Você sabia que no Brasil, cerca de 10% dos jovens sofrem de depressão na adolescência e que, no mundo, este número chega a 20%? Estes dados da Associação Brasileira de Psicanálise e da Organização Mundial de Saúde reforçam ainda mais a importância dos pais terem mais informações sobre esta grave doença para saber reconhecer seus sinais e ajudar os filhos a vencê-la.
Segundo estudiosos no assunto, diferente de outras fases da vida, onde a depressão se mostra de maneira mais clara, na adolescência o problema pode acabar sendo mascarado por comportamentos comuns aos jovens. Irritabilidade, mudanças drásticas de temperamento, isolamento, indisposição, queda no rendimento escolar, tristeza, choro e falta de ânimo, para o que antes trazia alegria e motivação; são alguns dos sinais de que algo está em desajuste.
Estes sintomas, muitas vezes, passam despercebidos pelos pais e responsáveis porque nem sempre eles conseguem distinguir, com clareza, o que é apenas uma fase normal ou um problema mais grave. É certo que adolescentes vivem mudando de humor, entretanto, quando a tristeza passa a ser uma constante é hora de acolher, apoiar e conversar com eles para entender quais são seus sentimentos, ajudá-los e também para evitar que isso tome proporções maiores.
Fatores que levam à Depressão na Adolescência
A adolescência é uma fase linda, cheia de descobertas, mas também é cheia de pressões, angústias, dúvidas e cobranças familiares, sociais e dos próprios jovens. É aquele momento em que surge a necessidade de pertencimento e onde nos sentimos obrigados a nos encaixar em padrões, a definir nosso estilo, jeito de ser, vestir, pensar e agir.
Também é quando as brincadeiras de criança são substituídas pela alta competitividade e pelas constantes disputas para saber quem é o melhor, o mais bonito, mais inteligente, mais “pegador”, que tem mais amigos ou é o mais descolado do colégio. Quando crescemos vemos que este foi um sofrimento desnecessário, mas quando jovens somos inexperientes e imaturos, não sabemos ao certo como vamos lidar com tudo isso e nos sentimos perdidos.
Além disso, às questões relacionadas à sexualidade, perdas de entes queridos e abusos de ordem sexual, física e emocional, como também a gravidez na adolescência são situações que impactam muito. Do mesmo modo, os fatores físicos, sociais, financeiros, intelectuais e os problemas familiares, como a falta de diálogo em casa, intolerância à sua orientação sexual, agressões, desrespeito, conflitos entre os pais e separações podem levar ao desenvolvimento da doença.
Como Ajudar seu Filho a Vencer a Depressão
Então, se você tem um filho adolescente, fique sempre atento à sua forma de agir. Se perceber que ele tem ficado mais apático, mudado seus comportamentos e hábitos, está mais desinteressado, triste e distante, não deixe isso passar em branco. Converse com ele, ampare, ofereça seu apoio, ouça o que ele tem a dizer, respeite e jamais trate a depressão como frescura.
Depressão é uma doença silenciosa e muito perigosa, que age quando nós não estamos vendo, mas que afeta a vida do púbere em todos os sentidos. E mais, nos casos mais graves ela é responsável inclusive por tentativas de suicídio e mortes de jovens. Não subestime seus efeitos ou trate apenas como uma fase.
Se estiver em dúvida sobre como proceder e abordar seu filho, procure orientação e, do mesmo modo, ofereça ao seu adolescente a oportunidade de tratar-se com um especialista no assunto. Geralmente, o tratamento é feito por meio de psicoterapia (onde ele pode conversar abertamente com um psicólogo e tratar seus dilemas, medos e angústias) combinada com o atendimento ou psiquiátrico, que também receita medicamentos específicos. Isso se faz necessário porque a doença também afeta o cérebro e as conexões neurais dos jovens, levando a um bloqueio nas regiões responsáveis pelas sensações de prazer, felicidade e satisfação, por exemplo.
Por fim, fique atento, seja sempre uma fonte de apoio, compreensão, respeito e amor para seu filho. Isso fará toda diferença a que possa vencer a depressão, voltar a ter motivação e a sentir-se mais feliz e confiante em relação a si mesmo e à sua vida.