Querida pessoa, já aconteceu de estar em uma reunião importante e, de repente, sentir que todos ali falavam uma língua estrangeira, mesmo estando no Brasil? Ou pior, percebeu que ao explicar uma ideia, o outro fez uma expressão de dúvida, mas concordou apenas por educação? Isso é muito mais comum do que imaginamos no universo corporativo.
A comunicação é a base de qualquer relação humana e profissional de sucesso. No entanto, muitas vezes criamos barreiras invisíveis ao utilizarmos o famoso “corporativês” ou as gírias profissionais em excesso. Hoje convido cada ser de luz a refletir sobre como nos expressamos e como podemos tornar a nossa mensagem mais clara, empática e assertiva.
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O Que São Gírias e Jargões Profissionais?
Antes de falarmos sobre o bom senso, precisamos entender o que estamos dizendo. No mundo dos negócios, é natural surgirem termos específicos para definir processos, ferramentas ou situações.
O jargão profissional é um conjunto de palavras e expressões técnicas usadas por grupos específicos, como médicos, advogados, profissionais de marketing ou de tecnologia. Ele serve, em teoria, para agilizar a comunicação entre pares que detêm o mesmo conhecimento técnico. É uma linguagem que economiza tempo quando ambos os lados dominam o código.
Já a gíria profissional muitas vezes acaba se misturando com esses termos técnicos, transformando-se em vícios de linguagem ou em uma tentativa de demonstrar pertencimento a um grupo. Expressões como “dar um up”, “ficar no radar” ou “chamar na chincha” acabam entrando no vocabulário diário.
O problema não é a palavra em si, mas o contexto e a intenção por trás dela. A comunicação só acontece de verdade quando a mensagem que sai do emissor é compreendida perfeitamente pelo receptor. Se houver ruído, não houve comunicação, houve apenas barulho.
A Necessidade de Pertencimento
Usar a linguagem da sua “tribo” corporativa gera conexão e rapport imediato. Mostra que o indivíduo entende do assunto e faz parte daquele ecossistema. Porém, quando trazemos essa linguagem para quem é de fora, o efeito é o oposto: geramos exclusão.
Imagine um médico explicando um diagnóstico complexo para um paciente usando apenas termos técnicos. O paciente sairá do consultório assustado e sem saber o que fazer. O mesmo acontece quando um gestor fala com sua equipe ou com um cliente usando termos em inglês desnecessários ou siglas que ninguém conhece.
Os Clássicos do Corporativês
Para ilustrar, vamos lembrar de alguns termos que se espalharam de tal forma que é difícil ouvir uma frase no escritório que não carregue um deles. Talvez alguns sejam familiares:
- Feedback: O retorno sobre um comportamento ou atividade. É uma ferramenta de crescimento fundamental.
- Know-how: O saber como fazer, o conhecimento prático e a experiência adquirida.
- Budget: O orçamento disponível para um projeto.
- Brainstorm: A tempestade de ideias, aquele momento de criar soluções em conjunto.
- Networking: A rede de contatos e conexões profissionais.
- Deadline: O prazo final para entrega de algo.
- ASAP (As Soon As Possible): Assim que possível, urgente.
- Gap: Uma lacuna, um espaço que precisa ser preenchido ou um problema a ser resolvido.
- Turnover: A rotatividade de funcionários na empresa.
Esses termos não são vilões. Eles resumem conceitos. O desafio surge quando construímos frases inteiras baseadas neles, esquecendo que do outro lado existe um ser humano que pode não ter o mesmo dicionário mental que o nosso.
O Exagero que Confunde
Veja só esta frase e tente processar rapidamente: “Vamos reunir o squad para fazer um brainstorm, definir o target da campanha e pegar o feedback do CEO quanto ao budget para garantir o overdelivery.”
Cansativo, não é? A mente precisa fazer um esforço extra para traduzir cada termo. Agora, veja a mesma mensagem com simplicidade: “Vamos reunir a equipe para criar ideias, definir o público-alvo da campanha e pegar a resposta da diretoria sobre o orçamento para entregarmos mais do que o esperado.”
A simplicidade é o mais alto grau de sofisticação. Quando limpamos o excesso, a mensagem chega com força, clareza e verdade.
Aprimorar a forma como nos expressamos é um dos pilares do desenvolvimento humano. Se sente que a sua comunicação precisa ser mais assertiva e influente para alavancar a carreira, convido a conhecer o Professional & Self Coaching (PSC), uma formação que trabalha profundamente as competências de liderança e comunicação.
