Estamos na era do leader coach, do feedback, pois o período dos chefes despóticos, autoritários, que não davam retorno, está se tornando coisa do passado. Se quando falamos em ditadura a própria ideia de um ditador soa como ofensa aos ouvidos afeitos à democracia, podemos dizer com a mesma convicção que o antigo ideal de chefe que impunha e mandava exclusivamente pelo poder do seu cargo, por sua posição na hierarquia, é algo proscrito, com quase nenhum espaço nos dias de hoje.
Sabemos que o feedback é na sua essência uma prática transversal, que perpassa diferentes ambientes, cargos e posições, fazendo efeitos nos vários níveis com os quais ele entra em contato. Mas não podemos negar que as organizações são estruturas organizadas, com diferentes degraus e em alguns casos com rígidas hierarquias.
A Hierarquia dentro do Feedback
Como proceder, portanto, quando o feedback deve ser feito em pessoas que ocupam diferentes posições hierárquicas? O que fazer quando há críticas a serem feitas ao seu chefe, mas você tem dificuldades em fazê-las porque ele, afinal, é seu chefe? Indiretamente alguns desses tópicos já foram objetos de abordagem por aqui, mas a importância do tema não impede que uma atenção maior seja dada ao assunto.
Debater isso, aliás, é uma questão bem menos incomum do que já foi no passado, já que as empresas estão hoje bastante mais convencidas de que tentar colocar uma pedra sobre esse assunto, fingindo não enxergar os problemas que ele traz, é algo que não contribui em nada para a melhoria das relações que se estabelecem no trabalho.
Podemos começar buscando as respostas para as perguntas logo acima refletindo a respeito da cultura da empresa. E isso porque é a atmosfera de onde essa discussão se dá que faz toda a diferença. Em ambientes fechados, com acessos restritos e uma formatação que desencoraja a prática de feedback, a questão se torna bem mais complicada.
Em situações nas quais se verifica o oposto, entretanto, com uma abertura a conversas e certo estímulo institucional para que as pessoas busquem soluções comuns ao redor de uma mesa, aí, sim, tudo fica mais fácil. Esta é uma hierarquia que ajuda a tornar os feedbacks mais assertivos, pois é onde há espaço para eles.
Comecemos pelo mais fácil, imaginando uma situação na qual haja abertura para que o feedback ocorra. Para esses casos, a possibilidade de que você encontre sinais verdes à medida que vai avançando fará com que seu trajeto seja tranquilo, sem qualquer susto. Mas é certo que isso não necessariamente elimina a possível dificuldade que pode existir em fazer uma crítica a seu chefe, com todas as nuances aí existentes.
Abrindo Espaço para Feedback
Locais onde há uma cultura e hierarquia em que predomina uma abertura para a comunicação livre de impedimentos, com a promoção da conversa franca, facilitam em muito as coisas. E mesmo não eliminando as questões da hierarquia é possível, assim, transpor os limites do elogio para a crítica sem necessariamente criar embaraços para a vida dos envolvidos no feedback.
Mesmo assim algumas cautelas muito bem-vindas podem e devem ser tomadas. A principal delas é sempre entrar na sala do feedback consciente de que não necessariamente as hierarquias existentes na organização foram deixadas de fora. Seja seu interlocutor seu chefe ou seu liderado, ele continuará desempenhando seu papel durante o desenvolvimento da ferramenta e o melhor é que você não se esqueça disso.
Há na praça muitos líderes sábios e bastante abertos à crítica construtiva, mas mesmo que você tenha tido a sorte de seu caminho cruzar com o de algum deles, não convém forçar a barra. É possível, sim, fazer uma crítica sem nenhuma carga de ofensa ou qualquer componente que pareça insubordinação àquele que lhe é hierarquicamente superior.