movimento ocular de dessensibilização e reprocessamento

Irina Bg/Shutterstock O movimento ocular de dessensibilização e reprocessamento é um poderoso método de cura de traumas e sofrimentos

Era 1987. A psicóloga norte americana Francine Shapiro estava caminhando no parque com uma série de pensamentos perturbadores em sua cabeça. Em outras palavras, aquela caminhadinha que sempre damos para espairecer. Num determinado momento da caminhada Francine percebeu que seus pensamentos tinham desaparecido de forma espontânea e inesperada. Na verdade, o pensamento, como memória, permanecia, mas a sensação de perturbação, de angústia havia sumido. A psicóloga fazia testes consigo mesma trazendo à tona os pensamentos, colocando-os novamente no nível da consciência, mas… nada… ela não sentia mais a emoção negativa de antes, eles já não pareciam tão perturbadores.

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Após longas horas de reflexão, como boa cientista, Francine procurava que lhe ajudasse a compreender o que havia acontecido para gerar esse maravilhoso resultado. Ela percebera que havia uma relação entre a mudanças das sensações e emoções frente à memória e um movimento que ela, “acidentalmente”, criou para os olhos – movimentos bilaterais. Testou com amigos para saber se sua evidência era verdadeira e posteriormente, em seu consultório, testou também com ex-combatentes da guerra do Vietnã, e percebeu que a intensidade das perturbações se reduzia, ou chegava mesmo a desaparecer, quando as pessoas elaboravam os eventos traumáticos ao associar movimentos oculares a estas imagens.

Movimento Ocular de Dessensibilização e Reprocessamento

Essa caminhada no parque resultou em uma forma de terapia que tem sido muito discutida nos Estados Unidos e já chegou ao Brasil que conta com um grupo de psicólogos e pesquisadores que aplicam e estudam os seus resultados. Ela se chama “Eye Movement Desensitization and Reprocessing” ou “movimento ocular de dessensibilização e reprocessamento” (EMDR).

A teoria e a técnica formuladas por Francine Shapiro dão conta de que o movimento dos olhos tem a capacidade de desfazer a relação entre as emoções e as memórias. O EMDR transforma as informações que foram processadas de forma negativa e armazenadas no cérebro tornando-se lembranças dolorosas, traumas, ou mesmo algumas disfunções mais sérias, como transtornos de personalidade.

A literatura psicológica, por meio da revisão de artigos publicados, mostra que há estudos de caso sobre a aplicação do EMDR nas mais diversas situações, como trauma, abuso sexual, pânico com agorafobia, transtorno de personalidade borderline, pseudoconvulsões, ansiedade, luto e transtorno de apego. Isso mostra a extensão das possibilidades de aplicação do EMDR, sempre no sentido de melhorar o funcionamento psicossocial do indivíduo, liberando o conteúdo perturbador.

Há ainda uma série de perguntas sobre essa técnica que carece de respostas. Sabe-se que ela funciona, os estudos de caso no mundo são bastante enfáticos nas evidências do sucesso dos tratamentos, mas ainda não se sabe exatamente porque ela funciona, isso é, o modo como o movimento dos olhos age no organismo modificando a associação entre memória e emoção. Mas vale dizer que o EDR é reconhecido coo terapia pelos mais altos e credíveis órgãos estadunidenses de estudos psicológicos, como o Clinical Division of the American Psychological Association (APA).

Memória e Trauma

Há um ensinamento que sempre passo em todas as minhas formações: “você ao contar a sua própria história constrói uma percepção sobre você. O medo e o mal não existem. Tudo é fruto da percepção. ” Esse ensinamento é também o que distingue uma memória comum de um trauma.

Quando a pessoa a ser tratada fala, ou seja, no uso consciente da linguagem, sobre algo que lhe aconteceu, a narrativa dessa experiência constrói a percepção e as sensações que essa memória pode trazer e reviver. Por meio da descrição de uma história podemos ver o quanto essa memória pode causar sofrimento, dor e, algumas vezes, impede as pessoas de levarem suas vidas normalmente. Isso pode ser diagnosticado como um trauma.

