A fitoterapia é uma prática em que se tratam as doenças e os sintomas por meio da utilização de plantas medicinais e de princípios ativos — substâncias isoladas que atuam diretamente onde se deseja — presentes nelas.
É importante esclarecer que, diferentemente do que muitas pessoas pensam ou falam, a utilização de plantas medicinais e princípios ativos não é totalmente isenta de riscos. Há muitas plantas que possuem em suas composições substâncias tóxicas; pode existir ainda alta concentração de agrotóxicos ou metais pesados em algumas delas, por isso é importante estar atento à procedência da planta. Além disso, há um limite no que se refere à quantidade saudável para consumo humano, o que vale para todas as substâncias, naturais ou sintéticas.
Deve-se fazer uma distinção entre a fitoterapia e os medicamentos fitoterápicos, que estão contidos no campo da fitoterapia, e são remédios fabricados a partir de vegetais, manipulados em laboratório, não compreendendo chás e outras maneiras caseiras de utilização das plantas.
Feitas essas ressalvas, vamos entender um pouco melhor o que é a ansiedade. Apesar de a palavra ser usada cotidianamente para expressar uma grande expectativa ou a vontade demasiada para que algo futuro aconteça logo, em um senso mais estrito, a ansiedade é caracterizada pela sensação de potencial perigo ou de ameaça, e constitui uma das emoções mais básicas do ser humano.
É aquela sensação de insegurança e/ou irritabilidade que temos quando estamos dirigindo pelas ruas de uma cidade e pouco ou nada a conhecemos. Quanto menor for nossa noção do caminho pelo qual seguimos, maior tende a ser a ansiedade. Esse estado demanda muito do corpo, uma vez que ativa, ao mesmo tempo, circuitos exploratórios e de autopreservação, ambos localizados no hipotálamo — parte do cérebro voltada para o desempenho de funções básicas como regulação de temperatura, fome e sede etc. Isso é como se pisássemos no acelerador e no freio ao mesmo tempo: além de ir, com o tempo, danificando o motor, gasta combustível e não saímos do lugar.
É possível compreender, em uma perspectiva evolutiva, por que temos a reação de parar diante de coisas que, a princípio, não são boas nem ruins, já que são desconhecidas, como as ruas de uma cidade que não conhecemos. Afinal de contas, olhando para nossos ancestrais, que viviam rodeados de predadores e de animais peçonhentos, fica claro que é melhor enxergar uma ameaça onde não há do que não enxergar ameaça onde há. Hoje em dia, não nos preocupamos mais com esse tipo de perigo o tempo todo, mas nossa plataforma biológica é muito semelhante; embora de maneira mais abstrata, nosso cérebro continua com a estratégia de tender a interpretar o desconhecido como ameaça, já que essa foi, ao que tudo indica, uma boa estratégia evolutiva.
O nível de ansiedade varia muito de pessoa para pessoa. Costumamos dizer que tem ansiedade aquela que a apresenta em grau muito elevado ou de maneira praticamente permanente. Nesses casos, é necessário tentar entender o motivo pelo qual a pessoa tem uma reação desmesurada diante de algo desconhecido, ou por que ela tem a impressão de que há predadores por toda a parte.
Isso pode ser um processo psicológico demorado, uma vez que não é raro esse tipo de sintoma ter causas mais profundas. Portanto, como o estado de ansiedade é bastante exaustivo fisicamente, talvez seja aconselhável, além de um acompanhamento psicológico ou terapêutico, procurar uma alternativa mais imediata. Sob orientação médica, pode-se recorrer a tratamento por medicamentos ou plantas para aliviar os sintomas.
Algo que soa simples, mas tem grande efetividade no tratamento da ansiedade e até da depressão é melhorar os padrões de sono. Para isso, é conhecida a valeriana, cuja raiz pode ser utilizada para fazer chás de forma tradicional, além de ter seu princípio ativo em comprimidos e gotas. Outros chás para diminuir a ansiedade e afastar seus sintomas são de camomila e erva-cidreira; além desses, temos o de maracujá (suco e chá), do qual deriva a Maracugina, e da passiflora, a bela flor do maracujá.
Enquanto as versões industrializadas são mais concentradas e podem ser mais rápidas em seus efeitos, as versões naturais podem ser consumidas mais livremente, mais vezes ao dia. Todas elas pressupõem que o uso seja regular e contínuo, como qualquer tratamento. Nunca é demais lembrar que, embora exijam menos rigorosidade do que os remédios sintéticos, as opções fitoterápicas não são completamente livres de riscos; se utilizadas com responsabilidade, elas podem ser fortes aliadas no processo de colocar a ansiedade, esse mecanismo de autopreservação tão importante na nossa história evolutiva, de volta sob controle.
 
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