Digo que “todo dizimista é fruto de um coração evangelizado”.
No livro do profeta Malaquias lemos: “Trazei ao tesouro do templo o dízimo integral para que haja recursos na minha casa. Fazei comigo esta experiência, diz o Senhor dos exércitos. Vamos ver se não abro as comportas
do céu, se não derramo sobre vós minhas bênçãos de fartura” (Ml 3,10).
Evangelizar é levar a Palavra de Deus para as pessoas e recebê-las participando de forma responsável da Comunidade de Fé. É, a partir da comunidade, favorecer a boa orientação e atração de novos participantes; neste sentido, trata-se desenvolver uma boa catequese, pastorais e movimentos que deem sentido à caminhada de cada pessoa.
Isto é o que testemunhei desde muito cedo junto ao meu povo na Paróquia Nosso Senhor do Bonfim em Silvânia.
Tomo como ponto de partida o ano de 1995, quando, junto com meu pai, participei de uma reunião pastoral cujo assunto era o dízimo. Havia um pregador, porém, pouco entendimento por parte das pessoas, pois o assunto “dinheiro para a igreja” não chegava de forma convincente aos corações daqueles participantes. A consciência do dízimo estava ainda muito distante, e, sintomaticamente, perguntas, muitas vezes sem fundamento, eram ali colocadas, deixando o pregador um tanto quanto frustrado.
Dez anos depois, em 2005, a paróquia obtém uma nova liderança e passa a ser estruturada com o foco nas pastorais, estabelecendo cinco pontos como prioridade: Bíblia, catequese, juventude, liturgia e dízimo.
A Pastoral do Dízimo passou a receber atenção especial. Neste sentido investiu-se na formação dos círculos bíblicos, nos encontros de jovens e casais. Interessante esta estratégia, pois falar diretamente de dízimo não atraía a atenção, mas falar de círculo bíblico, envolvendo os jovens e casais, o efeito disso foi bem positivo. A paróquia entrou numa nova fase de organização e consciência de Igreja.
Eu, mesmo morando fora, acompanhei todo este processo e, a partir de 2011, tive a honra de ser o animador dessa paróquia na função de pároco. Fiquei até o fim do ano de 2016. Nesse período me dediquei além daquilo que era próprio aos serviços de um pároco, levar o povo a contar a sua história enquanto caminhada de fé e de pastoreio. As Assembleias Pastorais Comunitárias e Paroquiais eram o espaço privilegiado para isso.
Pude constatar que realmente não dá para compreender o dízimo se as pessoas não tiverem uma boa visão do Evangelho de Jesus Cristo e da prática pastoral. E evangelizar é contar história; para isto, permitir ao povo contar a própria história é uma excelente estratégia.
Todo investimento na evangelização é um investimento que traz grandes retornos. Uma das coisas que muito fiz, enquanto pároco, foi vender, presentear, distribuir a Bíblia. Garantir que em todas as casas tivesse ao menos uma Bíblia.
A partir de então, investir nos casais, encontros e mais encontros. Casais de noivos, casais sacramentados, casais consensuais, encontros de viúvos, tudo é sempre muito gratificante e recompensador. Investir de
forma muito especial nas crianças, adolescentes e jovens. Em hipótese alguma, reprimir os anseios desses seres em suas descobertas. A juventude, quando apoiada, sempre traz um retorno surpreendente. Investir no acompanhamento dos crismandos. Os jovens crismando são um campo fértil dentro da paróquia, sedentos de boas sementes. Evangelizar, sempre e antes de qualquer outra iniciativa. Falar sobre Jesus de Nazaré, explicar e exemplificar o Cristo, experimentar o Reino de Deus. Daí então, desenvolver as ações pastorais para os jovens se
envolverem e se sentirem protagonistas da caminhada.
Mudança no estilo das homilias, sair do “enlatado” de casa para aquelas que façam vibrar a corda no coração de cada fiel. Atitude. Em vez de esperar pelos jovens, ir ao encontro deles. Em vez de reprimir as iniciativas
das pessoas, acolhê-las, ouvi-las, fazer-se junto a elas, aprender com elas. Animar a partir do Evangelho é criar, fazer a diferença. Pelo Evangelho, é sempre muito bom inovar. É a fortificação do Evangelho que anima
as ofertas e também o dízimo.
Com essa consciência do Evangelho, elaborei dez itens para cada pessoa se avaliar no seu desempenho diante do Evangelho:
Visite, também, outros textos bíblicos, como: Gênesis 4,3-4; Deuteronômio 6,4-5; Mateus 4,3-4; 16,18; 18,21-22; Lucas 2,40; 22,13-20; João 14,6; Atos dos Apóstolos 2,44. Diante destas maravilhas da vida em comunidade, eu sempre dizia que a paróquia estava preparada para atender todo tipo de problema que chegasse a ela. Havia equipes dispostas dentro, e, quando não conseguíamos, tínhamos excelentes parceiros fora. A relação da paróquia
com as diferentes secretarias da prefeitura sempre foi uma marca forte. Assim também com as Organizações Não Governamentais (ONGs).
Sou muito grato por esta rica experiência de vida junto a esse povo de fé. É aqui que o texto do profeta Malaquias faz realmente sentido na vida de um povo, um povo junto ao qual participo e me sinto envolvido, mesmo não estando mais diretamente no meio deles. Um povo cristão, de fato.
O dízimo veio, com dificuldades; demorado, mas veio. Os reservatórios do céu, mais do que coisas materiais, dinheiro, a abundância veio sobre todos.
Acredito muito que a escrita deste livro junto com José Roberto Marques é fruto da minha atitude de me tornar dizimista. Poderia listar uma série de bênçãos que aconteceram e continuam a acontecer em minha vida a
partir desta decisão, desta consciência como cristão, como Igreja. “Fazei a experiência”, está bem enfatizado no texto do profeta Malaquias. Eu a fiz e com alegria dou este testemunho. Desafio você também a fazer.
Estabeleça algo extraordinário na sua vida que te faça dar um salto de mudança positiva. Tenho certeza que não demorará muito para, também, querer relatar a sua história de sucessos.
Cabe ainda uma última ressalva: dízimo é diferente de ofertas. Dízimo é compromisso mensal. Oferta é ocasional, posso fazer, como posso não fazer. Oferta jamais deve substituir o dízimo. E dízimo não é atitude de quem tem dinheiro ou está empregado; dízimo é atitude de quem é evangelizado. Dízimo não é apenas dinheiro, dízimo é compromisso com a comunidade de fé.
Para encerrar: dízimo é 10% que dou ou 90% que recebo?
Dízimo é gratidão.
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