Nas memórias comuns, não efeito fisiológico considerável. A memória da experiência, mesmo nas experiências ruins, não influencia significativamente na rotina e no comportamento da pessoa. É uma sensação pouco significativa que gera tristeza, mas não dor, sofrimento ou paralisia social.

Tratando-se de fisiologia, há, no trauma, uma série de mecanismos que levam o corpo a reagir de acordo com a memória. Ao reviver uma memória traumática o corpo pode reagir com o choro, com tremedeira, náusea, diarreia, sensação de tontura e perda dos sentidos, e, geralmente, rapidez dos movimentos oculares, ou congelamento dos mesmos.

Na experiência considerada traumática há uma ameaça à saúde e bem-estar da pessoa. Um acontecimento traumático provoca falhas na elaboração da narrativa da pessoa traumatizada, porque o cérebro grava as informações de forma desconexa, incoerente, misturando imagens (percepções visuais), sensações corporais e sinestésica e emoções diversas – isso ocorre como uma forma de defesa, o corpo reage à eminência da repetição do evento.

O trauma também é uma memória, é por isso que ele pode ser modificado e, até mesmo, eliminado, levando as pessoas a terem controle de suas emoções de suas vidas. O mais importante para compreendermos a eficácia do EMDR é entendermos como corpo físico está relacionado ao nosso mental e emocional. É a relação entre esses campos que faz com que sejamos seres sistêmicos e, como tal, devemos olhar para nossas feridas de modo holístico.

O Movimento Provável dos Olhos e a EMDR

Sabemos que nosso cérebro é dividido em dois hemisférios e sabemos que esses dois hemisférios têm atuações diferentes no nosso organismo e na nossa mente – embora muitas funções sejam elaboradas pelos dois hemisférios. A explicação mais aceita para a eficácia do EMDR tem a ver com o trabalho dos dois hemisférios do nosso cérebro.

A EMDR é uma terapia de estímulo ocular, geralmente, bilateral. O movimento dos olhos bilateralmente estimula os dois lados do cérebro, estando o paciente focado na memória traumática. Assim, há uma reorganização entre a consciência da memória e as sensações que ela provoca.

Em outras palavras, o lado esquerdo do cérebro, responsável por elaborar um raciocínio de forma clara, assim como as que ajudam a recordar uma sequência de acontecimentos, perde a comunicação com o lado direito.  O movimento dos olhos é uma estratégia de reconexão, chamada de estimulação dual da atenção (dual attention stimulation) durante a sessão a pessoa pode distanciar-se da memória e todas as suas sensações adotando um papel de observador, ativando o lado direito do cérebro, reassumindo o controle das emoções.

O movimento bilateral dos olhos também promove um ajuste do tempo da sensação passada e do tempo das sensações futuras ligadas à nessa memória.  Nosso lado esquerdo evoca nosso passado, as experiências vividas e as lembranças. Nosso lado direito projeta o futuro, nossas construções e projeções. Por isso o movimento bilateral, orientado pelo coach também ajusta a metáfora do tempo dentro da narrativa.

Assim, a EMDR ajuda na comunicação entre os dois hemisférios, conectando a linguagem para a ressignificação da narrativa, as emoções para o ajuste do sofrimento e dor que o trauma causa e a projeção positiva futura, para que essa memória não gere problemas para a vida do coachee.

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Em uma sessão com EMDR após identificar a memória traumática ou o fato a ser trabalhado, o coach pede que o coachee focalize o problema, ou a memória (estímulo interno), mas acompanhe com os olhos os seus movimentos (estímulos externos). O coach passa a fazer então movimentos bilaterais, mas também podem ser no sentido para baixo e para cima, conforme o caso (passado ou projeção). Pode haver também estímulos sonoros ou visuais, mas estes sempre laterais, seguidos de orientação para que a pessoa a ser tratada faça associações livres entre a memória e os estímulos.

A pessoa que passa pela sessão pode ser solicitada narrar novamente os fatos que lhe causam sofrimento e dor, ou lembrar-se daquilo de que tem dificuldade (como falar em público, por exemplo). É muito provável que após a primeira sessão a narrativa seja muito mais consistente, coerente e que as emoções já estejam equilibradas e reorganizadas.

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