Flow

VGstockstudio/Shutterstock Para Csikszentmihalyi o estado de Flow é uma “experiência autotélica” e autossuficiente que nos faz ir além e nos concentrarmos profundamente ao fazer aquilo que gostamos

O conceito de flow é muito especial para a Psicologia Posi­tiva e, por conseguinte, para o Coaching Positivo. Mais que um conceito, o flow pode ser praticado se você identificar as práticas que te levam à ele. E, se inconscientemente temos prazer máxi­mo estando em flow, uma vez conscientes de sua existência, temos mais possibilidade de aproveitar ao máximo esse estado ótimo.

Todo ser humano tem um potencial infinito a ser desvendado e desenvolvido. Cada um de nós carrega capacidades, habilidades, experiências, conhecimentos e determinados tipos de inteligências que nos diferenciam, que nos proporcionam realizar variadas atividades e alcançar múltiplas conquistas.

Nessa convergência entre ciências, a que chamamos aqui de Coaching Positivo agrega-se, entre os diversos métodos e ferramentas que possibilitam a realização de sessões ainda mais poderosas e efetivas, o flow.

Csikszentmihalyi e a Origem do Flow

Mihaly Csikszentmihalyi (1998) é o primeiro e grande pesquisador do flow. Seu trabalho inicial consistiu na observação de artistas durante a execução de suas obras. Embora esse não fosse o foco inicial de sua pesquisa, no período de observação ele percebeu que “os artistas ficavam completamente envolvidos, concentra­dos e absortos enquanto estavam pintando ou esculpindo. Eles pareciam estar em transe; se esqueciam da fome, da fadiga, do tempo e das obrigações sociais” (Kamei, 2014, p. 41).

A interpretação de Csikszentmihalyi sobre o fenômeno não estava em consonância com as correntes da Psicologia que es­tavam em voga na época, mas encontrou respaldo na psicologia humanista que aparecia no cenário científico, especificamente em Maslow, que distinguia dois tipos de comportamento criativo: orientado para o produto e para o processo.

Para Csikszentmi­halyi a sensação de prazer e a motivação no trabalho dos artistas não estavam no resultado final, na obra de arte pronta – uma vez que estando a obra pronta toda a motivação se dissipava – mas no processo artístico em si.

Essas primeiras interpretações levaram o pesquisador a denominar esse fenômeno de “experiência autotélica” que dizia respeito à “atividade autossuficiente, realizada sem a expectativa de algum benefício futuro, mas simplesmente porque realizá-la é a própria recompensa” (Csikszentmihalyi, 1992 apud Kamei, 2014, p. 45).

Pouco tempo depois, com novos artigos do pesquisador, o conceito de “experiência autotélica” foi se transformando na teoria do flow, que passou a ganhar corpo conforme despertava o interesse dos acadêmicos e conforme o conceito foi se difundindo por outros campos do saber, como a Sociologia, a Educação, a Antropologia Cultural (especificamente nos estudos de ritos religiosos e nas Artes).

Flow é, então, essa experiência ótima, em que atuamos em um nível de concentração tão profundo que a perspectiva de tem­po se altera, a ordem das preocupações cotidianas é alterada, e só aquele momento passa a fazer sentido. A sensação desse estado de absorção é tão prazerosa, que esses momentos passam a ser gravados na nossa memória, como referência de como “a vida de­veria ser”.

Elder Kamei, o mais importante pesquisador do estado de flow, no Brasil, e que lançou o livro “Flow e Psicologia Positiva” pela Editora IBC, afirma que a experiência do flow é “um fim em si mesma”, ou seja, não necessita de recompensas exter­nas. Isso porque é uma experiência subjetiva em que apenas o in­divíduo que a vivencia importa. “Cessam-se todas as ruminações mentais, principalmente as negativas, e o indivíduo temporaria­mente esquece todos os seus problemas e preocupações do dia a dia, como trabalho, estudo e contas a pagar” (Kamei, 2014, p. 177).