Você já ouviu falar em liquidez? Essa palavra tão comumente utilizada na área financeira, sobretudo em investimentos, diz respeito à capacidade de algo ser convertido em dinheiro. Por exemplo: se você tem ações de uma empresa e quiser vendê-las, obterá em troca o dinheiro correspondente. Por isso, as ações de uma empresa costumam ter boa liquidez.

No entanto, se você estiver falando da venda de um apartamento, trocar esse imóvel por dinheiro não é tão fácil quanto vender uma ação, concorda? Por isso, diz-se que um imóvel não tem uma liquidez tão alta, pois é um pouco mais difícil converter esse bem em dinheiro. Neste artigo, você vai compreender os conceitos de risco de liquidez e índice de liquidez, descobrindo as quatro possibilidades de cálculo deste último.

Risco de liquidez e índices de liquidez

O risco de liquidez é o que ocorre justamente quando há dificuldade em converter um bem (como um título de investimento, uma mercadoria, um imóvel etc.) em dinheiro. Se você não consegue vender o seu imóvel, está sofrendo com a sua baixa liquidez. Se a empresa em que você investiu não é capaz de honrar as suas obrigações e pagar a você os rendimentos que lhe são devidos, você também está sofrendo com o risco de liquidez desse investimento.

Os índices de liquidez, por sua vez, são fatores que avaliam exatamente a capacidade de uma empresa pagar o que deve aos seus investidores. Quanto maior for esse índice, melhor é a avaliação da empresa quanto a ser uma boa pagadora. Contudo, por mais que esses índices devam ser levados em consideração, eles não são os únicos a se considerar antes de saber onde investir.

Por que é importante avaliar os índices de liquidez das empresas?

Os índices de liquidez são dependentes do ciclo financeiro da empresa, o que inclui a sua gestão de estoques, gestão de pagamentos e recebimentos, decisões estratégicas de financiamento e também de investimento.

Esses índices são empregados com frequência na chamada análise fundamentalista — que avalia a situação financeira, econômica e mercadológica de uma empresa, setor, commodity ou moeda, permitindo que lhe sejam feitas projeções para desempenho futuro.

Os índices de liquidez, portanto, refletem se uma empresa tem credibilidade e comprometimento financeiro junto aos seus credores, demonstrando equilíbrio financeiro.

Como os índices de liquidez podem ser calculados?

O cálculo desses índices é realizado por meio de dados extraídos do próprio balanço patrimonial da instituição, o que reforça a importância de que essas informações estejam sempre bem atualizadas.

Os dados mais utilizados nos índices de liquidez são os ativos e os passivos. Ativos de uma empresa são os seus bens (máquinas, imóveis, móveis, dinheiro em caixa, mercadorias e pagamentos a receber). Já os passivos são as obrigações da empresa, ou seja, as contas que ela tem a pagar a fornecedores e ao governo, por exemplo. Geralmente, consideram-se apenas os ativos e passivos circulantes, isto é, que podem ser convertidos em dinheiro em curto prazo (em não mais do que um ano).

Há quatro tipos de índice de liquidez, que serão apresentados na sequência. Confira!

1. Índice de liquidez corrente

O índice de liquidez corrente indica a capacidade de uma empresa cumprir as suas obrigações financeiras e pagar aquilo que deve em curto prazo, incluindo fornecedores, empréstimos e financiamentos. Ele é considerado muito importante pelos analistas financeiros, pois uma empresa que tem capacidade de pagar o que deve em curto prazo provavelmente apresenta boa saúde financeira, mas o inverso também é verdadeiro.

A fórmula do índice de liquidez corrente é bastante simples: ativo circulante / passivo circulante. Assim, se uma empresa tem um ativo circulante de R$ 12,8 bilhões e o seu passivo circulante é de R$ 8 bilhões, o seu índice de liquidez corrente é de 1,6, o que quer dizer que essa empresa tem 1,6 vezes mais chances de pagar dívidas do que de adquiri-las em curto prazo.

2. Índice de liquidez seca

O índice de liquidez seca é bem parecido com o índice de liquidez corrente. A diferença é que, na liquidez seca, os estoques são excluídos dos ativos circulantes. Segundo os especialistas, esse índice é avaliado como mais rígido, pois, sem os estoques, ele permite avaliar a capacidade de a empresa pagar o que deve com mais especificidade.

A fórmula do índice de liquidez seca é: (ativos circulantes – estoques) / passivo circulante. Assim, se uma empresa tem um ativo circulante de R$ 12,8 bilhões, com R$ 3,8 bilhões referentes a estoques, e o seu passivo circulante é de R$ 8 bilhões, o seu índice de liquidez seca será de 1,12.

3. Índice de liquidez imediata

O índice de liquidez imediata é o índice mais conservador ao avaliar a capacidade de uma empresa pagar o que deve em curto prazo. Nesse caso, não se leva em consideração todo o ativo circulante, mas apenas os disponíveis da empresa (o caixa da empresa, os depósitos bancários à vista, as contas movimento e as aplicações financeiras de liquidez imediata).

A fórmula do índice de liquidez imediata é: disponíveis / passivo circulante. Assim, se uma empresa tem um disponível de R$ 300 milhões, e o seu passivo circulante é de R$ 8 bilhões, o seu índice de liquidez imediata será de 0,03. Considera-se que esse valor tende a variar de acordo com a situação da economia do país e do mercado financeiro.

4. Índice de liquidez geral

O índice de liquidez geral, ao contrário dos demais, avalia a capacidade de pagamento da empresa também em médio e longo prazo. Isso acontece porque ele não leva em consideração apenas os ativos e passivos circulantes, mas também os valores de longo prazo (aqueles cuja estimativa supera o prazo de um ano). Não é um índice muito utilizado, tendo em vista que fornece uma avaliação de longo prazo.

A fórmula do índice de liquidez geral é: (ativo circulante + realizável em longo prazo) / (passivo circulante + exigível em longo prazo). Assim, se uma empresa tem ativos que totalizam R$ 2,2 bilhões (incluindo o realizável em longo prazo) e passivos que totalizam R$ 725 milhões (incluindo o exigível em longo prazo), terá uma liquidez geral no valor de 3.

Como interpretar corretamente esses índices?

Em geral, considera-se que quando uma empresa tem índices de liquidez superiores a 1, ela tem folga para pagar o que deve. Se esse índice for igual a 1, o que ela tem disponível empata com o que ela tem a pagar. Já se o valor for inferior a 1, é sinal de que essa empresa não teria recursos suficientes para pagar tudo aquilo que deve em curto prazo.

O conhecimento acerca dos índices de liquidez das instituições permite mensurar a sua capacidade de pagamentos, analisar o crédito da instituição, avaliar a sua situação financeira, embasar o planejamento financeiro da organização e comparar diferentes empresas em sua capacidade de pagamento. É um conhecimento importante, por exemplo, ao escolher em quais empresas investir na bolsa de valores.

No entanto, é necessário ressaltar que a utilização isolada desses dados pode provocar distorções na avaliação, já que a capacidade de pagamento de uma empresa é apenas um dos vários fatores que compõem a sua situação financeira.

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