A Importância do Bom Senso e da Empatia
Ter bom senso na comunicação é um exercício de empatia. É olhar para o outro e se perguntar se aquela pessoa conhece esses termos e se essa é a melhor forma de se fazer entender agora.
Ao lidar com fornecedores, parceiros e clientes, devemos assumir a responsabilidade pela clareza do diálogo. O profissional extraordinário é aquele que consegue explicar o complexo de forma simples. Ele adapta a sua linguagem ao interlocutor, seja ele o presidente da empresa ou um estagiário que acabou de chegar.
Identificando o Nível de Vício em Jargões
Muitas vezes entramos no piloto automático e nem percebemos que estamos falando “outra língua”. O uso excessivo de estrangeirismos, quando temos palavras perfeitas em português, pode soar pedante ou artificial.
Para evoluir, precisamos de autoconsciência. Observe as últimas trocas de e-mail ou mensagens enviadas. Elas estão repletas de siglas e termos em inglês? Se sim, pergunte-se se isso está ajudando ou atrapalhando a fluidez do trabalho.
A comunicação efetiva prega a clareza. Quando alguém se expressa de forma verborrágica demais, usando expressões difíceis apenas para parecer mais inteligente, pode estar, na verdade, mascarando uma insegurança. Quem domina o assunto, simplifica.
O Feedback como Caminho de Evolução
A melhor forma de calibrar o termômetro de jargões é através do feedback. Lembra que falamos dele acima? Pois é, ele é essencial aqui.
Experimente perguntar aos colegas mais próximos ou até mesmo à família se o uso de palavras difíceis é frequente na sua fala. Pergunte: “Dá para entender tudo o que eu falo?”. As respostas podem surpreender e oferecer uma oportunidade valiosa de crescimento.
Avalie o que ouvir e, caso faça sentido para a sua realidade, comece a vigiar a própria fala. Considere substituir o deadline por prazo, o budget por orçamento e a call por reunião ou chamada. Pequenas mudanças podem humanizar as relações e diminuir a distância entre as pessoas.
Dicas Práticas para uma Comunicação Humanizada
Para fechar, quero deixar algumas dicas práticas para aplicar hoje mesmo e elevar o nível da sua comunicação profissional:
- Conheça seu público: Se estiver falando com a diretoria técnica, o jargão pode demonstrar competência. Se estiver falando com clientes de outras áreas, traduza tudo.
- Explique o termo: Se for obrigado a usar uma palavra técnica, explique o significado logo em seguida, de forma natural.
- Observe a linguagem corporal: Se a pessoa franziu a testa ou demorou a responder, reformule a frase imediatamente. O corpo fala e nos dá pistas se a comunicação foi efetiva.
- Valorize o nosso idioma: O português é uma língua rica e belíssima. Use-a a favor da clareza.
Lembre-se sempre de que o objetivo maior é conectar, inspirar e realizar. A gíria profissional deve ser uma ponte para o entendimento, nunca um muro que separa pessoas.
Querida pessoa, desenvolver essas habilidades de comunicação e percepção humana é fundamental para quem deseja assumir posições de liderança e destaque. No Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), temos a missão de despertar o potencial infinito de cada ser humano. Dê o próximo passo na sua evolução profissional e pessoal.

Perguntas Frequentes (FAQ)
Qual a diferença entre gíria e jargão profissional?
O jargão refere-se a termos técnicos específicos de uma profissão, necessários para a precisão do trabalho (como termos médicos ou jurídicos). Já a gíria profissional costuma ser uma linguagem informal, muitas vezes composta por estrangeirismos ou expressões da moda, usada para criar senso de grupo, mas que não é tecnicamente obrigatória.
É errado usar termos em inglês no trabalho?
Não é errado, especialmente em empresas multinacionais ou áreas como tecnologia e marketing onde os termos nascem em inglês. O erro está no exagero e no uso dessas palavras com pessoas que não as compreendem, gerando falhas na comunicação e distanciamento.
Como saber se estou exagerando nos jargões?
A melhor forma é pedir feedback para colegas de confiança e observar a reação dos seus interlocutores. Se perceber olhares de dúvida ou precisar explicar a mesma coisa várias vezes, é um sinal de que a linguagem pode estar complexa demais.
O uso de gírias pode prejudicar minha imagem profissional?
Sim. O uso excessivo ou inadequado pode passar a impressão de falta de profissionalismo, imaturidade ou até arrogância, sugerindo que a pessoa está tentando aparecer em vez de se comunicar. A adequação ao ambiente e ao público é uma competência fundamental de inteligência emocional e marketing pessoal.

