Em toda e qualquer organização, é preciso que líderes e liderados se unam para construir um ambiente de trabalho harmônico. Para que essa harmonia seja edificada e mantida ao longo do tempo, é necessário que haja sensatez e justiça na forma de tratar todo e cada indivíduo.
Infelizmente, essa não é a realidade de algumas empresas. Há organizações em que alguns indivíduos são privilegiados em detrimento de outros, num processo conhecido como “favoritismo no trabalho”. Para compreender melhor o que é o favoritismo nesse ambiente, como ele surge e quais são as suas consequências, continue a leitura deste artigo.
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Entendendo o favoritismo
Como citado acima, o favoritismo é o processo por meio do qual uma pessoa é priorizada, havendo prejuízo de outras. No trabalho, isso ocorre quando um líder beneficia e trata melhor sempre as mesmas pessoas — geralmente aquelas que têm mais tempo de casa ou que têm com ele um relacionamento mais próximo, de mais intimidade. Esse favorecimento acaba por prejudicar os demais funcionários da organização, que não são assim tão próximos do líder.
O favoritismo no trabalho pode ocorrer de forma consciente, quando o líder sabe que está priorizando alguns em suas decisões, mas também pode ocorrer de maneira inconsciente, quando o líder beneficia sempre aqueles que têm intimidade ou uma forma de pensar mais parecida com ele, sem que perceba que age dessa forma.
O despertar das emoções
O grande problema do favoritismo acontece porque as pessoas que estão numa empresa não são apenas profissionais competentes e qualificados, mas também são seres humanos. Pessoas têm emoções e, por mais qualificadas e maduras que sejam, percebem o despertar de diferentes sentimentos quando outros são privilegiados em seu lugar.
Essas emoções variam de pessoa para pessoa, mas, em geral, incluem tristeza, frustração, ciúme, inveja, raiva e sensação de injustiça. Além disso, pode surgir também o medo de perder o emprego, ou ao menos de não ser promovido, afinal de contas, a pessoa percebe que, nessas circunstâncias, provavelmente não seria o escolhido.
A subjetividade das promoções
Por muito tempo, imperava nas empresas o costume de oferecer promoções aos funcionários que tivessem mais tempo de casa. Ainda que esse costume continue existindo em várias organizações, ele tem sido gradativamente substituído por uma avaliação de desempenho e competências, de acordo com aquilo que o funcionário produz e entrega.
Esse sistema, conhecido como meritocracia, parte da promessa de promover as pessoas de forma mais justa do que o simples critério do tempo de casa. No entanto, avaliar qualidades e competências de funcionários é algo muito complexo, pois é difícil quantificar esses itens para identificar qual é maior.
Sendo assim, esse tipo de avaliação de desempenho muitas vezes esbarra na subjetividade do líder, que, consciente ou inconscientemente, pode acabar beneficiando aqueles que têm mais proximidade consigo, mas não necessariamente que tenham mais competências. Sem um sistema de avaliação justo, técnico e imparcial, o favoritismo encontra terreno para crescer.
A “mistura” da vida pessoal com a vida profissional
É perfeitamente possível que líder e liderado sejam também amigos. No entanto, nas dependências da empresa e no horário do expediente, é importante deixar claro que, ali, eles não se encontram na posição de amigos, mas de chefe e funcionário. Por isso, o líder não pode demonstrar preferência ou relações mais íntimas com esse colaborador durante o período de trabalho.
A percepção dos outros funcionários pode ser negativa, desconfiando de que o líder certamente promoveria aquele funcionário em razão da sua amizade, mesmo que isso não seja verdade. Portanto, a fim de evitar o surgimento desse tipo de conflito, é necessário que o líder e esse funcionário estabeleçam uma linha divisória entre as relações pessoais e as relações profissionais.
As hipóteses de favoritismo surgem quando um funcionário não se empenha muito em seu trabalho, pois acredita que o seu chefe (que também é amigo) certamente o promoverá. O mesmo ocorre quando o chefe ignora as competências dos funcionários, tomando a amizade como critério de promoção profissional. Os dois casos representam comportamentos inadequados, que precisam ser combatidos.
