes até contraditório quanto às suas atitudes e predisposições de comportamento no processo de definição do seu self. No entanto, trata-se de uma jornada interessante em busca de autoconhecimento e identificação que precisa ser feita por todo mundo em algum momento da vida e, ao fazê-lo, você deixará de lado as inseguranças para reafirmar a sua essência e personalidade.
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