Os leitores mais assíduos do blog certamente já se depararam com essas três palavras em nossos artigos — empregado, funcionário e trabalhador. Elas são comumente utilizadas como sinônimos para qualquer pessoa que trabalhe para uma empresa ou instituição pública.
Mesmo que essas palavras apresentem significados similares e que possam ser utilizadas como substitutas umas da outras em diversos contextos, uma análise mais minuciosa nos permite compreender que existem sutis diferenças semânticas entre esses conceitos, ainda que o todo da mensagem possa ser compreendido de forma geral.
O conceito de “colaborador”, por exemplo, tem sido muito mais utilizado do que os outros dois desde os anos 1990. Inclusive, aqui no blog, ele aparece com mais frequência do que “empregado” e “funcionário”, justamente por conta dos significados burocráticos e até mesmo pejorativos que foram atribuídos a esses termos com o passar do tempo.
Neste artigo, vamos compreender exatamente como os dicionários definem cada um desses termos. Ainda que uma pessoa possa ser considerada as três coisas ao mesmo tempo, a escolha de palavras que se faz, dependendo do contexto, pode trazer significados específicos na comunicação. Entre as frases “você é meu colaborador” e “você é meu empregado”, há uma diferença considerável, não acha? Vamos compreender melhor essas distinções na sequência!
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O que é um empregado?
“Empregado” é o termo menos utilizado hoje em dia, pois ele carrega um significado um pouco mais “pesado” em relação aos outros dois. O artigo 3º da CLT — Consolidação das Leis Trabalhistas discorre sobre a definição de “empregado”, conforme podemos conferir:
“Art. 3º — Considera-se empregado toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.
Dessa forma, convenciona-se que as pessoas que trabalham para outras são denominadas “empregadas”. Essa é a palavra a ser utilizada em documentos, por exemplo, já que é como a área jurídica define essas pessoas, mesmo que ela soe um pouco estranha.
A partir dos anos 1990, a palavra “empregado” passou a ser substituída por sinônimos, considerados mais “leves”. A preocupação era de que esse conceito pudesse ser utilizado de forma pejorativa, como se o empregador fosse alguém superior ao empregado.
Por isso, frases do tipo “você é meu empregado” e “você trabalha para mim” são comuns em situações de conflito. O significado que se extrai do uso dessa palavra é de que o empregado é apenas alguém que trabalha, como se não tivesse nenhum direito e não fosse um ser humano.
O que é um funcionário?
Aos poucos, a palavra “empregado” passou a ser substituída pela palavra “funcionário”, exceto no contexto jurídico, em que a primeira opção ainda prevalece. O conceito de funcionário é definido pelo dicionário como “alguém que tem ocupação permanente e retribuída”, sendo o mais neutro dos três.
A princípio, a palavra “funcionário” se referia exclusivamente a quem trabalhasse em órgãos públicos e fosse concursado. Com o passar do tempo, porém, as pessoas adotaram o termo em qualquer contexto de trabalho, inclusive nas empresas privadas. A mídia, por exemplo, utiliza predominantemente essa palavra, o que sugere certa formalidade.
Aos poucos, documentos e notações oficiais das empresas também passaram a utilizar a palavra “funcionário”. Hoje em dia, ela é mais utilizada do que “empregado”, justamente porque, apesar de manter a formalidade, não carrega consigo aquele tom de inferioridade que “empregado” pode comunicar, o que tende a suavizar as conversas.
Em documentos oficiais, entretanto, a recomendação é que a utilização do termo “funcionário” refira-se exclusivamente aos funcionários públicos, e não aos trabalhadores das empresas privadas. Na comunicação diária, porém, essa diferenciação praticamente não existe. Podemos fazer uso dessa palavra em contextos neutros ou formais, de forma menos agressiva do que a palavra “empregado”.
O que é um colaborador?
Por fim, a terceira palavra é “colaborador”, cuja definição nos dicionários é: “aquele que colabora, que ajuda, que coopera, que se dá por uma causa”. Sendo assim, é fato que essa palavra pode aparecer em diversos contextos, e não apenas no contexto empresarial. Você pode considerar um vizinho seu um colaborador, se ele ajudá-lo no dia a dia, por exemplo.
Todavia, as empresas têm adotado o termo “colaborador” como sinônimo de “funcionário” exatamente para reforçar em cada trabalhador a ideia de que ele faz parte daquela equipe e é fundamental para o sucesso dela. As instituições mais modernas compreendem que os seus funcionários não estão ali apenas para obedecer ordens, mas também para serem vozes ativas ali dentro, colaborando com o progresso de todos — daí a razão do uso do termo “colaborador”.
Quando um líder afirma que um funcionário é um colaborador, ele não o está tratando como um mero empregado, mas como alguém que tem conhecimento, valor e habilidades que fazem a diferença no dia a dia da organização. É uma palavra mais rica, no sentido de que expressa reconhecimento e combate o “peso” do termo “empregado”. Por isso tem sido tão utilizada nos últimos tempos, mesmo que nos contextos mais formais e oficiais não apareça.
Na prática, qual é a diferença?
A chegada das gerações Y e Z ao mercado de trabalho é um marco para o uso do termo “colaborador”. Esses indivíduos não querem que o ambiente de trabalho seja apenas um lugar para cumprir ordens e ganhar dinheiro em troca. Essas pessoas querem de fato colaborar, ou seja, fazer a diferença na empresa e permitir que aquela experiência profissional também faça a diferença em suas vidas.
Por isso, as empresas que tratam o funcionário como um mero empregado dificilmente se preocuparão com a evolução dele. Em contrapartida, nas instituições em que o funcionário é visto como um colaborador, ele será estimulado a desenvolver a visão sistêmica, ou seja, a compreender o funcionamento da organização como um todo e a maneira como ele pode ajudá-la.
Um colaborador participa, opina, concorda, discorda, cria, propõe inovações, traz referências e preocupa-se com a organização como se ele também fosse um pouco dono dela. Já um empregado apenas faz o que lhe mandam. Portanto, é fato que, na atualidade, tanto as empresas (as mais modernas) quanto os trabalhadores têm uma preferência natural pelo uso do termo “colaborador”, já que o seu significado é muito mais construtivo.
A cultura organizacional
Por mais que essa seja uma tendência da sociedade atual, devemos ressaltar que as empresas possuem “personalidades” próprias e podem ser muito diferentes entre si, tanto quanto as pessoas. Por isso, há organizações em que as estruturas são mais flexíveis e que favorecem a ideia de colaboradores. Por outro lado, há instituições mais antigas e rígidas, cujas estruturas ainda mantêm os funcionários na postura de empregados. É uma questão de cultura organizacional.
É preciso que as organizações contemporâneas compreendam o perfil dos trabalhadores que têm chegado agora ao mercado de trabalho. Isso fará com que elas tenham que se adaptar a novos modelos de trabalho e a novas maneiras de enxergar os seus trabalhadores. Não adianta tratá-los com a palavra “colaborador” sem permitir que eles de fato o sejam. Não se trata apenas de uma questão linguística, mas de uma verdadeira mudança comportamental, de modo que essa nomenclatura não seja letra morta.
E você, querida pessoa, como avalia o seu ambiente de trabalho? As pessoas que fazem parte dele são empregados, funcionários ou colaboradores? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Por fim, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!