Individualidade e individualismo são duas palavras que possuem um mesmo radical (raiz): indivíduo. No entanto, as semelhanças entre as duas param por aqui. Ainda que muita gente confunda esses dois conceitos, eles são bem diferentes.

Enquanto um é extremamente benéfico e bem-recebido nas empresas, o outro provoca desunião, egoísmo e muitas dores de cabeça aos colegas e gestores. Para evitar que esse problema ocorra, este artigo tem o objetivo de esclarecer as diferenças entre individualidade e individualismo, além de oferecer algumas dicas sobre como equilibrar as relações indivíduo-coletivo dentro das organizações. Boa leitura!

Indivíduo

O conceito de indivíduo é bastante complexo, mas bem fácil de ser entendido. O indivíduo é um ser, único e específico. Você, que agora lê este texto, é um indivíduo. O que te torna um indivíduo é o seu conjunto de características: aspecto físico, personalidade, conhecimentos, experiências de vida, relacionamentos, enfim, tudo aquilo que te torna único neste planeta.

Criatura singular, o conceito de indivíduo tornou-se sinônimo de pessoa ou de ser humano. O primeiro registro escrito desse termo data do século XVII. Isso significa que não se trata de um conceito novo, mas que tem sido cada vez mais estudado por diferentes áreas do conhecimento, como a biologia, a psicologia, a sociologia e a antropologia — cada uma em seu ponto de vista.

Indivíduos formam grupos e, assim, compõem famílias, círculos de amizade e organizações de trabalho. Por esse motivo, o conceito de indivíduo é sempre estudado em paralelo com a noção de coletividade.

Individualidade

Enquanto o conceito de indivíduo é sinônimo de pessoa, a palavra individualidade pode ser entendida também como um sinônimo de personalidade. Isso significa que a individualidade se refere ao jeito de ser específico de um indivíduo, contemplando suas particularidades emocionais, seus conhecimentos, suas habilidades, sua história de vida, seus valores pessoais e sua maneira de se relacionar com o outro e com o mundo que o cerca.

A individualidade é o que torna cada pessoa única e necessária ao mundo. Não existem duas pessoas que sejam iguais. Cada uma pode contribuir com o seu ambiente de uma maneira distinta e particular, o que inclui as empresas.

A empresa nada mais é do que uma grande engrenagem, que precisa de peças bastante diversificadas entre si para que funcione adequadamente e, dessa forma, alcance seus objetivos. Enquanto um indivíduo é ótimo com vendas, outro cuida da contabilidade, um terceiro assessora a empresa juridicamente, um quarto desenvolve estratégias de marketing, e assim por diante.

Individualismo

Como citamos anteriormente, uma empresa é uma engrenagem composta por diversas peças, e são as diferenças que enriquecem o sistema. Entretanto, é importante que, apesar de desempenharem diferentes funções, todas as peças estejam funcionando em harmonia. Isso quer dizer que elas devem estar na mesma velocidade, seguindo o mesmo objetivo, sem que uma invada o espaço da outra. Quando isso aconteça, a engrenagem inteira sofre e possivelmente quebra.

Aqui entra o conceito de individualismo: quando os interesses, pensamentos, sentimentos e comportamentos individuais se sobrepõem aos coletivos. Essa elevação do indivíduo como superior ao grupo produz resultados catastróficos: egoísmo, competição, deslealdade e, em alguns casos, crimes que comprometem a integridade de uma empresa inteira.

É o caso de quem prejudica o trabalho de um colega para ser promovido no lugar dele. O bem-estar da organização foi prejudicado em nome de um interesse particular. Aqui, não falamos mais em individualidade, mas em individualismo.

Individualidade consiste em respeito às diferentes habilidades e personalidades que compõem uma organização, com total consciência de que nenhuma importa mais do que a outra ou que os interesses coletivos. No individualismo, porém, esse respeito se desfaz, tornando-se uma briga egocêntrica que só provoca consequências negativas.

3 dicas para combater o individualismo

Como é possível perceber, a individualidade é bem-vista nas empresas, pois cada colaborador apresenta um talento diferente e, à sua maneira, torna-se importante no contexto corporativo. No entanto, quando os interesses do indivíduo tentam superar os objetivos da empresa como um todo, chegamos ao individualismo.

Esse comportamento problemático pode ser combatido nas empresas por meio das três dicas a seguir:

1. Regras bem definidas

O primeiro e mais óbvio passo para que uma empresa evite o surgimento de comportamentos individualistas é ter regras bem definidas. Isso não significa acabar com a liberdade de cada um ser do jeito que é (o que também seria negativo), mas definir normas internas de conduta e comportamento.

Um código interno que define as políticas da empresa deve determinar pontualidade, horários, obrigações, remunerações, código de ética, entre outras questões que a empresa julgue necessárias. Além disso, missão, visão e valores corporativos, bem como os objetivos e metas da organização, precisam ser de conhecimento de todos os seus colaboradores.

Sabendo bem o que precisa ser alcançado, como cada um deve agir e o que acontece com quem não segue as regras (punições), o comportamento individualista pode ser evitado.

2. Comunicação interna e endomarketing

Não adianta nada definir todos os elementos do item acima se eles não forem adequada e regularmente comunicados a todos os membros da organização. Uma rede sólida de comunicação interna permite que isso ocorra, evitando o surgimento de boatos e informações desencontradas — causas da maioria dos problemas das empresas atualmente.

Uma rede de intranet, um mural de avisos, reuniões periódicas, ou o bom e velho e-mail constituem eficazes ferramentas de comunicação interna para deixar claras as regras do jogo.

Além disso, é importante que todo e cada funcionário tenha uma sensação de pertencimento e acolhimento junto à empresa na qual trabalha. Ações de endomarketing — como eventos internos, reuniões, pesquisas de opinião, confraternizações, concursos internos, remunerações justas, planos de carreira e bonificação por desempenho — estão entre as medidas que mantêm o clima agradável na empresa, levando bem-estar a todos os colaboradores e evitando a competição.

3. O exemplo dos gestores

Por fim, nunca é demais lembrar que os gestores devem ser os primeiros a dar o exemplo. Não faz sentido combater o individualismo se os próprios líderes da empresa se comportam dessa forma.

Mesmo que a palavra final seja dessas pessoas, é importante que elas se mantenham abertas e acessíveis a todos os funcionários. Democraticamente, o colaborador deve sentir que sua opinião ou sugestão são bem-vindas, embora nem sempre sejam aceitas.

Além disso, se há regras de conduta, é extremamente importante que os líderes da empresa deem o exemplo, sendo pessoas éticas, responsáveis, pontuais e respeitosas para com todos.

Em conclusão, a individualidade deve ser respeitada, pois cada pessoa tem seu jeito próprio de ser e de agir, bem como suas capacidades e habilidades que a tornam única. O somatório de diferentes talentos faz de uma empresa uma engrenagem rica e produtiva. Contudo, os interesses e os objetivos coletivos sempre devem estar em primeiro plano, de modo que posturas individualistas não sejam aceitas. Individualismo e egoísmo caminham juntos, sendo dois aspectos extremamente destrutivos.

Que as reflexões acima possam te ajudar em sua empresa, de modo que um clima organizacional harmônico possa ser construído. E você, tem alguma experiência nesse sentido? Teria mais dicas para compartilhar conosco? Fique à vontade para deixar seu comentário no espaço abaixo. Não se esqueça também de compartilhar este artigo com todos os seus amigos, familiares e colegas de trabalho, por meio de suas redes sociais.