A Lei do Desprendimento, descrita pelo médico e referência mundial em cura quântica, Deepak Chopra parece, de início, contraditória. O pensador indiano nos fala que para adquirirmos qualquer coisa no Universo físico temos de renunciar a nossa ligação a ela. Como isso pode ser possível? Como tenho que renunciar para conseguir? Costumo listar esta como uma lei espiritual do sucesso, dado o efeito que ela tem de nos deixar prontos para as conquistas que a vida nos traz.
Compreender essa lei exige de nós acessarmos um ponto importante da consciência universal: o desprendimento. O desprendimento constitui uma atitude de muito poder frente à consciência universal. Desprender significa renunciarmos à ligação ao resultado, combinando, ao mesmo tempo, intenção dirigida.
Tudo o que quisermos pode adquirir-se através do desprendimento, já que este se baseia na fé inquestionável, no poder do nosso verdadeiro eu. Desprender-se, como a própria palavra sugere, é não estar preso, é estar livre, liberto. Mas liberto de quê? Isso é subjetivo. Cada um pode ver-se aprisionado por uma coisa ou por outra, mas há coisas das quais, de maneira geral, nós precisamos nos desprender, como do dinheiro.
Vivenciando a Lei do Desprendimento
Sempre digo e defendo que o dinheiro é uma energia importante, é necessário saber lidar com a energia do dinheiro. No entanto, o valor que o dinheiro tem pode criar possibilidades e impossibilidades na vida das pessoas. Sobre essa questão, Deepak Chopra teoriza, vinculando o dinheiro à sensação de segurança que nos prende a ele. Chopra defende que as pessoas estão sempre à procura de segurança, mas será que a busca da segurança constitui uma coisa muito efêmera.
Segundo ele, “mesmo a ligação ao dinheiro constitui um sinal de insegurança. Pode dizer: ‘Quando eu possuir X milhões de dólares estarei seguro. Serei economicamente independente e poderei ser feliz. Nessa altura, hei de fazer tudo àquilo que de fato quero fazer. ’ Mas isso nunca acontece. Aqueles que procuram segurança perdem-na para sempre e nunca a encontram. É uma atitude ilusória e efêmera, pois a segurança nunca pode vir apenas do dinheiro. A ligação ao dinheiro gerará sempre insegurança, independentemente da quantidade de dinheiro que tivermos no banco. Na verdade, algumas das pessoas mais inseguras são as que mais dinheiro têm”.
Se o argumento de prender-nos ao dinheiro pela segurança que ele, de maneira imaginária, proporciona, é falho, logo, a melhor forma de evoluirmos e conseguirmos dinheiro suficiente para nosso conforto é nos desprendermos do vínculo involutivo dessa energia, usando-a com parcimônia.
Ainda usando as palavras de Chopra para tratar do desprendimento da matéria e dos bens de consumo, o autor diz que: “A fonte de riqueza, de abundância ou de qualquer outra coisa do mundo físico encontra-se no eu; é a consciência que sabe como realizar todas as necessidades. Tudo o mais constitui um símbolo: carros, casas, contas bancárias, roupas e aviões. Os símbolos são transitórios; vêm e vão. Procurar obter estes símbolos é o mesmo que preferir o mapa ao território. Provoca ansiedade; acaba por nos fazer sentir ocos e vazios por dentro, porque estamos a trocar o nosso eu pelos símbolos do nosso eu”.
A metáfora que Chopra usa sobre o mapa e o território diz respeito à realidade e à representação dessa realidade, o conhecido e o desconhecido. O desconhecido é o nosso eu, ele é o campo de toda potencialidade do nosso ser. O desprendimento de determinadas energias nos leva, indubitavelmente, para o encontro com esse eu desconhecido. Renunciar à nossa ligação com o conhecido é um passo largo para entrarmos no desconhecido e encontrarmos o campo de todas as possibilidades.
Enquanto não conseguimos nos desprender, tornamo-nos prisioneiros de necessidades mundanas desesperadas, preocupações triviais, desespero passivo, frustrações e tristeza. Coisas que nos levam a uma existência cotidiana medíocre e pobre. Não há evolução nenhuma nessas condições, apenas apego e estagnação, inércia.
De nenhuma forma essa lei se opõe à Lei do Desejo, a ideia segundo a qual devemos perseguir e desejar bastante algo para que consigamos alcançá-lo. Ao contrário. O desejo cria, sim, um campo que conduz até nós, pelo Universo, o objeto desejado. Quando deixamos prender nossa intenção, fechamo-nos num estado de espírito rígido e perdemos a fluidez, a criatividade e a espontaneidade inerentes ao campo.
Quando nos deixamos prender, retiramos do desejo a sua infinita flexibilidade e fluidez, encerrando-o numa moldura fixa, que interfere com todo o processo de criação. O apego àquilo que nos é dado é que cria barreiras para o contínuo crescimento de nossas potencialidades máximas. A incerteza do oculto, do que está dentro, é que nos faz melhores e mais evoluídos, e não a comodidade do que está dado, posto, visível, ao alcance.
A Lei do desprendimento também nos desprende das ideias pré-elaboradas, os modelos formados, canônicos, engessados. Ao praticarmos essa lei nosso espírito fica menos disposto a forçar as soluções para os problemas e isso permite ficarmos atentos às oportunidades, além de infinitamente mais criativos e interessantes. Desprendermo-nos das crenças sabotadoras é sempre um excelente pontapé inicial para que as melhores mudanças cheguem até nós.
Inspire-se e experimente desprender-se também!