Por isso, cabe ao líder tratar a todos da mesma maneira, sem privilegiar ninguém, e cabe ao funcionário não esperar privilégios em nome da amizade. No dia a dia, também é importante que o líder procure conhecer e conversar com todos os seus liderados, e não apenas com aquele com quem já tem amizade. Interagir com todos, almoçar com diferentes funcionários e evitar demonstrações de intimidade com quem já conhece há mais tempo são boas práticas para evitar o favoritismo.
Elogios, promoções e competitividade
Os elogios e críticas que se fazem numa empresa sempre devem ser exclusivamente relacionados ao trabalho. Por isso, o líder deve ser justo e procurar distribuí-los entre os membros da sua equipe, sem criticar ou elogiar sempre as mesmas pessoas, pois isso pode gerar rivalidade e competição na organização.
A competição tem um lado positivo, que é o de estimular as pessoas a darem o melhor de si. No entanto, ela não vale a pena se promove sentimentos de inimizade, se destrói o clima de harmonia e se leva as pessoas a prejudicarem umas às outras. Esse é um quadro extremamente grave, provocado pelo favoritismo. Para evitá-lo, o melhor é que os feedbacks sejam todos dados individualmente, sejam eles positivos ou negativos.
Quanto aos momentos de promover alguém do setor, é essencial que o líder preste contas à equipe sobre os critérios que foram utilizados. Não se pode mais alimentar a ideia de que, apenas por ser líder, o indivíduo não tenha que dar satisfações aos seus liderados. É preciso ser transparente ao extremo nesses momentos, para evitar os rumores de favoritismo.
Problemas de relacionamento
Quando um funcionário é o favorito do chefe, ele pode até pensar que este é um aspecto positivo. No entanto, ele logo perceberá que os demais funcionários da empresa poderão tratá-lo com diferença, ou mesmo excluí-lo das atividades fora da empresa, como um happy hour.
Por isso, se o funcionário perceber que está sendo privilegiado em alguma questão, o ideal é que ele mesmo imponha limites à sua relação com o chefe. Além disso, ele jamais deve “relaxar” no seu desempenho profissional, pois isso certamente seria visto como um indício do favoritismo.
Da mesma maneira, os demais funcionários devem evitar tirar conclusões precipitadas. Mesmo que existam rumores sobre um suposto favoritismo, não devem tratar mal ou ignorar o colega, afinal de contas, pode ser que não passe de um boato. Além disso, mesmo que os rumores sejam verdadeiros, pode ser que esse funcionário “privilegiado” não esteja nem um pouco feliz com a situação. Se a culpa do favoritismo foi do líder, por que descontar no colega?
Alta rotatividade de funcionários
Se você percebe que está em uma empresa onde sabe que jamais será promovido, pois não é um dos favoritos do chefe, você continuaria nela? É assim que muitos funcionários pensam: por que continuar em um lugar em que não serei promovido? Isso os leva a se esforçarem cada vez menos em suas atividades e até mesmo a sair da empresa.
Quando um líder sempre promove as pessoas por conta da sua amizade fora da empresa, por compartilharem os mesmos interesses, por terem o mesmo time de futebol, por serem parentes, ou porque o indivíduo já está há 30 anos na organização, as pessoas que não têm a mesma intimidade sentem o desejo de sair dali, pois não vislumbram possibilidades de crescimento. Isso aumenta a rotatividade de funcionários.
Além disso, sem tomar as competências profissionais como critério de avaliação, a empresa acaba perdendo a sua competitividade, pois funcionários que estavam ali verdadeiramente por sua competência passam a trabalhar para a concorrência.
Como você pode perceber, o favoritismo apenas promove problemas de relacionamento, ressentimentos, perda de produtividade e aumento na rotatividade de funcionários. Quando esse favoritismo é promovido por questões de gênero, raça, crença ou outra característica, o caso pode até mesmo parar na justiça, pois se configura um ambiente de trabalho hostil. Portanto, não faltam motivos para abolir o favoritismo da sua empresa.
E você, querida pessoa, já refletiu sobre como tem tratado os seus funcionários (caso seja um chefe)? Já passou por uma experiência de favoritismo na empresa em que trabalha? O que pensa sobre o assunto? Deixe o seu comentário no espaço abaixo. Além disso, compartilhe este artigo com todos os seus amigos, familiares e colegas de trabalho, por meio das suas redes sociais!
Imagem: Por Pictrider